segunda-feira, dezembro 14, 2009

Quinta das Marias Brancos 2008

Volte-face. Excelentes nas anteriores colheitas, esquisitos agora.
Provei este dois vinhos há já uns meses, mas só agora venho aqui publicar as notas de prova. Provavelmente agora estarão bem melhores, contudo aqui fica o registo:

O primeiro, Encruzado 2008, feito em inox mostrou no nariz muito nervo, nervoso demais até. Com algum excesso de aromas vegetais, muito fechado e frio. Notei inclusivé, algum toque de sulfuroso que prejudicou a prova. Muita pedra e aromas citrinos. Na boca, estridente, com uma acidez muito boa. Boa estrutura, bem mais afinado no palato que no nariz. Final duro, mineral e com algumas flores brancas. Longe de ser um vinho harmonioso. Provavelmente, hoje, estará bem melhor.
Nota 15

O segundo, Encruzado Barricas 2008, mostra no nariz uma facilidade e uma abertura muito maior, com a gulodice da madeira a dar envolvência e sedução. Notas de fruto branco maduro, laranja, flores e um vegetal fresco muito apelativo. Com a temperatura e a oxidação a aumentarem, as boas notas fumadas tornam-se pesadas e o fruto cristaliza e pesa muito. Na boca, a cremosidade e a oferta de fruta é um pouco excessiva uma vez mais, muito vincado e muito expressivo. Nota-se um excelente aprumo na concepção deste branco, mas desta vez, na minha opinião, carregou-se um pouco demais na madeira e na maturação. Ainda assim bebe-se com algum prazer com pratos de carne. Se me permitem a analogia, diria que parece um Viognier. Como diz o JPM, é para apreciadores do estilo.
Nota 15,5


sábado, dezembro 12, 2009

A Obsessão de Altas Quintas e o seu Branco

Finalmente chegou (e finalmente cheguei eu outra vez) o topo de gama do "novo" produtor de São Mamede. Desde há 3 anos que pergunto sempre ao João Pilão (team Altas Quintas) sobre o tal Garrafeira. Estava sempre a dormir, a melhorar este a aquele aspecto. É visto como uma Obsessão das Altas Quintas. Se estava a melhorar? Estou em crer que sim, mas que criou um efeito de expectativa e de ansiedade por vê-lo no mercado lá isso criou.

Antes de provar o tinto provei o Altas Quintas Branco 2008.
Um branco Alentejano, de topo também, mas com uma particularidade. Sem castas interenacionais e sem Antão-Vaz! Arinto e Verdelho são as duas castas do lote. Fermentou em barricas novas de carvalho francês, com um estágio posterior nas mesmas, de 6 meses. Tem 13,5% e mostra uma bonita cor amarelo-palha.
No nariz mostra um primeiro impacto exuberante mas com alguma profundidade. Um misto de tropicalidade, frutos cristalizados com algum fumo e frescura de bom nível. A barrica está presente e com boas notas tostadas a tapar um pouco a fruta.
Na boca a acidez média/alta surpreende, pois o vinho mostra-se fresco e nada pesado, apesar de toda a gulodice da barrica e da fruta madura. Bebido em copos estilo Borgonha o vinho acaba por se mostrar um pouco melhor. Final de boca de boa persistência ainda que muito focado nas notas adocidadas de fruto e tosta. Bem melhor que outros brancos da gama.
Nota 16,5

Já o Obsessão 2004 no nariz mostra um ataque complexo, cheio de austeridade e uma forte componente mineral, lembrando grafite. A fruta silvestre refinada e muito delicada quase me faz lembrar as bagas acabadas de colher ainda com aquele pó da terra por cima. Excelentes notas de tabaco e de especiarias frescas. Nariz intenso, profundo e com um lado vegetal que lhe piada e frescura.
Na boca o vigor, a força e a densidade são enormes mas completamente equilibrados num perfil de taninos presentes mas finíssimos e madeira em excelente casamento com a fruta. Apesar dos 3 anos de garrafa, entende-se perfeitamente que a boca ainda está num estado puro e cheio de juventude. Final muito longo, a pedir paciência. A provar sem dúvida, mas temos aqui um vinho para mais 3 anos em garrafa, a crescer, seguramente.
Nota 17,5


Este produtor já não é o "novo" produtor do Alentejo. Já mostrou trunfos e armas para afirmarmos que é um "dos" Produtores do Alentejo.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Douro Boys Masterclass 2009

No passado dia 2 de Setembro os Douro Boys voltaram a fazer a apresentação anual no Douro. Desta vez foram apresentados os brancos de 2008 e os tintos de 2007. Uma vez mais, Dorli Muhr foi a grande Mulher por trás dos Boys, num evento organizado a roçar a perfeição na nova adega da Quinta do Vallado.

Os vinhos foram provados na enorme sala de barricas após uma breve visita pela adega, que está quase construída. É sem dúvida uma adega imponente, muito bem arquitectada e de certeza nada barata! Se os vinhos do Vallado já tinham uma consistência louvável, imagine-se o que daí virá, com todos os mimos e apoios tecnológicos que agora Francisco Olazábal terá.

Os brancos

VZ 2008
Finalmente este vinho encantou-me. Excelente austeridade e perfil mineral. Dá-me a sensação de ter a madeira muito mais discreta e integrada. Muito xistoso, aliás profundamente xistoso, com aromas de laranja e alguns frutos secos. Na boca é refrescante com uma acidez cítrica de bom nível e um final muito longo.
Nota 17,5

Crasto 2008
Bastante penalizado no meu enteder, por ter sido provado logo após o VZ. Ainda assim mostrou-se um vinho cheio de vegetal fresco e limonado. Na boca tem uma acidez crocante e repleto de frescura. Ligeiro, algo directo mas muito limpo e alegre.
Nota 15,5

Tiara 2008
Perfil delicado e elegante com um aroma floral e muito fruto branco. Na boca mostra-se glicérico, com alguma profundidade, cheio de frutos brancos e algumas ervas frescas, com uma excelente acidez. Final de boca delicado, fresco e seco.
Nota 16,5

