terça-feira, outubro 31, 2006

O Evento

Pois é, aproximam-se os grandes dias do vinho português.

O Encontro Com o Vinho e Com os Sabores irá decorrer no dia 4 e 5 de Novembro no Centro de Congressos de Lisboa para o público em geral e no dia 6 só para profissionais.

O horário será das 13 às 21, e terá de ser adquirido um ingresso no valor de 10 euros com oferta de copo de prova.

É um evento organizado pela Revista de Vinhos, e irá contar com cerca de 200 produtores de vinho e de produtos gastronómicos e terá qualquer coisa como 1000 vinhos em prova.

Para quem, como eu, só tiver disponibilidade para ir um dia, sugiro que façam o seguinte roteiro, não muito exaustivo. Não se esqueçam é de cuspir, senão o caldo entorna-se.

Entrem pelas 14, para não pensarem que somos japoneses, pois afinal não é um lançamento dum novo livro do Harry Potter.

14:00 - 15:45 Espumantes e Brancos e Rosés
15:45 - 16:00 Pausa pra trincar qualquer coisa
16:00 - 18:00 Tintos
18:00 - 19:00 Visitar o espaço dos Sabores e voltar a reabastecer a nave
19:00 - 20:00 Portos, Colheitas Tardias, Moscatéis etc... Aqui neste último ponto já não é obrigatório cuspir!


Eu estarei lá no sábado.

sábado, outubro 28, 2006

Alvarinho





Sempre ao longo do rio Minho, desde Melgaço até Monção, são inúmeros os produtores de Alvarinho, a mais nobre casta branca portuguesa. Talvez se as castas tivessem parentescos, esta seria irmã da Touriga Nacional.



Durante este verão, desloquei-me até Melgaço, tendo ficado instalado na nova e excelente Pousada da Juventude, mesmo em frente ao parque desportivo de Melgaço.

Fiquei impressionado com a grandeza de alguns produtores, pois alguns apenas têm uma garagem onde fazem os seus vinhos, mas aquilo que demonstram e aquilo que reflectem é uma enorme paixão e uma enorme entrega à vinha.





Não querendo individualizar nenhuma casa, agradeço a todas elas a enorme e simpática disponibilidade que tiveram para comigo.





Em 2 dias apenas de visita, optei por:



Soalheiro

Touquinheiras


Solar de Serrade

Quinta do Regueiro

Provam

Encostas de Paderne

Casa do Capitão-Mor

Quintas de Melgaço





Vou publicar apenas os vinhos de 2005 que provei.

Mais tarde publicarei 3 ou 4 vinhos de 2004.



As expectativas eram elevadas, e os resultados acabaram por corresponder.

As minhas notas situaram-se entre os 15,5 e os 17 valores, o que demonstra uma qualidade muito boa.



Casa do Capitão-Mor 2005
Boa entrada floral, com malmequeres, aliada a notas de limão, ananás, banana e um toque interessante de bolacha maria.
Na boca o vinho mostra alguma doçura, mas sem ser pesado, pois tem uma acidez alta bem contrabalançada, com um final longo e frutado com notas de rebuçado.
Nota 16


Encostas de Paderne 2005
Entrada algo irreverente, mostrando muita juventude, com notas de laranja, manga, pimenta branca, vegetal e austero.
Na boca, com bom corpo, glicerinado, o vinho mostra-se algo desconcertante, com uma acidez algo elevada, algo enjoativo, querendo-nos dizer que precisa de acalmar em garrafa, pois o perfil é bom, e com certeza que irá melhorar. A nota deveria ser provisória pois de certeza que num espaço de 2/3 meses o resultado seria melhor. No entanto para já atribuo esta nota.
Nota 15,5


Portal do Fidalgo 2005
Boa entrada fumada, com notas de fruta em calda, alguma maçã cozida e um ligeiro vegetal, tudo muito composto e exuberante.
Com um ligeiro adocicado na boca, untuoso e com a acidez comedida, tem um bom peso, não se mostrando muito virado para o verão, mas sim para um bom prato. Tem um final longo, elegante e floral.
Nota 16,5


