segunda-feira, junho 23, 2008

Inauguração do Wine Bar do Cafeína Fooding House

Finalmente vai chegar à Foz um WineBar!


Vasco Mourão, proprietário dos mediáticos restaurantes Cafeína e Terra da Rua do Padrão, decidiu alargar o conceito de Fooding da sua loja Gourmet Fooding House.
A loja, que originalmente era quase exclusivamente um espaço de produtos gourmet, começou a ser invadida pelo vinho.


Agora, com um piso inferior totalmente renovado, abre portas a um WineBar.
Dia 4 de Julho, sexta-feira é já a festa de inauguração.


Eu vou lá estar... e a trabalhar! Vou ser o responsável pelo aconselhamento de vinhos e conduzirei todas os fim-de-semanas, provas temáticas, apresentações de vinhos, pequenas formações, sempre com produtores, enólogos e outros enófilos presentes!


Vinhos, tapas, música, conversa... Fooding!


segunda-feira, junho 16, 2008

Herdade da Malhadinha


Estive num destes fim-de-semanas de Primavera, infelizmente bastante chuvoso, na Herdade da Malhadinha Nova. Este é um dos produtores do Alentejo que sigo com bastante atenção e já quase há dois anos que tencionava pisar o terroir da Malhadinha. Definir a Herdade da Malhadinha numa única palavra é muito difícil. Arrisco o termo Novo-Mundo. Para quem vê o Travel Channel, ou para quem já visitou produtores na Austrália, Estados Unidos facilmente perceberá porquê.


Passsei 2 dias sempre com o sol dentro de mim, ainda que São Pedro teimasse em não dar espaço a um único raio de sol. A família Soares irradia felicidade e alegria. Ainda hoje me recordo de ver o Pequeno João a pedir ao pai para conduzir a empilhadora, com um sorriso de criança estampado na cara.

O Country House, moderno e novíssimo espaço de alojamento turístico rapidamente conquistou a imprensa, facto que é merecido. (Foi chave de Ouro na mais recente dição do BoaCamaBoaMesa do Expresso). A casa é um mix de ruralidade e vanguarda. Todos os quartos são mobilados com peças antigas, com roupeiros toscamente pintados de cores básicas. O chão é de tijoleira clássica, mas aquecida. A cama é nada mais nada menos igual às camas do grupo Sheraton, tamanho XXL e ultraconfortáveis. O pequeno almoço, imperial e cheio de pormenores deliciosos.

Aqui, é possível fazer todo e qualquer tipo de actividade, o céu é o limite. Como é normal cada desejo tem o seu preço, desde a simples prova de vinhos ao excêntrico passeio de balão. Voltando uma vez mais ao jeito tosco e delicioso da Herdade, ao ver uma Renault 4L ao fundo, perguntei se podiamos dar uma voltinha nela para voltar aos tempos em que a minha mãe me levava à estação de comboio naquele fantástico bólide. A resposta da Rita foi qualquer coisa assim:
"Claro que sim! Ainda há uns tempos, tivémos aqui um grupo de pessoas citadinas, que pensavam que vinham para aqui sem sujar os sapatos, eu meti-as na 4L e eles adoraram!"


Quanto ao restaurante da Herdade, liderado pelo jovem Chef Artur Carneiro que trabalhou 4 anos com Aime Barroyer no Valle Flor. A cozinha tem duas vertentes. Tradicional alentejana, com cuidado na apresentação e primor na escolha da matéria prima, funcionando melhor para o almoço. Para o jantar, e com a luz a meio gás, é inevitável a viagem ao mundo mágico de qualquer Chef, ou como está em voga se dizer, ao mundo da Cozinha Gourmet. Comi ao jantar, porque a palavra é mesmo essa, a melhor carne de vaca da minha vida. Tenra e com um sabor único. Estou disposto a encontrar uma melhor. A marca do Novilho é Malhadinha, 100% Alentejana que pasta nas encostas da Herdade. Os preços dos vinhos no restaurante são iguais aos PVP's. É possível beber um Malhadinha 2006 tinto por 29 euros. Foi-me dito, e as garrafas já estavam a chegar, que a carta vai ter nomes de peso como Chateau Margaux, Cheval Blanc, Mouton Rothschild...