Redoma 2008
Sedutor e envolvente no aroma, com aroma de pêssegos e uma tosta ligeira. Na boca tem uma acidez delicada, é cremoso e com alguma complexidade, com a fruta e a tosta em pleno equilíbrio. O final é longo com alguma dureza mineral.
Nota 16,5

Redoma Reserva 2008
Uma vez mais a percepção da madeira aqui é mais discreta que no Redoma "normal". Aroma fechado, com alguma banana e frutos frescos. Floral q.b., muitoo profundo e misterioso. Vibrante na boca, com uma complexidade notável. Acidez praticamente perfeita com grande dose mineral. Gordo, austero, viril, proporciona um final de boca muito profundo e com grande elegância.
Nota 18

Quinta do Vallado 2008
Aroma contido, focado nas notas vegetais de boa qualidade e muito limão. Na boca está com algum corpo, muito focado no lado citrino e fruto fresco. O final de boca revela uma ligeira doçura, equilibrado na acidez.
Nota 15,5

Quinta do Vallado Moscatel Galego 2008
Gostei dele uma vez mais. O aroma é claramente o mais distinto de todos em prova, com muitas notas de chá, de laranja cristalizada e um floral exuberante. Aparecem também notas de espargos, relva e de rebuçado. Claramente um estilo único. Acidez desconcertante num final imprevisívelmente seco e até ligeiramente amargo.
Nota 16,5

Quinta do Vallado Reserva 2008
Nota-se um bom trabalho da madeira, mas ainda com necessidade de casar um pouco mais com a fruta. Fumo, café e até algumas notas de bolacha passam por cima do fruto maduro e de boas notas vegetais. Na boca a tosta continua um pouco presente, com uma boa estrutura e profundidade. Certamente irá crescer.
Nota 16,5/17

Em breve publico os tintos.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Herdade do Esporão

A Herdade do Esporão, ou melhor Esporão é a palavra que em qualquer casa de boa gente vem para cima da mesa quando se fala de vinho Português. É pena é que essa tal boa gente beba Alandra e nos dias de festa lá abre um Monte Velho. Crise. É sem dúvida um império conquistado de forma democrática, justa e merecidamente.
Actualmente toda a imagem da marca foi renovada por Eduardo Aires, designer da Inbicta com quem já tive oportunidade de passar alguns bons momentos. Tenho a reconhecer que o trabalho que fez está muito limpo e irá vingar.

Provei o Vinha da Defesa Rosé, Branco e o Esporão Reserva e Private Selection.


Vinha da Defesa Rosé 2008
Aragonês e Syrah no lote, com uma tonalidade rosada alegre, a pedir mesmo um fim de tarde a apanhar sol.
No nariz mostra-se muito equilibrado e apetitoso, com morangos, cerejas e muito rebuçado floco de neve. Algum perfil vegetal para contrabalançar com a gulodice da fruta.
Boca com uma entrada com harmonia, delicado e com muitra fruta vermelha. Algum açucar residual dá-lhe vida para se beber a solo. Com alguma profundidade no final de boca mostra carácter e personalidade podendo também ser conjugado à mesa com alguns pratos exóticos.
Um rosé bem feito, com um perfil claramente alegre e jovial, mas ainda assim com identidade.
Nota 15

Vinha da Defesa Branco 2008
Arinto, Roupeiro e Antao Vaz, a chapa 3 do Alentejo.
Nariz muito fresco e pouco exuberante. Esperava um aroma típico deste lote mas aqui tudo está num registo mais fresco e limpo. A fruta está cá, mas não pesa, com muitos recortes tropicais. Lima e ligeira percepção mineral dão alegria.
Na boca o vinho continua com uma boa dose de frescura, com uma acidez média, onde a fruta impera, com sabores de frutos de caroço, sobretudo pêssegos. O vinho embora apenas se foque na fruta, dá prazer e bebe-se com facilidade sem enjoar, graças à acidez citrina que insiste em ficar. Bom final de boca, sólido e fresco.
Nota 15,5

Esporão Reserva 2008
Confesso que este é um branco a que recorro sempre que faço alguns pratos de inspiração Alentejana. Como vivo bem próximo do Pingo Doce, acabo por trazer várias vezes ao longo do ano este branco para o frigorífico. Considero um branco caro (para aquilo o preço médio dos brancos alentejanos), mas considero-o uma excelente relação qualidade preço. E nunca falha, quer no stock do supermercado, quer na consistência.
No nariz, a barrica mostra logo que esteve presente na vinificação, quer para dar complexidade quer para dar alguns aromas convincentes de boa tosta e alguma baunilha. Ligeiramente floral, com um perfume primaveril muito delicado, misturado com boas notas de fruta citrina.
Na boca, embora tenha estrutura e corpo q.b. não me parece ser um branco de inverno como já apelidei a algumas colheitas anteriores. Este 2008 está, apesar da tosta e da untuosidade, muito fresco, com uma boa acidez, onde a fruta tropical e citrina proporcionam uma boa prova de boca. Final rico, muito saboroso e sempre com a acidez a segurar o conjunto. Fresco e elegante. Surpreendeu-me bastante, estava a espera de outro registo. Espero que se aguente no inverno...e no Pingo Doce.
Nota 17

Esporão Private Selection 2008
Semillon, Marsanne e Roussane. Um lote Francês nas lides de um Australiano em pleno Alentejo. Projecto global. Este é o topo de gama dos vinhos brancos do Esporão. No nariz encontra-se uma complexidade aromática notável, ainda que muito tapada pela forte presença de barrica. Aromas maduros, fortes e muito gulosos de alperce, manga, muita tangerina e um toque vegetal de bom nível. A baunilha perturba um pouco sempre que se agita o copo e que a temperatura vai subindo. Um aroma claramente a precisar de decantação ou de algum tempo mais em garrafa.
Boca cremosa, untuosa, com muita matéria. Estruturado e com acidez média, mostra-se pouco elegante, com muita fruta e notas abaunilhadas. Final longo, complexo. Pareceu-me um vinho com alguns excessos, mas ainda assim com muita personalidade e perfeito para os adeptos de brancos de grande porte.
Nota 16,5

Tenho também actualmente na cozinha dois Azeites Esporão. O Selecção é simplesmente fantástico, principalmente para carnes (frias ou quentes). É um excelente finalizador de pratos. Perfil muito fresco e com sabor marcadamente picante e muito verde. Um azeite sério e com garra, de qualidade mundial. O Galega é um azeite bem mais ao estilo dos bons azeites portugueses, com aromas mais voltados para as ervas secas e para alguns frutos secos, não tão verde nem tão amargo. Muito bom para usar na confecção de pratos.

terça-feira, julho 14, 2009

Restaurante Foz Velha

Começo por decompor a minha intenção. Formei-me, não me decompus, encartei-me. Ganhei o direito de requerer um canudo que me custará 150 euros, IVA incluído... que demorará cerca de 12 meses a chegar ao domicílio.

