domingo, dezembro 30, 2007

Até 2008!









O Vinho da Casa deseja a todos os leitores um feliz 2008.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Azamor Petit Verdot 2004 e Select Vines 2004

Depois de provado o Azamor 2004, apresento agora os outros dois vinhos que completam a gama dos vinhos de Allison e Luiz Gomez de Vila Viçosa. O primeiro é um varietal de Petit Verdot, com 50% do vinho a estagiar em barricas de Carvalho Francês. É uma casta originário de França que a pouco e pouco vem entrando para os nosso vinhedos. O outro vinho é uma selecção das melhores uvas da colheita de 2004, com o lote de Syrah, Alicante Bouschet, Touriga Franca e Trincadeira a ter estágio de 30% em barricas de Carvalho Francês e Americano.

Azamor Petit Verdot 2004
Com 13,5%Vol e uma bonita cor carmim de boa concentração.
No nariz, o primeiro impacto é claramente distinto, com muita pimenta verde misturado com perfume floral. Com uma frescura nervosa, vão se soltando ao lado de uma tosta ligeira, aromas balsâmicos e algum couro. A fruta está cá presente e por vezes confunde-se com iogurte de frutos silvestres algo incomodativo, que acaba por enjoar um pouco.
Na boca, mostra-se fino e não muito encorpado, com uma frescura notável devido a uma acidez elevada. Chocolate preto, ligeiro vegetal e café trazem suavidade ao palato. Taninos bem redondos. O final acaba por pecar por pouca profundidade, com perfil fresco e mineral, apoiado um pouco ainda pelas notas tostadas da barrica. Um vinho que já se mostra bem redondo para ser bebido, mas que talvez apure ainda melhor em cave.
Nota 16

Azamor Selected Vines 2004
Com 14%Vol apresenta uma cor ruby mais carregada que o P.Verdot.
No nariz, o possível afastamento uma vez mais de terras Alentejanas é rapidamente desmentido. Aqui temos um aroma mais tórrido, austero e expressivo. Cheio de compotas de amoras, ameixas, alguns fumados, pimentão seco e muita especiaria trazem um nariz algo complexo. Alguns químicos e um fundo fresco mentilado mostram que a juventude ainda cá está.
Na boca, encorpado e com uma entrada acetinada, apesar de ter potência e estrutura, está tudo apoiado em alicerces elegantes. Os taninos finos dizem isso mesmo. A acidez é mediana mas chega para suportar, não deixando caír o vinho para grandes enjoos. Um vinho requintado e com alguma Nobreza na forma de se mostrar. Final longo e de boa intensidade, repleto de fruto vermelho, com alguma doçura que o torna bem apetecível. Talvez pareça que se aguente melhor em cave do que o Petit Verdot, devido à sua austeridade, mas provavelmente bebê-lo já é a melhor opção. É que dá muito prazer! Belo vinho.
Nota 17

terça-feira, dezembro 18, 2007

Luz e Sombra

Pedro Abrunhosa, aquando do lançamento do seu novo álbum, lançou dois vinhos em parceria com Dirk Niepoort. Luz é o nome do álbum, Luz é o nome do vinho branco, e como onde há luz também há Sombra, Sombra é o nome do tinto... No entanto, Luz e Sombra são marcas que não puderam ser registadas, portanto os dois vinhos ficaram com o nome original de Rótulo. De realçar os excelentes rótulos, inspirados na capa do álbum do cantor Portuense, mas em vez da pena, aparecem duas lâmpadas, e porque hoje em dia é preciso consciencializar o consumidor, a lampada não é incandescente, é uma lâmpada economizadora! Há quem pense em tudo...