Quinta do Regueiro 2005
Nariz extremamente elegante e fino, com um bom perfil fumado, alguma bolacha, lima, herbáceo e com boas notas florais, mostrando um nariz limpo e muito convidativo.
Encorpado e equilibrado, com a acidez bem integrada, com forte componente mineral, trazendo frescura com um final seco, com complexidade, de bom nível.
Nota 17


Soalheiro 2005
Mais uma entrada nervosa no nariz, mostrando que ainda terá pouco tempo de garrafa, com um perfil muito próprio, primaveril, com notas de pólen e alguma grafite, e com lembranças de melão.
De acidez bem vincada, ainda que ligeiramente exposta, mas com um corpo untuoso e de bom volume, limonado e muito fresco, permitindo um final seco e vegetal.
Talvez mais uns meses de cave e comece a ficar em perfeito equilíbrio.
Nota 16


Solar de Serrade 2005
Outro com perfil muito seu, com um nariz lembrando torradas com manteiga, pêssego e manga, perfumado e floral, tudo muito equilibrado e com alguma complexidade.
Na boca a acidez está bem presente, embora apareçam ligeiras notas adocicadas, com algum mel e fruta madura, mas permitindo um bom final mineral e elegante.
Nota 16,5


Touquinheiras 2005
A sua exuberância e falta de vergonha impressionam. Perfumado, floral e com notas de limão, laranja, ananás, deixando no ar um aroma de um jardim na primavera.
Na boca, embora expressivo é mais envergonhado que no nariz, com uma boa acidez, estruturado, harmonioso, lembrando ananás e rebuçado, oferece um bom final especiado e perfumado.
Nota 17

terça-feira, outubro 24, 2006

Quinta de Cabriz Colh. Sel. 2003

Este próximo Vinho da Casa é parceiro de muitas mesas portuguesas, principalmente nas mesas do consumidor que gosta de vinho do Dão.

Está à venda em todo o lado e tem um bom preço, para além do Marketing que a Dão Sul impõe! E de Marketing vou começando a perceber qualquer coisa, pois a faculdade até serve para qualquer coisa! Se o Quinta de Cabriz fosse alvo de estudo de mercado, na matriz BCG de certeza que seria uma Cash Cow!

Bem devaneios à parte, pois escrevi apenas a última frase com o intuito que por mero acaso a minha prof de Marketing aqui apareça e me dê boa nota na frequência de ontem :)

Centremo-nos no vinho.

Decidi guardar esta colheita de 2003 por curiosidade para ver como evoluía. E como agora o Quinta de Cabriz passará apenas a chamar-se Cabriz, achei que era uma boa altura para prová-lo.

É um tinto com 13%VOL, com as castas Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto, Tinta Roriz e com estágio em carvalho francês de segundo ano durante 6 meses.

Apresenta uma cor granada de média concentração, com alguns avermelhados de uma ligeira evoluçao quando se roda o copo.

Tem, no nariz uma entrada algo herbácea, com notas de menta e ligeiro fruto vermelho, cerejas e maça vermelha e um fundo mineral interessante. A madeira está presente mas discreta, com pequenas notas de fumo.

Na boca, o vinho mostra-se ainda com alguma frescura, acidez correcta. De realçar as notas de chocolate amargo e fruto vermelho, com um bom corpo, taninos macios, com um final de boca suave mas com umas ligeiras notas ferrosas que acabam por tornar a prova complicada, apesar de a rolha estar em boas condições.

Nota 14
Preço 3 euros

Parabéns Tio Pepe



O Vinho da Casa dá os parabéns à Garrafeira Tio Pepe pelos 20 anos!
É um espaço de referência da cidade do Porto, no que toca a vinhos claro!