O jantar só poderia correr bem. Se corresse mal, juro que me inscreveria noutra faculdade e voltava a tomar meias de leite com panike's mistos antes de rumar aos anfiteatros.

O Foz Velha é um dos raros restaurantes do Porto onde raramente vejo uma crítica destrutíva, negativa... algo que tenha corrido mal. Portanto, ir lá, nunca será um tiro no escuro.

Estive lá apenas uma vez ao almoço, onde o perfume do alecrim que acompanhava o porco preto ainda me acorda a alma. Nesse dia, os restaurantes da Foz do Douro abarrotavam de gente e o Foz, Velha, lá estava sereno e calmo com um enorme prazer em receber.

Hoje, experimentei o menú Foz Velha IV que passo a descrever:

Antes do enfático relato, aaproveito para registar que telefonei, obviamente com o intuito de reservar mesa em nome de um Dr., mas com a vontade de perguntar se aceitavam se levasse uma botelha. Afirmativo, com uma taxa de rolha de 5 euros, justa.

Bom Couvert, onde a selecção de pães passa pelo pão de Mafra, de cebola, de queijo, de tomate, de cereais..... com uma manteiga (clarificada) muito cremosa e viciante, uma pasta de caranguejo fresca e uns grissinis ligeiramente moles, caseiros, mas pouco interessantes.

Gelado de foie-gras com maçã confitada, frutos secos e redução de Vinho do Porto. A primeira sensação que me ocorreu foi simplesmente:
Mas porque raio é que na praia não vendem gelados destes? Fantástico sabor de foie, onde a maçã confitada me transporta para o sabor inconfundível dos rebuçados Werther's. Um começo auspicioso e bastante prometedor.

Picadinho de trufa e cogumelos em creme aveludado de chuchu com ovo escalfado e crocante de cebola. O momento alto. Parabéns Marco Gomes. Vai ficar na minha memória durante longos anos.Nem me atrevo a escrever sobre este prato, bestial.

Miolo de vieira com pudim misto de couve-flor e bróculos em manto de puré aioli. Uma ligação interessante, em mais uma das 1001 variações da vieira, qualquer dia apelidada de bacalhau. Vieira carnuda, generosa, tenra e vidrada, com um pudim de bróculos saboroso com (um pouco de clara de ovo a mais), espumoso de mais. O pudim de couve-flor estava muito harmonioso. O puré aioli, puramente catalão, fantástico, para quem gosta de sabores duros, intensos, com personalidade. A ligação geral do prato é muito boa, embora achasse que faltasse um pouco de frescura, de mar, de salinidade.

Até aqui o menú foi acompanhado com um Catarina 2007 da carta, num excelente momento de forma, com algumas pontas de redução inesperadas mas muito convincentes e apetitosas como eu gosto. O serviço de vinhos é atencioso embora um pouco ostensivo no serviço. (Eu gosto de abanar o meu copo e só abana o meu copo quem eu deixo.)

Taco de bacalhau confitado com favas em duas texturas, estaladiço de chouriço e emulsão de coentros. Talvez o prato menos conseguido da noite, ainda assim apelidado de BOM. Bacalhau (em vácuo), com todos os seus sucos, com a gelatina a largar-se entre as lascas, no entanto na boca mostrou-se um pouco empalhado. Favas verdinhas, crocantes por fora, muito delicadas e saborosas por dentro. Puré de favas regular, (embora ache que tivesse manteiga a mais).

Gema falsa de ovo com aroma de café. Um limpa fundos. Aqui não estamos a falar dum limpa palato, dum tira-gosto. É mesmo potente e irreverente. Uma colher de dim-sum chinesa, com café (envolvido em alginato). Um relâmpago de acidez citrina rompe-nos os 5 sentidos. Limão puro e duro. Excelente, mas sem dúvida para os mais audazes. Fez-me lembrar os cafés com gelo e limão que bebo quando estão mais de 35 graus e o mar está mesmo ali. Fantástico.

Mil folhas de pato confitado em leito aveludado de batata e essência de cogumelos. Com este prato dou por mim a pensar que só agora, no último prato (salgado, entenda-se: não doce) é que chegam os banais hidratos de carbono. Todos os pratos estavam equilibrados em termos de argumentos, de ingredientes e, porém, a batata, o arroz, a massa, ainda não tinham dito "presente". De certeza que não fui o primeiro a descobrir este facto, mas é de louvar a procura pelo menos óbvio. Embora a dose seja um pouco "enooorme" consegui perceber a excelente ligação, onde o pato desfiado (confitado em casa) estava magnífico, com a gordura bem escondida. O "leite-creme de batata e cogumelos" foram um fiel parceiro do pato, suportaram e não ficaram muito abafados com a profundidade e intensidade de sabores da carne.

Até aqui foi servido um Quinta do Mouro 2002, BYOB, com copos iguais aos de branco e de água. São copos competentes, mas não são copos que permitam desfrutar de um grande vinho, como o é este Mouro. Belo vinho, sem dúvida um dos melhores Alentejanos de todos os tempos. (pelo menos dos tempos em que bebo vinho... ok ok excluo o Mouchão 1963, e o 1970 e 0 1991... e o Dourado de 2000) Sobre a carta de vinhos apenas acho que poderia ser mais personalizada, com mais identidade. Tem bons vinhos, certo, mas apenas tem os vinhos do costume. Esporão, Sogrape, Dão Sul, etc etc. Tudo se resume ao G7 - Grupo dos Sete, que agrupa as sete maiores empresas de vinhos de Portugal (Aveleda, Esporão, Sogrape, Aliança, Messias, Bacalhôa e José Maria da Fonseca).