A adega, moderna e arejada tem um processo de vinificação por gravidade, onde as uvas são descarregadas na parte de cima, sendo depois desengaçadas, fermentadas todas em grande cubas de inox, indo depois, dependendo do que se queira fazer para barricas. Provei os lotes de tinto de 2007, todos vinificados em separado. (à boa maneira Novo-Mundo) Ficaram-me na memória a nobreza e distinta força do Alicante Bouschet, caixinha de surpresas do Syrah, muito complexo e com o aroma a mudar a cada volta que o vinho dava no copo. Lembro ainda um excelente Aragonez, com garra, muito fino e notas muito curiosas de banana.

A Malhadinha merece uma visita atenta e se possível na presença de toda a família. Com eles, o fim de semana é certamente energético e bem capaz de carregar baterias para muitas semanas de lixo urbano. A eles, agradeço o facto de ainda ter bastante combustível para enfrentar a vida dura da cidade. Foi um fim de semana fantástico.

PS - Em breve publico as notas de prova dos novos vinhos da Malhadinha

Anima L5

Depois do sucesso que foi o Anima L4, o seu sucessor, o L5 que representa a ano da colheita, tinha uma grande responsabilidade. Ainda por cima 2005 foi um ano mais equilibrado no geral, menos excessivo e que tem originado vinhos muito interessantes.
A história deste vinho nasce da paixão do produtor, José da Mota Capitão, pela casta italina Sangiovese. Essa paixão levou-o a plantar nos solos tórridos do Torrão, paredes meias com o Alentejo esta casta.

Com 14%Vol mostra um cor rubi avermelhada, com pouca concentração.
No nariz, o aroma distinto e sedutor é impossível de resistir. Especiarias, algum couro novo, aromas exóticos e madeira encerada. Fruta muito nobre e na quantidade certa. A tosta da barrica mostra-se muito elegante. Este nariz, embora não tão complexo como o L4, é soberbo e é uma autêntica flecha ao coração. Se se pudesse metaforizar, este aroma é como uma linda mulher latina, vestida por Yves Saint Laurent, que recentemente nos abandonou.

Na boca, o vinho mostra-se uma vez mais bastante delicado e com alguma cremosidade. Embora tenha ainda alguns taninos presentes, a harmonia não se perde. Mostra-se com muita garra e com uma acidez muito equilibrada. Algum vegetal mesclado na tosta fresca da barrica e da cereja. Final longo e ligeiramente seco. Está um vinho sério, que dá mostras de evoluír muito em garrafa. Menos quente que o seu antecessor, menos aberto e menos pronto para beber. Dá muito mais prazer provar este L5, pela sua personalidade, mas o L4 é um mimo para se beber. Beba-se o L4 e guarde-se o L5. Vai ser um grande vinho. Esta segunda colheita é a confirmação de uma certeza. Já vos disse que estas vinhas foram plantadas só em 2002?

Nota 17,5
Preço 25 Euros

quarta-feira, junho 11, 2008

Viva Portugal


Ontem, dia de Portugal, tive um dos dias mais perfeitos da minha vida. Não tenho capacidade de tecer grandes textos ou poesias para descrever o que ainda sinto. Cheguei às 10:30 a casa de Dirk Niepoort, com pão para todos e dois vinhos velhos. Almoçei com amigos, com grandes vinhos e com uma refeição fantástica preparada pelo Vitor Claro. Apanhei sol, joguei futebol com raparigas e levei uma paulada do Luís Seabra (o homem dos Batutas.) Jantei rodeado dos mesmos amigos, bebi coisas fenomenais e deliciei-me ao som de uma música excelente.