Em jeito de comemorações a Tio Pepe, além da pequena festa que fez sexta-feira passada, que se tornou grande, pois as individualidades ligadas ao vinho eram tantas, (David Lopes Ramos, José Silva, Peter Symington, Dirk Niepoort, Luís Seabra, Nick Dellaforce, Jorge Moreira, Anselmo Mendes, entre outros) e os curiosos como eu também compareceram em grande número e que encheu completamente a Garrafeira, vai presentear-nos com uma semana repleta de excelentes provas.

Segunda-feira 23 Outubro - TAYLOR'S
Porto Chip Dry
Porto Tawny 20 Anos
Porto Qta das Vargelas Vintage 2004 ( Novidade )
Prova comentada por Raul Riba d´Ave
e ÁZEO
Vinho Douro Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro Branco 2005
Vinho Douro Rose 2005
Prova comentada pelo Enólogo João Brito e Cunha
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Terça-feira 24 Outubro - SYMINGTON

Vinho Douro Qta de Roriz Reserva 2003
Vinho Douro Prazo de Roriz 2005 ( Novidade )
Porto Qta de Roriz Vintage 2004 ( Novidade )
Porto Qta do Vesúvio Vintage 2004
Porto Dow´s Qta Senhora da Ribeira Vintage 2004
Vinho Douro Post Scriptum Tinto 2005 ( Novidade )
Vinho Douro Chryseia Tinto 2005 ( Novidade )
Prova comentada pelo Enólogo Charles Symington
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Quarta-feira 25 Outubro - NIEPOORT
Vinho Douro TIARA Branco 2005
Vinho Douro VERTENTE Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro REDOMA Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro CHARME Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro BATUTA Tinto 2004 ( Novidade )
Porto NIEPOORT L.B.V. 2001 ( Novidade )
Porto NIEPOORT Colheita 1995
Prova comentada por Dirk Niepoort
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Quinta-feira 26 Outubro - ANSELMO MENDES
Vinho Regional Minho QTA do AMEAL Arinto 2005 ( Novidade )
Vinho Verde ALVARINHO ( Feito com curtimenta) 2005 ( Novidade )
Vinho Verde PASSIONADA ( Doce natural ) Branco 2005 ( Novidade )
Vinho Douro Domingos Alves Sousa ABANDONADO Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Alentejo GROU Tinto 2005 ( Novidade )
Vinho Dão ANSELMO MENDES Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Dão ANSELMO MENDES Tinto 2005 ( Novidade )
Prova comentada pelo Enólogo Anselmo Mendes
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Sexta-feira 27 de Outubro - BAGO DE TOURIGA
Vinho Douro TERROSO Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro MONTEVALLE Branco 2005 ( Novidade )
Vinho Douro MONTEVALLE Reserva Tinto 2002
Vinho Douro GOUVYAS Reserva Branco 2004 ( Novidade )
Vinho Douro GOUVYAS Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro GOUVYAS Vinhas Velhas Tinto 2004 ( Novidade )
Prova comentada por João Roseira e o Enólogo Luís Soares Duarte
e LUÍS SOARES DUARTE
Vinho Douro PERFIL Tinto 2004 ( Novidade )
Vinho Douro MOMENTOS Tinto 2004 ( Novidade )
Prova comentada pelo Enólogo Luís Soares Duarte

Nota: As provas de Vinhos realizam-se todas às 18H00.


Eu estarei com certeza na prova de hoje, terça-feira e na de quarta-feira.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Vega Sicilia

Para os grandes apreciadores, e para aqueles que gostam de provar vinhos míticos aqui do nosso vizinho do lado, informo-vos que a Vinho&Coisas, irá promover uma prova com os seguintes vinhos.


GRANDE PROVA VEGA SICILIA

Local: Wine Center Vinho&Coisas
Hora / Dia: 12.30 h, 21 de Outubro

Vinhos em Prova:
Vega Sicilia Valbuena 2001 - 1999 - 1997 -1996
Vega Sicilia Único 1995 - 1991 - 1990 - 1987

No final da prova, almoço no Degusto, com prova de outros vinhos deste produtor.