Charuto de leite-creme aromatizado com anis-estrelado e gelado de caramelo
Creme de chocolate laranja com telha crocante e morangos salteados
Confesso que nos doces já não tomei grande atenção, embora tenha a perfeita noção que preferi o segundo ao primeiro. Não senti o anis-estrelado, mas o gelado estava muito bom. No segundo, o creme de laranja estava delicioso (pareceu-me chocolate branco) com uma telha de chocolate muito bem feita. Os gomos de laranja e as fatias de morango, foram sem dúvida refrescantes e capazes de colocar um ponto final não entediente neste menú longo e sem dúvida sublime. Sem dúvida, uma das melhores refeições que tive, em restaurante.

Um menú longo e muito bem pensado, que demorou cerca de 2h30m. Se puder, será sem dúvida uma experiência a repetir. Foz Velha rocks!

Confirmou-se o que se esperava, felizmente! Um grande restaurante, com um serviço à mesa com enorme requinte e respeito, com loiças luxuosas. O Chef presente é sempre, quer queiram quer não, um aconchego. Pelo menos quando lá estive assim foi.

Parabéns ao Foz Velha e espero que vibre e viva durante largos anos.

As coisas escritas entre parentisis são suposições minhas, (mostram a minha falta de conhecimento para poder afirmar o que disse). (...!)
www.fozvelha.com

Bem... e com isto já não tenho dinheiro pro canudo.

sexta-feira, junho 26, 2009

Niepoort Vintage 2007

Segundo Dirk Niepoort, 2007 foi um ano quase perfeito para as vindimas da Niepoort. Os brancos são sem dúvida excepcionais e os tintos que já foram dados a provar prometem. Porém é com o Vintage 2007 que o quadro é acabado de pintar, que a obra fica feita.

Quase preto no copo, no nariz o aroma é muito incisivo, com notas muito vegetais e mentoladas. Os aromas químicos que tanto apareciam nas edições anteriores estão cá, mas um pouco mais escondidos, sendo a fruta preta e o chocholate preto as principais essências. Apesar de todo o aroma espalhar frescura e pureza, notei algumas notas de ameixa e alguns licorosos. Profundo, complexo, cheio de nervo.

Na boca uma vez mais não se consegue fugir à chapa 5 Niepoortiana, vulgo, elegância. Sente-se uma força bruta, cheia de vigor, de fruta, de taninos, de estrutura... mas tudo bem retido numa redoma, vestido de seda. A profundidade deste vintage é algo notável. Ligeiramente verde, com uma acidez invejável, diz aos mais gulosos que este foi feito para provar uma vez, sentido aquilo que o Douro é e deixar o resto das garrafas a repousar para sentir aquilo que é um dos melhores vinhos de guarda do Mundo... um Porto Vintage envelhecido, nobre e majestoso. O final de boca é muito longo, meio-seco, focado nas notas de chocolate e alguma esteva. Nada treme, tudo aqui é preciso e precioso.

Quando o provava, por inúmeras vezes me lembrei do 2003 e do 2005, tentando encontrar termos de comparação. A minha memória não dá para muito, mas assim foi que os (re)descrevi. Achei este Vintage 2007 completamente distinto do 2003 e do 2005. 2003 muito mais quente e abrutalhado, pecando por alguma elegância e 2005 muito mais fino e equilibrado, pecando por alguma força. Este é sem dúvida um grande Porto Niepoort. A provar obrigatoriamente, refrescado (abaixo dos 15ºC) como mandam as regras.

Nota 18,5


vinho já provado também aqui:
http://pingasnocopo.blogspot.com/2009/06/niepoort-porto-vintage-2007.html
http://copod3.blogspot.com/2009/06/niepoort-vintage-2007.html
http://pingamor.blogspot.com/2009/06/niepoort-vintage-2007.html
http://saca-a-rolha.blogspot.com/2009/06/novidade-niepoort-vintage-p-2007-mais.html

quarta-feira, junho 24, 2009

Luis Pato Vinha Formal 2004

100% casta BICAL de vinhas plantadas em solo argilo-calcário na encosta de Óis do Bairro, virada ao Buçaco. Mosto obtido por ligeira prensagem, decantado a frio e posteriormente fermentado em pipos de carvalho novo Allier.

É assim que Luis Pato resume o Vinha Formal no seu site www.luispato.com
Luis Pato assume que o Vinha Formal é um branco que permite longa guarda, onde o seu primeiro exemplar, o Vinha Formal 1998 ainda se encontra num excelente estado. Já tive oportunidade de provar o 98, achei-o muito bem evoluído e mais que pronto para dar prazer.

Encontrei algumas garrafas do 2004 e a vontade de lhe sentir o pulso foi mais que óbvia.
Nariz muito elegante e distinto com notas de aniz, cravinho e muitas especiarias doces. Com uma complexidade e austeridade notável, mineral q.b.. Aparece num ápice a baunilha, mas sem ser aquelas notas enjoativas que muitas vezes nos rodeiam. Cheira mesmo a vagem de baunilha, pura, uma delícia. Com o tempo no copo as notas de lima e laranja começam a surgir. Um aroma fantástico, sedutor e ao nível dos grandes brancos do mundo. Para mim está no ponto perfeito.

Na boca surge o choque. Quando esperava um branco ligeiramente adocicado e redondo eis que aparece um branco austero, duro, seco e com uma acidez para dar e vender. A boca desmente o nariz, dizendo que ainda temos vinho para guardar. Final de boca muito longo, onde a madeira apoia toda esta força, esta garra e o amacia ligeiramente. Grande, grande branco já com 5 anos.
Esta garrafa foi sem dúvida o melhor Formal que já provei. Os meus parabéns ao grande Luís Pato.