Parceiros deste dia (alguns deles jogadores da bola):
Dirk Niepoort drink Port
Joana cara-metade
Rita Ferreira com Contraste
Nina pé descalço
Tom Marthisen da terra do Bacalhau
Helge Hansen Fotódependente
Luís Seabra Caceteiro
João Rico das Sardinhas de Peniche
Nick Delaforce, coleccionador de Mouchão
Vítor Claro Nazareno
Luís Ferreira com Cãibras
Nuno Gonçalves dorme-a-sesta


Provou-se até ao almoço:

Brancos
Douro
Marquis de Soveral 1967
Marquis de Soveral 1964
Ermida 1965
Ermida 1967
Marquis de Soveral 1958
Pérola Garrafeira 1980
Lamego 195?

Dão
Real Vinícola 1980
Centro de Estudos de Nelas 1994

Colares
Colares Visconde de Salreu 1933
Colares Chitas 1974

Tintos
Bairrada
Luís Pato 1980
Luís Pato 1985
Luís Pato 1988
Luís Pato Vinhas Velhas 1990
Luís Pato Vinhas Velhas 1992
Luís Pato Vinhas Velhas 1995
Sidónio Sousa Caves Valdarcos 1985
Valdarcos Garrafeira 1985
Grupo dos 8 1988
Caves Montanha 1967
Souselas 1965

Bairrada/Dão
Buçaco Reserva 1983
Buçaco Reserva 1970
Buçaco Reserva 1962
Buçaco Reserva 1959

Palmela
Periquita 1970

Colares
Visconde de Salreu Garrafeira Particular 1968
Viúva José Gomes da Silva Reserva Velho 1965
Chitas 1968
Visconde de Salreu Garrafeira Particular 1967

Dão
Dão Pipas (63 ou 67, rótulo indefinido)
Dão Cabido 1967
Dão Cabido 1970

Alentejo
Mouchão 1962
Mouchão 1970
Quinta do Carmo Garrafeira 1986
Quinta do Carmo Garrafeira 1987

Douro e Trás os Montes
Evel Garrafeira 1964
Real Vinícola Granleve 1965
Vinha Grande 1962
Montaria 1966 (Taylor's)
Gramtom Garrafeira 1958
Marquis de Soveral Garrafeira 1958
Ferreirinha Reserva Especial 1974
Quinta do Côtto Bastardo 1973
Quinta do Côtto Bastardo 1974
Valle Pradinhos 1986

Depois, entre grandes vinhos provados durante o almoço e jantar que estão na lista mais abaixo, houve um vinho que me deixou sem palavras e quase que chorava ao ver o vinho a rodar no copo. Um dos vinhos mais míticos de todo o mundo, de onde já só restam no máximo duas dezenas de garrafas. Grande Grandjó 1925.
Portugueses
Branco dos Cozinheiros 2004
Luís Pato Vinha Formal 2006
Luís Pato Vinha Formal 2007
Casa Agrícola Horácio Simões Moscatel Roxo Excellent
Delaforce Corte 1997 Vintage
Smith Woodhouse 1980 Vintage
Niepoort (Vinho de Família) 1927

Estrangeiros
Weingut St. Johannishof Erderner Pralat Riesling Auslese 1979
Egly-Ouriet Blanc de Noir Grand Cru
Giacomo Conterno Monfortino Barolo Riserva 1995
Domaine de la Romanée-Conti La Tâche 2002
Armand Rousseau Gevrey-Chambertin 2004
Armand Rousseau Gevrey-Chambertin 2005
Chateau Grand-Puy-Ducasse 1966
Coche-Dury Mersault 1999
Duplessis Chablis Les Clos 2000
R&L Legras Cuvée St Vincent 1996
Keller Westhofen Kirchspiel Trocken 2004
Macforbes Riesling RS9 2006
Donnhoff Niederhauser Hermannshohle Riesling Auslese 2001
Vega Sicilia Unico 1986


No final do dia, fui com a Joana até ao Coliseu do Porto ver um fantástico concerto de Feist. Foi uma óptima forma de digerir o dia. Cheguei a casa feliz e consciente que a vida é quase perfeita.
Entretanto, fiz 2 anos de blog, com quase 250 vinhos publicados e 100.000 visitas atingidas. Infelizmente não tenho conseguido escrever tanto como queria. Obrigado a todos os que por aqui vêm passando.