Preço/pessoa: 150 euros
Reservas: antonio.nora@vinhoecoisas.pt ou 22-9364362

Mais informações visitem o Site da Vinho&Coisas, aí no link na coluna da direita.

Como calcularão, eu não estarei presente, pois o preço é puxadote, apesar de reconhecer que não é caro. Mas como este ano as propinas são apenas 932 euros...

A aqueles que forem a fantástica prova, gostava que depois contassem a experiência.

Pontual Syrah 2003

Mais um Vinho da Casa, vindo do Alentejo, da Companhia de Vinhos do Alandroal.
Já tinha bebido este vinho em 2005, mas quis guardá-lo mais um anito para ver como se portava com 3 anos.

É um monocasta Syrah, feito pelo conhecido enólogo Paulo Fíuza Nigra, com um estágio de 10 meses em barricas de Carvalho Francês e Americano.

Com 13%Vol. apresenta um cor granada de ligeira concentração, límpida e brilhante com alguns rasgos de vermelho escuro, mostrando uma pequena evolução.

Tem um nariz bem aromático, convidativo e bem directo ao discurso, com alguma frescura e elegância, ao estilo Borgonhês, com um bom equilíbrio entre fruta e madeira, com notas de fruta vermelha fresca( cerejas, ameixas), erva seca, chá verde, chocolate preto e uma presença abaunilhada em grande plano.

Na boca, não muito encorpado, o vinho consegue mostrar tudo o que tem para dar, conseguindo satisfazer o palato, mostrando-se fresco e com alguma complexidade, aveludado, longe de ser cansativo com uma acidez bem integrada, taninos bem domados e com a fruta vermelha e as notas achocolatadas a fazerem um bom par, com alguns torrados, terminando com um final médio/longo especiado e com algum tabaco.

Nota 16,5


Para os adeptos de Syrah, aqui está mais um bom exemplo a cerca de 10 euros.
Em relação à prova de 2005, notei uma pequena melhoria, principalmente na parte aromática, este vinho mostrou-se agora mais exuberante.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Aneto 2003

Vindo da freguesia de Castedo do Douro, o próximo Vinho da Casa é um vinho que deve o seu nome a uma planta que existe na vinha de onde as uvas provieram. A planta é a Aneto, da família das Umbelíferas, aromática e medicinal é considerada erva mágica, sendo mesmo usada para fazer a poção do amor.

Para os fundamentalistas do Terroir, quem nos garantirá que este vinho após o 2º ou 3º gole, não nos trará a paixão à flor da pele, ou mesmo coragem para nos declararmos a aquela pessoa que sempre andámos atrás. No meu caso, a minha estava bem perto, portanto foi difícil distinguir se foram os efeitos do Aneto, se a "normal" paixão que sinto... Bem deixemo-nos de historinhas...

O vinho tem um estágio de 12 meses em carvalho francês, após fermentação em lagares de granito.

Com as castas durienses, Touriga Franca (40%), Tinta Roriz(30%), Touriga Nacional (20%) e Tinto Cão(10%), apresenta 14%vol e uma bonita cor, de boa concentração, quase opaco e com ligeiros toques de púrpura no bordo do copo.

Após decantação, o aroma é cativante, envolvente, com um primeiro impacto químico, floral, madeira encerada,alguns arbustos,urze e rosmaninho. A madeira está presente, mas não em primeiro plano, notando-se ligeiras notas de baunilha.
Aparecem também aqui notas de frutos silvestres, mirtilios, amoras pretas,lembrando aquelas bagas acabadinhas de arrancar da planta, ainda com aquela ligeira camada de pó.

Na boca, o vinho entra com um perfil austero, com grande volume de boca, pedindo-nos pra que o mastiguemos, bem educado, acetinado, com taninos finos e com a acidez bem presente, trazendo uma frescura balsâmica ao vinho. As notas de tabaco, chocolate e o carácter especiado, permitem ao vinho, terminar com um final elegante e de grande comprimento.