Luz 2006
Sobre o Luz, foram seleccionadas algumas barricas dos lotes de 2006 que estavam destinadas ao Redoma e ao Redoma Reserva. Ambos os vinhos, são feitos exactamente da mesma forma, embora Luís Seabra e Dirk já saibam quais são as vinhas que têm potencial para Redoma Reserva... As que estavam na dúvida, parece que foram para o Luz. É portanto um vinho com tiques de Redoma Reserva e com alma de Redoma.
No nariz nota-se um corte aromático de boa classe, com notas de fruto branco, flores e bolacha. Com a madeira a dar algum suporte, com uma tosta presente. O perfil é fresco e com fundo mineral, não muito exuberante, mas sério e elegante. A madeira está um pouco presente, mas não perturba.
Na boca, tem uma entrada bem genuína, com bom corpo e untuoso. Bastante mais equilibrado o binómio vinho/madeira, com fruto maduro em boa dose, amendoado e alguns citrinos refrescantes. É um branco com bastante largura de boca, perfumado, harmonioso e cheio de classe. Fresco e profundo, impera o equlíbrio. O final de boca, mineral e citrino, com alguma mineralidade, é longo e persistente. Está pronto para ser bebido, no meu entender com mais garra que o Redoma 2006 branco, e mais prontinho que o Redoma Reserva 2006, que quando o provei ainda estava a precisar de se compôr.
Nota 17

Sombra 2005
O Sombra foi feito um pouco ao estilo do ícone Charme. Esse facto nota-se logo na cor, pouco concentrado, brilhante e que rapidamente nos faz apontar atenções para um vinho mais delicado.
No nariz, a subtileza dos aromas acorda-nos logo, nada de bombas de fruta, de exuberâncias extremas... Antes fruto vermelho delicado, notas de café, erva seca, chocolate e um ligeiro aroma a couro. Bem delineado pela madeira, ao estilo Charme. Envolvente e complexo, dá de vez em quando umas lufadas de frescura, com mineralidade e ligeiro vegetal.
Na boca, suave e requintado, com toque da barrica de grande nível, fruto discreto, a frescura está presente com uma boa acidez. Corpo ligeiro com taninos sedosos. Nota-se que lhe falta a classe das vinhas velhas do Charme, pois a profundidade apesar de ser grande, não é assombrosa. Final complexo e delicado, apoiado em boas notas tostadas e especiarias.
Um vinho a mostrar que o Douro não caminha todo na mesma direcção.
Nota 17,5

Em suma, o álbum do Pedro Abrunhosa foi brindado com dois belos vinhos, embora eu tenha uma ligeira preferência no Sombra.

terça-feira, dezembro 11, 2007

DFJ Alvarinho&Chardonnay 2006

Voltando à empresa DFJ, desta vez provando um vinho branco da Estremadura. É um lote não muito típico, talvez único no país, misturando 50% de Alvarinho e 50% de Chardonnay.

Com 13%Vol apresenta uma cor amarelo esverdeado, brilhante e de boa intensidade.
No nariz, mostra-se no início muito fechado e pouco falador. Fresco e citrino, com algumas notas de raspas de lima e ananás e com um lado vegetal interessante. Com alguma oxigenação no copo, o Chardonnay parece querer-se mostrar com alguns aromas de mel, especiarias muito ligeiras e chocolate branco.

Na boca, muito incisivo e com bom corpo. Atraente nas notas frutadas e com alguma untuosidade. Ganha claramente com o tempo de prova, mostrando-se cada vez mais generoso e perfumado. Acidez mediana, mas sem prejudicar, pois o toque ligeiramente doce dá-lhe piada e é sustentado pelo bom equilíbrio do conjunto. Final com algum vegetal, harmonioso e com alguma classe. Um lote muito curioso e que resulta num bom vinho, capaz de surpreender e dar prazer. Se for decantado, o sucesso é garantido! Excelente preço para a qualidade.

Nota 16
Preço 5,40 euros

terça-feira, dezembro 04, 2007

Cortes de Cima

As Cortes de Cima, sempre apostaram em fazer vinhos monovarietais de qualidade. O ícone máximo será o mais que conhecido Incógnito, feito com 100% de Syrah. Dentro de um patamar bem mais acessível, 10/15 euros podemos encontrar bons exemplares de varietais deste produtor.
Provei o Aragonês 2003, o Trincadeira 2004 e o Syrah 2004.