Nota 18

Quinta do Estanho

Acabada de comemorar 20 anos a produzir e engarrafar vinho do Porto, a Quinta do Estanho é um produtor low-profile, pouco conhecido entre nós mas que apresenta um portfolio bem interessante a preços comedidos, principalmente no Vintage. O Vintage 1994 é um excelente vintage que ainda se encontra no mercado a um preço de saldo, por exemplo. Sobre a Quinta do Estanho visite: http://www.quintadoestanho.com

Provei alguns Porto's da Quinta do Estanho nos últimos tempos, que me permitiu tirar uma radiografia geral a esta marca.

Quinta do Estanho 20 Anos
Muito atraente no aroma, repleto de frutos secos, figos e com uma profundidade notável. Por vezes nota-se algum vinagrinho, iodo e frutos brancos muito maduros. Na boca é generoso, com uma doçura estonteante, viciante, com frescura aliada a uma acidez. Notas de tabaco e frutos secos dão um final longo e delicado.
Nota 16,5

Quinta do Estanho Special White Reserve
Um branco velho, de lote, cheio de personalidade e com uma tonalidade dourada fantástica no copo. Aromas muito envolventes, casca de laranja, frutos cristalizados e alguns aromas de madeiras velhas. A complexidade no nariz é elevada e o vinho beneficia imenso e dá prazer ao ser bebido em várias temperaturas, começando fresco e deixando aquecer no copo. Com a temperatura a aumentar os aromas vão-se desembrulhando de uma forma elegante. Boca suave, rica, muito doce, final longo e cheio de carácter. Um branco velho com um perfil muito próprio. A beber entre os 10 e os 15ºC.
Nota 16


Quinta do Estanho Vintage 2006
Num ano não muito famoso para Vintage's, as casas mais pequenas acabam sempre por conseguir lançar alguns Vintage's e a Quinta do Estanho não foi excepção. Com uma boa extracção aromática, frutos pretos e algumas compotas. A vegetação do Douro está cá, com boas notas de esteva misturadas com o perfume das violetas. Algum toque químico e ligeira ponta de aguardente. Na boca é muito guloso, conquistador e com notas de chocolate preto. O final de boca é elegante, silvestre e perfumado. Um bom vintage de um ano menor a um preço muito interessante, abaixo dos 25 euros.
Nota 16,5

Raya 2006

Com quantidades muito limitadas (2600 garrafas), vindo de Cebolais de Cima, ainda na região das Beiras, mas quase quase colado ao norte Alentejano é produzido o Raya pela Sociedade Agrícola Horta de Gonçalpares.

Quase preto no copo, ruby muito escuro.
Nariz muito focado no fruto preto, muito extraído. Algumas notas de borracha e ligeiros toques que deixam a touriga saltar um pouco. Menta, químicos e rebuçados flocos de neve. O nariz acaba por ser um pouco excessivo demais na dose de fruto presente.

A boca acaba por surpreender, pois o vinho não embala num caldo de fruto, pois tem uma frescura bem presente, graças à boa acidez e a um perfil vegetal e taninoso, encorpado mas dócil.
O final de boca volta ao fruto, com alguns toques de café. A barrica está escondida no perfil do vinho. Faz-me pensar que um pouco mais de barrica presente e uma menor extracção poderiamos ter um vinho muito interessante, pois está cá tudo. Boa fruta, boa acidez, boa estrutura, bons taninos...
É sem dúvida um vinho para guardar em cave no médio prazo, 3 a 4 anos.

Nota 16
Preço 12 euros

quarta-feira, abril 15, 2009

Comer em bom Porto

Não são críticas nem reportagens, são apenas algumas crónicas sobre os tascos que me têm feito sentir bem no (grande) Porto. O Porto é mais que francesinhas e tripas. É mais que cervejarias e marisqueiras.

Pizzaria Casa D'Oro
Fui, num dia solarengo de Março à parte de cima do Casa D'Oro, ali bem perto da da base da Ponte da Arrabida. Está-se bem, o ambiente é informal, barulhento e perfeito para quem quer comer uma pizza de grande nível sem se preocupar com a etiqueta. Mesa corrida, estilo cantina, sem toalhas e outros adereços.
Água San Pellegrino, bons grisinis, acelgas salteadas com alho muito saborosas embora um pouco cozidas demais. Prefiro sentir, tal como no espinafre, um ligeiro "crack" ao trincar. Pedimos duas pizzas, os tamanhos são generosos, massa finíssima, crocante e muito bem trabalhada. De longe a melhor pizza do Porto e arredores. A minha com beringelas e parmesão estava simplesmente divinal. A outra, de cogumelos, estava bastante boa embora os cogumelos (brancos, de Paris) não fossem nada de especial, apesar de frescos.
Pizzas fantásticas, massa leve e muito delicada. A repetir, vezes sem conta. Pela minha parte, perdi vontade de ir a outras pizzarias cá no Porto. Al Forno, San Martin, Toscana e Meidin são boas, mas estas são fantásticas.

Degusto
É o restaurante onde mais vou na cidade do Porto. (Pra mim o Porto é Porto, Matosinhos, Maia, Gaia...) Cada vez mais prático e acessível. Degusto Easy! Se vos disser que por 19,90 comem entrada, prato e sobremesa... a la carte! E não é só aos almoços, é de Segunda a Sábado, non stop. É o restaurante para os wine-freaks, mas também um bom restaurante cosmopolita, bem decorado, capaz de funcionar muito bem para jantares de grupos, onde a farra impera, assim como consegue criar um recanto para dois, intimista e romântico. Já lá fui nas duas situações e é sempre top.
Algumas variações de dias para dias, a fasquia não está alta, mas a comida sabe bem e a apresentação é cuidada. Para quem lá for e não souber ao que vai, peça o Atum Marinado, a Tarte de Caça com palha de alho francês ou o Creme de couve-flor com amêndoa. Entradas muito apetitosas e bem confeccionadas. Se tiver estofo e muita fome, peça a Vitela “de comer à colher” sobre dobrada com feijão branco. A Vitela é simplesmente sublime, muito tenra, de comer à colher, literalmente! Cozinhada a vácuo ou a baixa temperatura, durante horas e horas certamente. Já a dobrada, metendo as tripas de lado, tem o feijão branco no ponto, mas o prato como é óbvio pesa um pouco. A dose é absolutamente pornográfica, como diz um amigo meu.
Serviço de vinhos irrepriensível, como sempre. Copos excelentes, pessoas informadas com o Sérgio Pereira a comandar a tropa. Pena é que os preços de alguns tenham começado a subir, sem razão aparente. Mas também não se pode ter tudo! Vai continuar a ser o meu restaurante. Sinto-me bem lá.

