quinta-feira, março 20, 2008

Torre do Frade

Junto a Monforte, nasce mais um novo produtor Alentejano. Tem apenas 2hectares de vinha, de Aragonês, Alicante Bouschet e Trincadeira. É um projecto familiar, não se ficando apenas limitado à produção de vinho. A sociedade agrícola conta com 2500 hectares nos concelhos de Monforte, Elvas e Fronteira, produz também beterraba, cortiça, cereais, gado, porco preto e azeite. O enólogo que apadrinha o Torre do Frade é Paulo Laureano. O Vinho da Casa tem o prazer de apresentar os dois Reservas para já produzidos.

Torre do Frade Reserva 2004
Feito com as 3 castas acima descritas, é fermentado em inox, com estágio durante 10 meses em barricas novas de carvalho francês.
Com 15%Vol mostra uma cor granada, quase preta, de grande concentração.
No nariz, muito austero e generoso nos aromas. Tomilho seco, menta, grafite e fumo tapam a boa fruta, que aparece com o tempo. Claramente marcado pelos aromas mais quentes e provenientes da madeira, só com algum arejamento se nota alguma elegância. Notas vegetais e de fruto preto dão alguma alegria ao conjunto, mas sempre apoiado pela tosta da madeira. Pena o álcool se notar um pouco.
Na boca, violento e corpulento, mostra energia para dar e vender. Apesar de se mostrar muito denso e cheio de fruto preto, o vinho tem um perfil sedoso e delicado. Bruto e capaz de agradar a muitos provadores, é uma autêntica bomba frutada e torrada, que no final de boca nos recompensa por lhe termos dado atenção. Taninos de luxo como se previa, acidez média mas capaz de suportar este peso todo. Final muito longo, mineral e refrescante nas notas de café fresco. Um vinho muito curioso, bruto e guloso, fresco e mineral. Parece que algo não bate certo, pois as sensações são contraditórias. É portanto, sem dúvida, um vinho muito complexo. Muito bem.
Nota 17
Produção 7849 garrafas

Torre do Frade Reserva 2005
As castas são as mesmas, mas o tempo de estágio sobe para 14 meses em barricas novas.
Com 14% e uma cor granada muito escura, com alguns laivos violetas brilhantes.
No nariz, mostra como no 2004, um perfil muito austero e sério, mais mineral. Fruto em grande fartura, algumas especiarias, menos complexo, mas ainda assim capaz de nos obrigar a perder tempo a prova-lo. A madeira está bem presente e vincada, com notas de tabaco e baunilha. Não tem tanta exuberância, está mais afinado mas perde em complexidade e profundidade nos aromas.
Na boca, mais elegante e firmemente frutado. Vigoroso e muito afinado, os taninos não se notam tanto neste 2005 como no 2004, com a acidez média muito bem colocada. Cheio de classe, sedoso e muito guloso. Parece mais pronto para ser bebido, não tão robusto e complexo, mas muito mais afinado e com um final muito longo, com notas de pimenta, tabaco e xisto. Embora perca em complexidade, ganha em elegância, fineza e classe e é mais controlado no álcool.
Nota 17
Produção 12557 garrafas

Embora a classificação seja a mesma, prefiro o 2005. Ambos aparentam ter bom potencial de guarda.


Preço - No produtor por cerca de 22 euros.

segunda-feira, março 10, 2008

Lima Mayer 2005

Depois de provado o Subsídio, apresento agora o Lima Mayer 2005, que acaba de chegar ao mercado. É o topo de gama do produtor do Alentejo, Thomaz de Lima Mayer, com o apoio enológico de Rui Reguinga. Com Syrah, Aragonês, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Alicante Bouschet, estagia por 12 meses em barricas de carvalho francês.

Com 14%Vol apresenta uma cor rubi brilhante, de grande concentração.
No nariz, mostra-se um pouco fechado, mas com austeridade e um perfil sério. Fruto vermelho, algum caramelo com uma componente floral muito refrescante. Lembra quase uma mão cheia de alfazema fresca. A tosta da madeira equilibra na dose certa.

Na boca, muito limpo e fresco, mostra uma boa estrutura, com alguma energia e vigor. Os taninos finos misturam-se com o fruto e com um perfil fumado. A acidez media/alta suporta este corpo, fugindo aos pergaminhos desta região, nota-se frescura e intensidade aromática de bom nível no palato. Final ligeiramente seco e tostado, onde a madeira até agora esteve sempre muito discreta, resolve no final de boca mostrar-se. Com o tempo, obviamente estas arestas desaparecem e o vinho tornarse-á ainda mais equilibrado e bastante prazenteiro.
Curiosamente, embora o planeta esteja cada vez mais quente, o perfil dos vinhos do Alentejo está-se a mostrar cada vez mais fresco... E ainda bem!

Nota 16
Preço 13 euros


PS - o blog Vinho da Casa acaba de ter 50.000 visitantes únicos, para além das 87.500 visitas.