Cortes de Cima Aragonês 2003
100% Aragonês e com estágio de 9 meses em Carvalho Americano (75%) e Francês (25%).
No nariz, com um impacto muito alegre, de perfil floral e bem maduro, mostra boas notas de flor de laranjeira, cereja, ameixa, alcatrão e um toque envernizado. Boas notas secundárias, com torrefação, leite creme e muita especiaria lembrando cravinho. Está bem fino no aroma, e denota classe.
Na boca, suave e amaciado na entrada, carregado de fruto maduro. De bom porte, mas até com alguma elegência no palato, não tão pesado como se esperava, graças a uma acidez até algo espigada. A madeira ainda está cá para dar prazer, com fumados e uma aragem torrada que volta a aquecer o vinho. Taninos já bem redondos e sem vértices. Final de boa intensidade, com fruto vermelho e especiado, mas com um ligeiro toque alcoólico. O estilo Cortes de Cima está cá e dá prazer. O vinho é que parece que não terá grande margem para evolução. Para mim, está no momento para ser bebido.
Nota 16
Produção 10.900 garrafas


Cortes de Cima Syrah 2004
Exclusivamente com Syrah, estagia 7 meses em barrica Americanas e Francesas.
No nariz, com um estilo bem austero e a precisar de atenção, mostra-se muito requintado com boas notas da madeira, chocolate preto, alcatrão e muito fruto preto. Com um aroma a fugir claramente para um Syrah bem maduro, extraído, complexo e com boa componente balsâmica. As especiarias voltam a marcar pontos, num tom envolvente e com classe. Um aroma distinto e digno de um grande vinho.
Na boca, guloso e extremamente atractivo, volta a mostrar boa dose de fruto, amoras e ameixa preta madura. Couro, chocolate preto e especiarias explodem no palato. Acidez equilibrada a trazer harmonia ao conjunto, sem deixar caír o vinho para doçuras extremas. Os taninos são finos e de grande nível, dão músculo ao vinho. Prazenteiro e apetitoso, bebe-se com muita alegria, sempre com a fruta e a especiarias lado a lado. Final surpreendente, longo e profundo, ligeiramente seco, com pimenta da Jamaica e notas tostadas a imperar. Um belo Syrah, expressivo e perfumado e com o álcool bem controlado apesar de ser elevado( 14,5%Vol.). Se este Syrah está assim, o que esperar do Incógnito desta colheita!
Nota 17
Produção 51.450 garrafas

Cortes de Cima Trincadeira 2004
Apenas com Trincadeira, estagia 9 meses em barricas de carvalho Francês.
No nariz, intenso e ainda algo fechado, solta muitas notas vegetais quentes, erva seca, casca de árvore. Com o tempo no copo, nota-se uma vez mais um perfil austero e com complexidade, a mostrar fruto vermelho maduro aos poucos. Tostados da madeira, fumo e ervas aromáticas embelezam o aroma, quase lembrando alecrim.
Na boca, não tão fechado como no nariz, mostra uma entrada sedosa, com taninos finos. Acidez média com uma boa dose do doçura no palato, cheio de chocolate, vegetal e fruto vermelho maduro, cerejas e framboesas. A suavidade no palato já vem sendo característico nesta casa, apesar da boa estrutura que sempre apresenta. Final longo e persistente as notas tostadas. Não há grandes pontas espigadas, apenas harmonia e classe, o que faz com que sejam vinhos com identidade, mas muito bebíveis e sempre capazes de dar prazer. Este é um vinho que ainda melhorará em garrafa, quer para o aroma se compor, quer para as notas vegetais acalmarem um pouco.
Nota 16,5
Produção 17.697 garrafas


3 varietais de bom nível, com o Aragonês a precisar de ser bebido, o Syrah no meio termo, pois já dá muito prazer e com o Trincadeira a pedir tempo! Muito bem!