quinta-feira, maio 29, 2008

Azamor 2005

De Vila Viçosa chegam novidades. Depois dos bons momentos que os Azamor 2004 proporcionaram a quem os provou, chegam agora os vinhos resultantes da colheita 2005. A receita continua a mesma. Um Azamor, um Azamor 100% Petit Verdot e um Azamor Selected Vines.

Azamor 2005
No nariz, muito limpo e aberto, mostra aromas de fruto silvestre e algumas flores. A presença de Touriga Nacional é evidente, num perfil bem maduro desta casta. Compotado e com algumas notas tostadas da madeira. Com um perfil aromático de bom nível, com uma frescura que nos remete para uma comparação com a colheita de 2003, ao invés do 2004.
Na boca, com corpo médio, está muito elegante e com taninos bem macios. Algumas notas fumadas aparecem, assim como compotas de frutos pretos. Acidez refrescante, que surpreende e dá alegria ao vinho. Final de boca persistente e convidativo, com o fruto guloso a marcar.
Continua a ser uma excelente aposta, mantendo a qualidade ano após ano, ainda que com diferenças de estilo. Um refúgio para um bom Alentejano a um preço sensato.
Nota 16
Preço 7,5 euros

Azamor Selected Vines 2005
No nariz, austero e com aromas muito intensos de bons aromas vegetais, muita erva aromática. A fruta, delicada e em boa dose, mistura-se com boas notas tostadas da barrica. Muito envolvente e sedutor, com belo nível de complexidade.
Na boca, com um corpo muito redondo, com a acidez mediana, acaba por tornar o vinho muito guloso. Consegue, graças a boas notas de menta e mesmo de tons químicos, ter uma passagem de boca fresca e elegante. Final de boca longo com intensas notas de madeira e de chocolate preto.
Um vinho sério, muito prazenteiro, algo guloso, mas sem enjoar. Muito bem.
Nota 17
Preço 18 euros

Azamor Petit Verdot 2005
No nariz, muito fino e elegante. Fruto delicado, boas notas tostadas, é o aroma mais elegante e complexo, dos vinhos que provei desta casa. Apesar de ser só de uma casta, o copo vai soltando uma complexidade de grande nível. Muita especiaria no aroma e fruto silvestre, num fundo fresco e mineral. Sedutor e profundo.
Na boca, com muito vigor, mostra força e garra. Envolvido em notas tostadas e cremosas da barrica, volta a trazer a elegância ao de cima. Com uma acidez elevada e taninos ligeiramente secos, fazem crer que precisa de mais algum tempo para se compôr. Final de boca muito longo, balsâmico e com muitas notas de fruto preto com uma certa mineralidade refrescante. Um vinho muito persuasivo, que desde o primeiro momento nos faz apaixonar por ele.
Nota 17,5
Preço 20 euros


Além dos novos 2005, tive oportunidade de provar aquele que passará a ser o ícone da marca, o topo de gama. Ikon D'Azamor nasceu de um cuidado extremo na vinha e na vinificação. Apanhadas as uvas manualmente, e por ordem de maturações, primeiro o Alicante Bouschet (55%), depois a Syrah(35%) e por fim a Touriga Franca(10%). Estagia 16 meses em barricas de Carvalho Francês e Americano.

Ikon D'Azamor 2004
No nariz, o impacto é muito violento, com muitas notas de extracção exagerada. Alcatrão, muita borracha, tabaco e fruto muito maduro. Muito generoso, outra vez especiado e com muito cacau, com notas de madeira bastante presentes. Aparece algum aroma mais clássico, como couro e um tom herbáceo.
Na boca, o estilo "puxado" confirma-se. Muito encorpado, muita extracção e alguma dose de fruta madura a mais. Foge um pouco ao estilo Azamor, onde a elegância parece ter sido deixada de parte. Tenta impressionar, mas acaba por ter um comportamento bruto e guloso demais. Os taninos muito maduros e finos, a boa acidez e o final de boca muito longo acabam por trazer alguma vida ao vinho, mostrando que não é só extração que por aqui há. Há boa matéria prima, boa profundidade e intensidade de aromas. Ainda assim, o preço não me parece justificado. Guarde-se, pode ser que se saia daqui um grande vinho. Para já, é muito cedo.
Fez me por vezes lembrar um Cortes de Cima Reserva. As palavras Novo Mundo perseguiram-me durante toda a prova.
Nota 17
Preço 59 euros

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