Nota 17,5

Um excelente exemplo do Douro de 2003, sem grande excessos de fruta, apesar de ter 14%, é um vinho extremamente elegante e fino.
Aconselha-se a decantação prévia, para deixar o vinho abrir.

domingo, outubro 15, 2006

Graham's The Tawny

O Graham´s The Tawny é um lote especial, proveniente de vários vinhos envelhecidos em cascos nas caves de V.N. deGaia, entre 7 a 9 anos. Acaba por ser como um Tawny Reserva, sem indicação de data de colheita.

É um vinho com uma bonita cor âmbar com nuances de cor de mel, com ligeira lágrima. Apresenta um nariz com alguma complexidade, boas notas iniciais de figo maduro, laranja cristalizada, apelativo e fresco, com toques de café e amêndoa e curiosos aromas de meloa.

Na boca o vinho entra amendoado, não mostrando de ínicio muita doçura, estruturado com a acidez bem integrada. No entanto com o movimento do vinho na boca, o aparecimento de mel, damascos e figos, tudo com uma boa densidade, traz a doçura e o estilo "tawny" à memória outra vez.

Termina bem, com grande suavidade, especidado e nada enjoativo, pedindo apenas para ser servido fresco (12º) com uma boa sobremesa, ou simplesmente uma boa companhia para o disfrutar.

Dentro dos "tawny's" sem data de colheita, é de certeza uma excelente opção, justificando o preço, que anda na casa dos 15 euros.

Nota 17

quarta-feira, outubro 11, 2006

Aliança Clássico 2004


Este Vinho da Casa, feito pelas Caves Aliança na Região das Beiras, está à venda em quase todo o lado e faz dele um "campeão de vendas", apelidando mesmo o próprio produtor como um vinho tradicional. Feito com Tinta Roriz e Touriga Nacional e sem estágio em madeira.
Apresenta 13%vol. e uma cor granada de média concentração.

O nariz é algo envergonhado, com alguns aromas lácteos, a meu ver, a chatearem um pouco a prova, no entanto consegue-se obter algumas notas de violetas, fruta compotada e mesmo alguma grafite.

Na boca o vinho entra como se pedia ao estilo, suave, macio, algo delgado, com a acidez bem colocada, com notas de morangos e algum mel a fazerem um final de boca comedido. Um vinho sem defeitos, mas também sem grandes pretensões. Sinceramente não sou muito adepto deste tipo de vinhos, macios e redondos demais. Se calhar não sou do tempo do "vinho tradicional".
Mas ao preço dele, convenhamos que até se porta bem.

Nota 14

Preço- 2,30 euros

domingo, outubro 08, 2006

Quinta de Soalheiro 1999

Corria o ano de 1999 quando António Esteves Ferreira, decidiu meter qualquer coisa como 1200 litros de Alvarinho em barricas de Carvalho Francês a fermentar…

E assim nasceu o Quinta de Soalheiro 1999


Com 12,5%vol. e em garrafas de 0.5l o vinho apresenta agora em 2006, uma cor amarelo ouro carregada, com nuances alaranjadas.

O nariz é complexo e apelativo, com primeiro impacto de madeira molhada e mineral, pelo menos é assim que o caracterizo, seguido de bastante fruta ainda, com kiwi, maça verde mas também com boa presença vegetal, espargos, ligeiro eucalipto e talo de couve.

Na boca o vinho ainda se apresenta algo fresco, bem gordo, sem cansar, com uma presença mais que agradável da madeira, voltando aquele gosto de madeira molhada e untuoso a perfilar a prova de boca, terminando num final de média duração com alguma fruta.

Nada cansado o vinho, pois a componente aromática está bem viva e recomenda-se.

Nota 16,5


Penso que este pequeno tributo, pode ainda que minimamente ajudar a tentarmos mudar a nossa filosofia. O Alvarinho é uma casta portuguesa de grande potencial de envelhecimento.