O Pombeiro
Junto à Rua de Vale Formoso, bem perto da Igreja Universal do Reino de Deus fica um dos restaurantes tradicionais mais porreiros que conheço no Porto. Não vamos lá para comer comida requintada, com grandes apresentações e nomes mais compridos que sei lá o quê. Aqui, no Pombeiro tudo cheira bem, tudo sabe bem e tudo é feito com boa matéria prima. Fantástica bola de carne, torrada no momento. Tostada e crocante sabe mesmo bem. Depois nos pratos é deixar-se levar pelas sugestões. Arroz de grelos com entrecosto. Alheira de caça com maçã e migas... Bom porco preto, fantástica costela mendinha... De realçar o site ww.restaurantepombeiro.com com um pop-up diário com a ementa. O vinho aqui não é o forte, o que é pena. Com alguma astúcia lá se leva uma garrafinha quando a mesa é grande. Come-se bem e barato. Nunca paguei mais que 15 euros. E saí de lá sempre bem aviado.

A Casinha
Junto ao Aeroporto. A Casinha é mesmo uma casinha. Sala bem decorada, com copos Schott de grande nível (não tem a linha mais barata, julgo serem da linha Diva). Os preços são um pouco puxadotes para o restaurante, mas também não são nenhum crime. Boas entradas, pãozinho cozido na hora (provavelmente pré-cozido e congelado). Alheira com grelos de fazer inveja a muita gente de Mirandela. Provavelmente a melhor alheira que alguma vez comi foi aqui. O Bacalhau com natas é genial. Pior é o tratamento nas carnes, principalmente no magret de pato. Queimado por fora e bastante passado por dentro, porque foi ao forno. Embora tenha pedido mal passado, veio excessivamente passado. Carta de vinhos muito completa, mas puxadita nos preços. É preciso saber escolher e perder algum tempo a ler a lista. Quinta da Dôna 2003 a um preço "normal" foi a minha escolha. Um bom restaurante, com um atendimento personalizado e muito educado pelo proprietário, Sr.Victor.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Vertical de Vale Meão no Fooding House Wine Bar

Esta Vertical de Vale Meão em Magnum foi um momento único, espectacular e muito marcante. Não imaginam o orgulho e felicidade com que encarei este jantar que organizei no WineBar do Fooding House. A responsabilidade era mínima, apenas tinha que garantir copos e temperaturas adequadas. Os vinhos do Vale Meão e os pratos desenhados pelo Chef Camilo Jaña não me preocupavam minimamente em relação ao sucesso desta noite.

Provei todos os vinhos com calma, ao início da tarde... e depois fui acompanhando a sua evolução ao longo da noite.
Foi notável a frescura e força que alguns vinhos ainda tinham. Em todos eles, obviamente falo dos 2005 para trás, os taninos estavam muito finos e elegantes. Alguns vinhos ainda estão a pedir garrafa, outros dão um belo prazer desde já. Nota-se que nestes vinhos ( ao contrário por exemplo de outros Douro's) a espinha dorsal não são os taninos duros e violentos, mas sim a acidez, equlíbrio e boas maturações é que parecem segurar o vinho na sua evolução.

1999. Quanto ao 1999, houve variações de garrafa para garrafa, explicado pelo Xito Olazabal que na altura não tinha uma linha de engarrafamento em condições. Há garrafas boas e garrafas menos boas. A boa mostrou um vinho num excelente momento de forma. É o Vale Meão de menor concentração na tonalidade. É também o mais "terroso", mais subtil e pronto para se beber. Não me parece que irá ganhar mais em cave.
Nota 17,5

2000. As diferenças de 1999 para 2000 são enormes para apenas um ano. O 2000 ainda está muito jovem para a idade. Fruto q.b., cor impenetrante e acidez e frescura mediana. Está muito fechado de aromas mas muito vigoroso na boca, mas com o tempo no copo vai abrindo e dialogando. Sóbrio e sério. Ainda precisa de uns anos para chegar à meia idade. Muito bem.
Nota 17,5

2001. Para mim, o melhor Vale Meão. Um vinho distinto em qualquer parte do mundo. Muito musculado, estruturado, enérgico e viril. Perfeito nos aromas secundários, a barrica está muito discreta mas ainda mostra a sua elegância. Um vinho brutal. Lógicamente ainda está um pequeno monstro, não está pronto para ser bebido. Impressiona pela fantástica violência vestida de fraque.
Nota 18,5

2002. O ano não é famoso, mas a vontade de o provar era enorme. Mal o decantei, disse logo...Temos vinho. O mais subtil de todos, o mais elegante, o mais feminino(?). Um vinho fresco, com muito menos corpo que os outros em prova. Houve quem aplaudisse depois a excelente ligação com o Bacalhau al Aioli. Super equilibrado em todos os aspectos. Provavelmente vai ter uma lenta evolução tal é o balance. Um dos melhores 2002 do Douro? De certeza que sim.
Nota 18


2003. O ano da trela. 2003 foi um ano excelente no Douro, mas para Vinho do Porto. Os Douro's sempre se mostraram muito maduros, cheios de fruta, repletos de álcool. Neste Vale Meão, a Touriga Nacional marca um pouco o aroma, mas num perfil muito atractivo, lembrando a boa Touriga do Dão. A par deste aroma floral, a fruta aparece em grande quantidade. A boca confirma o previsto, um vinho pronto para beber, cheio e encorpado. Para mim, com fruta a mais.
Nota 17


