sexta-feira, setembro 18, 2009

Herdade do Esporão

A Herdade do Esporão, ou melhor Esporão é a palavra que em qualquer casa de boa gente vem para cima da mesa quando se fala de vinho Português. É pena é que essa tal boa gente beba Alandra e nos dias de festa lá abre um Monte Velho. Crise. É sem dúvida um império conquistado de forma democrática, justa e merecidamente.
Actualmente toda a imagem da marca foi renovada por Eduardo Aires, designer da Inbicta com quem já tive oportunidade de passar alguns bons momentos. Tenho a reconhecer que o trabalho que fez está muito limpo e irá vingar.

Provei o Vinha da Defesa Rosé, Branco e o Esporão Reserva e Private Selection.


Vinha da Defesa Rosé 2008
Aragonês e Syrah no lote, com uma tonalidade rosada alegre, a pedir mesmo um fim de tarde a apanhar sol.
No nariz mostra-se muito equilibrado e apetitoso, com morangos, cerejas e muito rebuçado floco de neve. Algum perfil vegetal para contrabalançar com a gulodice da fruta.
Boca com uma entrada com harmonia, delicado e com muitra fruta vermelha. Algum açucar residual dá-lhe vida para se beber a solo. Com alguma profundidade no final de boca mostra carácter e personalidade podendo também ser conjugado à mesa com alguns pratos exóticos.
Um rosé bem feito, com um perfil claramente alegre e jovial, mas ainda assim com identidade.
Nota 15

Vinha da Defesa Branco 2008
Arinto, Roupeiro e Antao Vaz, a chapa 3 do Alentejo.
Nariz muito fresco e pouco exuberante. Esperava um aroma típico deste lote mas aqui tudo está num registo mais fresco e limpo. A fruta está cá, mas não pesa, com muitos recortes tropicais. Lima e ligeira percepção mineral dão alegria.
Na boca o vinho continua com uma boa dose de frescura, com uma acidez média, onde a fruta impera, com sabores de frutos de caroço, sobretudo pêssegos. O vinho embora apenas se foque na fruta, dá prazer e bebe-se com facilidade sem enjoar, graças à acidez citrina que insiste em ficar. Bom final de boca, sólido e fresco.
Nota 15,5

Esporão Reserva 2008
Confesso que este é um branco a que recorro sempre que faço alguns pratos de inspiração Alentejana. Como vivo bem próximo do Pingo Doce, acabo por trazer várias vezes ao longo do ano este branco para o frigorífico. Considero um branco caro (para aquilo o preço médio dos brancos alentejanos), mas considero-o uma excelente relação qualidade preço. E nunca falha, quer no stock do supermercado, quer na consistência.
No nariz, a barrica mostra logo que esteve presente na vinificação, quer para dar complexidade quer para dar alguns aromas convincentes de boa tosta e alguma baunilha. Ligeiramente floral, com um perfume primaveril muito delicado, misturado com boas notas de fruta citrina.
Na boca, embora tenha estrutura e corpo q.b. não me parece ser um branco de inverno como já apelidei a algumas colheitas anteriores. Este 2008 está, apesar da tosta e da untuosidade, muito fresco, com uma boa acidez, onde a fruta tropical e citrina proporcionam uma boa prova de boca. Final rico, muito saboroso e sempre com a acidez a segurar o conjunto. Fresco e elegante. Surpreendeu-me bastante, estava a espera de outro registo. Espero que se aguente no inverno...e no Pingo Doce.
Nota 17

Esporão Private Selection 2008
Semillon, Marsanne e Roussane. Um lote Francês nas lides de um Australiano em pleno Alentejo. Projecto global. Este é o topo de gama dos vinhos brancos do Esporão. No nariz encontra-se uma complexidade aromática notável, ainda que muito tapada pela forte presença de barrica. Aromas maduros, fortes e muito gulosos de alperce, manga, muita tangerina e um toque vegetal de bom nível. A baunilha perturba um pouco sempre que se agita o copo e que a temperatura vai subindo. Um aroma claramente a precisar de decantação ou de algum tempo mais em garrafa.
Boca cremosa, untuosa, com muita matéria. Estruturado e com acidez média, mostra-se pouco elegante, com muita fruta e notas abaunilhadas. Final longo, complexo. Pareceu-me um vinho com alguns excessos, mas ainda assim com muita personalidade e perfeito para os adeptos de brancos de grande porte.
Nota 16,5

Tenho também actualmente na cozinha dois Azeites Esporão. O Selecção é simplesmente fantástico, principalmente para carnes (frias ou quentes). É um excelente finalizador de pratos. Perfil muito fresco e com sabor marcadamente picante e muito verde. Um azeite sério e com garra, de qualidade mundial. O Galega é um azeite bem mais ao estilo dos bons azeites portugueses, com aromas mais voltados para as ervas secas e para alguns frutos secos, não tão verde nem tão amargo. Muito bom para usar na confecção de pratos.

3 comentários:

  1. Já podes ir fazer mais uma soneca, atá ao mês que vem, hehe :)

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  2. Tens razão pá!

    Aqui deste lado faz-se algo que se chama trabalho... tenho as minhas prioridades...

    abraço e boas pingas aí pros lados de Loures.

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