Produzidas 2400 garrafas, tendo sido atribuída a mim o curioso nº 13.

Quinta do Judeu 2004

Este próximo vinho da casa, pode ter pelo menos algo que nos une, pois o seu produtor também tem um Blog!

É um vinho de quinta, produzido com Touriga Nacional e Touriga Franca com um estágio de 7 meses em barricas de Carvalho Francês mais 6 meses de estágio em garrafa antes de vir cá para fora para o mercado.

O Quinta do Judeu 2004, com 14%vol. apresenta uma cor violácea brilhante, de boa concentração e muito jovem.
O nariz é marcado por um fundo extremamente balsâmico e perfumado, com boas notas de frutos silvestres, framboesas e amoras pretas, tudo num perfil fresco e alegre, remetendo a madeira para um segundo plano.

Na boca, o vinho apresenta um perfil rústico, com taninos presentes mas afinados, bom volume de boca, permitindo uma boa prova de boca, mantendo um perfil fresco com a acidez bem trabalhada, com um final ligeiramente curto. Melhor no nariz que na boca.
Mas o que está feito, está bem feito.

Nota 15,5

Preço 15 Euros

terça-feira, outubro 03, 2006

Versus 2004

Ora bem, acabou de sair o guia 2007 do João Paulo Martins, em que no capítulo da Beira Interior, ele atribui um 15,5 a este tinto. Há uns meses atrás este vinho tinha sido apresentado pela Blue Wine com a nota de 17,5, e meus amigos, todos saberão que um 17,5 para a Blue Wine é obra! Pois está acima do Chryseia, ao nível do melhor branco português, o Redoma Reserva... enfim acima de muitos grandes vinhos portugueses.

Como tenho 2 garrafas na garrafeira, que comprei após o 17,5 ter sido anunciado, decidi provar o vinho, pois um 15,5 pelo JPM, pode não ser um vinho para grandes aparatos.

É um tinto da Beira Interior como já disse, com as castas mais nobres do Douro, Touriga Nacional, Touriga Franca , Tinta Roriz e Tinta Barroca o que por si só pode levantar alguma curiosidade, pois é terroir é imcomparável.

O vinho tem um fermentação de curtimenta com maceração em cubas de inox, à temperatura de 22ºC. Parte do lote estagiou em cascos de carvalho francês durante 9 meses, resultando num lote com 14º de alcoól.

A cor dele impressiona, opaca, quase preta com grandes rebordos violáceos.
O nariz é austero, com alguma complexidade, fresco, com grande destaque para as notas químicas, florais, mentoladas e algumas ligeiras notas de barrica, tudo muito equilibrado com um fundo de fruto preto de boa qualidade.

A boca confirma a frescura apresentada, com a acidez bem vincada, com um volume enorme, denso, com taninos com T grande, mas em equilibrio com a estrutura do vinho. Nota-se que o vinho foi muito bem trabalhado, com um longo final de fruta preta e ligeiramente seco. Talvez se a madeira estivesse um pouco mais presente poderíamos ter aqui um vinho elegantíssimo e de grande classe, para outros grandes vôos.

Assim ficará pela:

Nota 16,5

Preço 8 euros (5,4 nas feiras de vinho aproveitem)
Produção 23.000 garrafas
Enólogo - Anselmo Mendes e Pedro Bravo Faria.


Post Scriptum
Poderia-se esperar que eu lógicamente avaliasse este vinho com uma nota intermédia, para não levantar pó. Mas, as pessoas que me conhecem, sabem que não sofro de falta de personalidade, nem medo de atribuição de notas, pois até, maior parte dos vinhos que provo ainda não saíram nos guias, ou ainda não tinham saído à data, como foi o caso do Charme 2004 que teve nota 18,5 aqui e no Guia do JPM, por exemplo...
No entanto com este Versus não há volta a dar, anda mesmo, na minha opinião entre o 16 e o 17.