2004. Um tinto nobre e uma vez mais diferente de todos os outros. Algum aroma de couro, ervas e flores. Muito clássico, com fruta q.b, barrica nova e toques florais de Touriga's. Uma perfeita parceria entre rusticidade e modernidade. Novo, novíssimo, com os taninos ainda presentes. A acidez é perfeita neste vinho. O final é longuíssimo e muito saboroso. Claramente Douro, claramente um grande Vinho.
Nota 18

2005. A bomba. Este Vale Meão está imutável desde o primeiro dia em que o provei (Setembro de 2007). Chocolate preto, químicos, violetas...alfazema. Um vinho exuberante, mineral e muito vaidoso. A boca já não está tão violenta, com acidez alta a segurar aquilo que se poderia tornar preocupante. A fruta, o corpo e os taninos bravos só não enjoam porque o vinho consegue ter um equilíbrio fantástico.
Um vinho que poderá evoluír muito bem e que na altura receba outros adeptos. Para já é para os que gostam de bombas!
Nota 17,5

2006. Um 2005 em diminutivo. Este vinho claramente perdeu face a todos os outros. Menos expressivo, apoiado na tosta da barrica e nas notas florais e expressivas da Touriga Nacional. Este e o 2003 foram os que mais Touriga me lembraram. Um pouco sem alma. É um bom vinho, mas longe de ser um vinhão.
Nota 16,5

Nota +++++ para o projecto Vale Meão 2007 e 2007 Vintage.


O menú proposto foi:

Para o Quinta de Porrais 2007, MUITO melhor que o 2005 e 2006.
Salmão Curado com Espuma de Aneto

Spring Roll de Cogumelos

Sformantino de Parmiggiano Reggiano

Lombinho de Bacalhau com Aioli

Empada de Vitela e Morcela

Panna Cota de Chocolate com Caramelo de Ananás.



Um momento fantástico, para mais tarde recordar... e porque não repetir?

Obrigado a todos pela vossa presença e pelo vosso entusiasmo.

domingo, fevereiro 15, 2009

Revista de Vinhos - Os melhores do ano 2009

Pela terceira vez consecutiva estive presente no Jantar d'Os Melhores do Ano. Este ano o convite azul não enganava. Azul, só podia ser na cidade do Porto. Estacionado o carro mesmo ao lado da Alfândega, dado o nó na gravata cor-de-rosa, lá fui eu para mais uma noite de grande sacrifício. Estar sentado ao lado de 800 maluquinhos do vinho, tudo em real cavaqueira... e ter que beber uns 2500 vinhecos...enfim!

Os prémios, quanto a mim pouco consensuais... mas é de opiniões distintas e bem justificadas que o mercado cresce, amadurece e se motiva para fazer mais e melhor. Estes prémios, são provavelmente os mais importantes a nível nacional.

Novidade foi o anúncio do novo site da Revista de Vinhos e respectivo fórum!
Graças a este anúncio foi possível saber os prémios antes de serem anunciados... através dum PDA com Net se conseguia ver! Resultado: na nossa mesa não havia quem apostasse que era X ou Y. Somos piores que as crianças, não conseguimos esperar...

Assim aqui ficam os Óscares, como alguém da redacção da Revista de Vinhos disse!



PRODUTOR REVELAÇÃO DO ANO (ex-aequo)
Vale d’Algares
Herdade do Rocim

PRODUTOR DO ANO
Soalheiro

COOPERATIVA DO ANO
Adega Cooperativa de Borba

EMPRESA DO ANO
Esporão

EMPRESA DO ANO (VINHOS GENEROSOS)
Sogevinus

ENÓLOGO DO ANO
Rui Reguinga

ENÓLOGO DO ANO (VINHOS GENEROSOS)
Pedro Sá

VITICULTURA
Jorge Böhm

ORGANIZAÇÃO VITIVINÍCOLA DO ANO
Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes

ENOTURISMO DO ANO
Paço dos Cunhas de Santar

GARRAFEIRA DO ANO
Garrafeira Nacional

LOJA GOURMET DO ANO
Club del Gourmet do El Corte Inglés

RESTAURANTE DO ANO
Tavares

RESTAURANTE DO ANO (COZINHA TRADICIONAL PORTUGUESA)
Ribamar

ESCANÇÃO DO ANO
Bruno Antunes

PRÉMIO ESPECIAL GASTRONOMIA
Gabriel e Amor Fialho

SENHOR DO VINHO
Mário Neves

CAMPANHA PUBLICITÁRIA DO ANO
Murganheira


PRÉMIOS DE EXCELÊNCIA
Espumante

Murganheira Vintage 2004


Vinhos Verdes

Alvarinho Anselmo Mendes Branco 2007
Muros de Melgaço Alvarinho 2007
Quinta do Soalheiro Alvarinho Reserva 2006


Douro

Aneto Grande Reserva Tinto 2006
Barca Velha 2000
Charme 2006
CV - Curriculum Vitae 2006
Duas Quintas Reserva Especial 2004
Poeira 2006
Quinta do Crasto Touriga Nacional 2005
Quinta do Noval 2005
Quinta das Tecedeiras Reserva 2005


Dão

Four C 2005
Quinta dos Carvalhais Único 2005
Quinta da Garrida Touriga Nacional Reserva 2005


Bairrada

Encontro 1 Branco 2007
Kompassus Private Collection Baga 2005


Península de Setúbal

Hexagon 2005


Alentejo

António Maria 2006
Avó Sabica 2004
Cortes de Cima Reserva 2004
Esporão Private Selection Garrafeira 2005
Júlio B. Bastos Alicante Bouschet 2004
Vinha de Saturno 2004


Vinhos Generosos

Burmester Vintage 2005
Burmester Tordiz +40 Anos
Kopke Colheita 1957
Offley Barão de Forrester 30 Anos
Quinta do Vesúvio Vintage 2005


Os meus parabéns à Revista de Vinhos por mais uma excelente gala e claro ao Hélio Loureiro, pelo menú apresentado (a cada ano que passa melhora muito a qualidade dos pratos, esperemos que assim continue!). Além dos aperitivos foi servido:

Lombinho de Bacalhau sobre Esmagado de Batata e Alheira de Caça, Emulsão de Tomilho Limão e Azeite.
Lombo de Novilho com Arroz Caldoso de Grelos e Feijão Encarnado
Mini Pão de Ló em Massa de Brick e Colher de Queijo Serra da Estrela e Palito de Queijo de são Jorge
Trilogia - Caixinha de Chocolate com Mousse a 85% de Cacau Michel Cluziel, Tartelete de Amendoas e Framboesas Frescas, Quindim de Côco com Cereja.

