quinta-feira, outubro 30, 2008

Restaurante Casa D'Oro

Sempre tive curiosidade por este restaurante. Fica bem perto da Ponte da Arrábida, cá em baixo na marginal. A vista, virada para o Douro e para o Património Mundial é fantástica.

Felizmente fui salvo pela comida!

Ao entrar sugeriram-me ir para o piso de baixo, onde se situa o restaurante, pois a parte de cima é pizzaria. Disse-me o recepcionista que em baixo era mais romântico e acolhedor.
Ao chegar, preocupou-me a enorme falta de luminosidade nas mesas, uma vez que não havia sequer uma vela para trazer um pouco de romantismo. Pratos de cantina, lamentáveis. Brancos com um risco azul à volta.
Entretanto, já sentados fomos servidos com vários grissinis e focaccias, patés e azeitonas (1,75 por pessoa). Enquanto os empregados falavam alto e porcamente, vimos o menú. Optei pelas Alcachofras Recheadas (6,5) e a Joana pelos Porcini Salteados (7,5), um Fetuccine al Porcini (9) pra mim e uma Torta de Massa Fresca com Ricotta e Espinafres (9) para a Joana.

Depois de mais de 5 minutos à espera e depois de ouvir palavrões vindos da cozinha, com grandes gargalhadas, veio o empregado. A Joana já estava, obviamente, incomodada perguntei:
" Há alguma festa na cozinha?"
resposta - "estão-se a divertir"
Pedi para moderarem o tom de voz, pois afinal de contas disseram que estariamos num restaurante acolhedor e que evitassem os palavrões. O empregado, astutamente disse-me que ninguém disse palavrões... Eu perguntei se queria que eu os repetisse. Pediu desculpa e foi para trás. Qual não é o meu espanto, que o empregado se dirige à cozinha em voz alta a dizer " estão pra li a dizer que tá uma barulheira" Passados 30 segundos ouve-se outra vez um:
"FUODASSE!" seguido duma grande gargalhada geral. Até nós nos rimos.

Bem. Estava o caldo entornado. O que vale é que as alcachofras estavam divinais, com pesto e broa, e um excelente azeite. Os Porcini, carnudos e ultra-saborosos, sem qualquer sabor a alho brilharam. Quando pedi a carta de vinhos, deparo-me com uma grande variedade de vinhos italianos. Pedi um Sangiovese da Emiglia Romagna (18 ), perguntando ao empregado se o vinho era interessante.
Resposta "Bebe-se Bem!" Okey Laughing

O vinho veio a uma temperatura porreira, a uns 14º. Pedi um copo maior e um pouco mais largo, o empregado disse-me que aqueles copos eram para vinhos espessos e que precisassem de abrir. Eu disse que preferia e que gostava de meter o nariz lá dentro.

As pastas estavam muito saborosas, al dente.
Doses generosas. Foi uma excelente comezaina, porque refeição, essa envolve todo um ambiente que não foi proporcionado. Nos galinheiros as galinhas comem, não tomam refeições.

A barulheira lá continuou.
54,5 euros no total, com café Lavazza (1). Preço justo.
A sobremesa ficou para uma segunda vez, preferimos ir de mão dada a passear pela marginal, sempre é mais romântico. Quando lá voltar, certamente muitas vezes mais, já sei ao que vou. Afinal há mesmo trattorias cá no nosso cantinho.

Info
Casa D'Oro
Rua do Ouro 797 {Massarelos} :: t. +351 226 106 012
De quarta a domingo das 12h30 à 01h30; terça a partir das 18h00

terça-feira, outubro 28, 2008

Time is never time at all

O tempo escasseia, o formato descritivo não me surpreende, embora a vontade de escrever seja emergente. Mais light, mais friendly-user assim será... Este espaço continuará a ser de crítica pessoal de vinhos, embora o estilo Fordista nao vingará mais. As notas de prova perderão toda a sua classicidade e artefactos. Falarei de vinhos que provei, mas tentarei descrever a forma como os bebi.


Novidade do Douro, Parceria tinto 2007, do Douro. Um tinto fresco e frutado, com alguma borracha no aroma e onde algumas notas de Touriga saltam alegremente do copo. Na boca, com toda a juventude mostra-se elástico e a pedir comida com alguma rusticidade, pois a acidez com a acidez elevada e a garra dos taninos não perdoam. Ligou muito bem com uma alheira de Vinhais.
Nota 15,5

Vindo de Valença do Minho, este Alvarinho já não é novidade para mim, mas é pena ser um vinho desconhecido pelo país fora... Rolan 2007 rótulo preto é um branco feito à moda dos Albariños Sobre Lias. Esteve longas semanas sobre as borras finas para ganhar corpo, untuosidade e equilibrio. E o vinho mostra isso mesmo! Muito exuberante, com um forte pendor citrino maduro. Sente-se uma enorme harmonia nos aromas, com um perfil mineral muito vincado. O Alvarinho está cá, mas mais maduro, mais complexo. O final de boca é muito prolongado com alguma cremosidade. Por vezes ficamos a pensar que o Alvarinho precisa é de ser bem vinificado, em vez de se recorrer à banal madeira de carvalho... Curioso que este é o Alvarinho que mais gosto cá em Portugal, a seguir aos Soalheiros é claro....
Nota 17

Até as colheitas no Ribatejo são tardias. Em Vale D'Algares alguém se esqueceu de vindimar Viognier. Digo isto porque acho que o Vale D'Algares Viogniner seco de 2007 que provei está mais profundo de aromas, com maior complexidade e com um equilíbrio muito maior. Com muitas notas de pêssego e tangerina, a madeira de boa qualidade mostra-se muito mais integrada que 0 2006. Na altura em que o provei era um pouco perturbadoras as notas fumadas e tostadas. Ora, 2007 é um vinho muito mais clean. Final longo e perfumado. Muito bem este Viognier.
Nota 17

Já o VA Viognier Colheita Tardia, embora mostre alguns aromas interessantes... cogumelos, alguma fruta cristalizada, é na boca que se torna algo chato. Os aromas desaparecem com uma rapidez... Provados lado a lado no final, a persistência na boca do Viognier era maior e mais saborosa que o Colheita Tardia! No entanto, entende-se que este vinho foi uma experiência. E é de aplaudir.
Nota 15,5

E assim é, mais umas notitas de prova. Terminando com uma anedota... "amanhã há mais!"

Esta semana fui duas vezes ao Dragão. E não sou masoquista.