Só me lembrei de tirar uma foto logo no início....

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Lavradores de Feitoria Sauvignon Blanc e Viosinho 2007

Se há empresa de que me orgulho de a ver crescer, de criar vinhos e de ser bem recebida por nós, mortais consumidores é esta. Aquilo a que chamávamos Cooperativas, que foi o "ganha-pão" de muitos pequenos lavradores espalhados pelo país nos século anterior, hoje em dia não está na moda... Muito menos no Douro onde apenas um par delas produz vinho, e que nós, enófilos atentos e cheios de "porras" não consumimos. Falo-vos por exemplo da Adega Cooperativa de Alijó, de Murça, de Favaios... Enfim, vinhos de segunda dizemos nós, enófilos!

No entanto, a Lavradores de Feitoria não segue as mesmas linhas orientadoras duma típica Cooperativa, no entanto a sua forma de actuar pode ser encarada como tal. Eu gosto-lhe de chamar a Cooperativa do Futuro. Para perceberem o que estou a dizer, e para não repetir mais uma apresentação igual e repetida a tantas outras já feitas, nada melhor que ver o original em www.lavradoresdefeitoria.pt

Falemos de vinhos.
Mais abaixo, aqui no blog, tenho a nota de prova do topo de gama, o Lavradores de Feitoria Grande Escolha 2005. Agora, falo-vos do resto da equipa.

Lavradores de Feitoria Três Bagos Sauvignon Blanc 2007
Este branco é pra mim sempre um contrasenso. Não tenho grande empatia com esta casta, no entanto, este Sauvignon é um vinho que me dá muito prazer beber e até me dá vontade de preparar um prato que eleve a frescura e exuberância. Tenho provado "teóricamente" os melhores Sauvignon's em extreme do mundo, e mesmo assim não me dizem grande espingarda.
Nariz muito inebriante, com relva cortada, muito maracujá e fruto tropical fresquíssimo. Com um corpo de realçar, o vinho tem uma acidez média-alta, resistente e muito citrina. As notas de ananás e de alperce são irresitíveis. A madeira está muito leve, mas dá-lhe alguma cremosidade e balance na boca. A frescura quase irritante e a exuberância q.b. fazem-me transportar para um fim de tarde de verão a ver o sol a beijar o mar como prelúdio de uma noite de alegria com uma brisa fresca marítima. Um belíssimo branco do Douro, no seu estilo único.
Nota 17Justificar completamentePreço 8/9 euros

Lavradores de Feitoria Três Bagos Viosinho 2007
Um extreme de Viosinho, coisa rara no Douro. Embora não tenha sido provado lado a lado com o Sauvignon, no nariz é bem mais tímido. Marcado um pouco pela tosta da barrica, envolvida com frutos brancos maduros e flores. Mostra alguma frescura vegetal, mas o carácter deste branco é mais de meia-estação, com alguma complexidade, não tão focado na frescura citrina. Na boca mostra-se sedutor, com toques de baunilha, acidez a segurar e a marcar um perfil intenso, saboroso e de frutos maduros. Para estreia, está muito bem.
Nota 16
Preço 10 euros

Voltarei para falar dos tintos, esta semana... maybe.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Paz e Aliança

Por vezes a ida à garrafeira torna-se um jogo ao estilo one shot. Escolher entre um vinho que sei que se bebe muito facilmente, aromas bonitos e atraentes e que quem está comigo o vai adorar e açambarcá-lo num ápice, ou então escolher um vinho mais clássico, com aromas menos agradáveis, que vai fazer as pessoas pensar antes de os beber. Ambos dão prazer, mas um é imediato e outro é preciso saber procurá-lo. É como uma rapidinha e o sexo tântrico.

Tirei do pequeno sono um Vinha Paz 2006 e um Quinta das Baceladas 2004.
Dois vinhos distintos no estilo, mas com grande nível e relação qualidade preço.

Vinha Paz 2006
No nariz, a presença da Touriga Nacional, bonita e delicada mostra-se logo. Violetas, alfazema, aromas químicos e muita jovialidade. O aroma acorda qualquer nariz mais preguiçoso. A madeira vem-se mostrando aos poucos, com alguma baunilha e ligeiros tostados.
Na boca bebe-se com muito prazer, com uma acidez perfeita, sem deixar o vinho caír num caldo tremendo de frutos bem maduros e flores comestíveis. Equilibrado, perfumado e com um final de boca médio. É esta a razão que faz com que os vinhos do Dão são os mais gastronómicos possíveis. Adoro beber este vinho com arroz de polvo, com bacalhau, com vitela estufada, com tudo!
Nota 16,5

Quinta das Baceladas 2004

Lote típico de Bordéus,Cabernet e Merlot mas temperado com Baga.
No nariz mostra logo uma austeridade e aromas menos bonitos. Pimento verde, pimenta preta e ligeiro toque de cinza. Alguma borracha e fruto vermelho também por aqui andam. É um nariz que lembra perfeitamente Bordéus, que pede tempo no copo. Complexo e profundo.
Na boca, envolvente e muito equilibrado, com uma acidez com carácter vegetal. Muito chocolate preto e ligeiros toques de fumo. Taninos ainda bem presentes, com um perfil que dará mostras de durar pelo menos uns 5 anos. Dá-me muito prazer cheirar estes vinhos e dissecar o seu estilo, não cansam, pedem um prato simples para deixar o vinho falar.
Nota 17

No final, a garrafa de Vinha Paz estava vazia, a de Baceladas estava meia cheia, ainda bem. No dia a seguir soube-me muito bem. Dois vinhos muito equilibrados, que podem evoluir em garrafa, mas que dão muito prazer a ser bebidos desde já. Andam ambos pela casa dos 10 euros.