quarta-feira, abril 15, 2009

Comer em bom Porto

Não são críticas nem reportagens, são apenas algumas crónicas sobre os tascos que me têm feito sentir bem no (grande) Porto. O Porto é mais que francesinhas e tripas. É mais que cervejarias e marisqueiras.

Pizzaria Casa D'Oro
Fui, num dia solarengo de Março à parte de cima do Casa D'Oro, ali bem perto da da base da Ponte da Arrabida. Está-se bem, o ambiente é informal, barulhento e perfeito para quem quer comer uma pizza de grande nível sem se preocupar com a etiqueta. Mesa corrida, estilo cantina, sem toalhas e outros adereços.
Água San Pellegrino, bons grisinis, acelgas salteadas com alho muito saborosas embora um pouco cozidas demais. Prefiro sentir, tal como no espinafre, um ligeiro "crack" ao trincar. Pedimos duas pizzas, os tamanhos são generosos, massa finíssima, crocante e muito bem trabalhada. De longe a melhor pizza do Porto e arredores. A minha com beringelas e parmesão estava simplesmente divinal. A outra, de cogumelos, estava bastante boa embora os cogumelos (brancos, de Paris) não fossem nada de especial, apesar de frescos.
Pizzas fantásticas, massa leve e muito delicada. A repetir, vezes sem conta. Pela minha parte, perdi vontade de ir a outras pizzarias cá no Porto. Al Forno, San Martin, Toscana e Meidin são boas, mas estas são fantásticas.

Degusto
É o restaurante onde mais vou na cidade do Porto. (Pra mim o Porto é Porto, Matosinhos, Maia, Gaia...) Cada vez mais prático e acessível. Degusto Easy! Se vos disser que por 19,90 comem entrada, prato e sobremesa... a la carte! E não é só aos almoços, é de Segunda a Sábado, non stop. É o restaurante para os wine-freaks, mas também um bom restaurante cosmopolita, bem decorado, capaz de funcionar muito bem para jantares de grupos, onde a farra impera, assim como consegue criar um recanto para dois, intimista e romântico. Já lá fui nas duas situações e é sempre top.
Algumas variações de dias para dias, a fasquia não está alta, mas a comida sabe bem e a apresentação é cuidada. Para quem lá for e não souber ao que vai, peça o Atum Marinado, a Tarte de Caça com palha de alho francês ou o Creme de couve-flor com amêndoa. Entradas muito apetitosas e bem confeccionadas. Se tiver estofo e muita fome, peça a Vitela “de comer à colher” sobre dobrada com feijão branco. A Vitela é simplesmente sublime, muito tenra, de comer à colher, literalmente! Cozinhada a vácuo ou a baixa temperatura, durante horas e horas certamente. Já a dobrada, metendo as tripas de lado, tem o feijão branco no ponto, mas o prato como é óbvio pesa um pouco. A dose é absolutamente pornográfica, como diz um amigo meu.
Serviço de vinhos irrepriensível, como sempre. Copos excelentes, pessoas informadas com o Sérgio Pereira a comandar a tropa. Pena é que os preços de alguns tenham começado a subir, sem razão aparente. Mas também não se pode ter tudo! Vai continuar a ser o meu restaurante. Sinto-me bem lá.

O Pombeiro
Junto à Rua de Vale Formoso, bem perto da Igreja Universal do Reino de Deus fica um dos restaurantes tradicionais mais porreiros que conheço no Porto. Não vamos lá para comer comida requintada, com grandes apresentações e nomes mais compridos que sei lá o quê. Aqui, no Pombeiro tudo cheira bem, tudo sabe bem e tudo é feito com boa matéria prima. Fantástica bola de carne, torrada no momento. Tostada e crocante sabe mesmo bem. Depois nos pratos é deixar-se levar pelas sugestões. Arroz de grelos com entrecosto. Alheira de caça com maçã e migas... Bom porco preto, fantástica costela mendinha... De realçar o site ww.restaurantepombeiro.com com um pop-up diário com a ementa. O vinho aqui não é o forte, o que é pena. Com alguma astúcia lá se leva uma garrafinha quando a mesa é grande. Come-se bem e barato. Nunca paguei mais que 15 euros. E saí de lá sempre bem aviado.

A Casinha
Junto ao Aeroporto. A Casinha é mesmo uma casinha. Sala bem decorada, com copos Schott de grande nível (não tem a linha mais barata, julgo serem da linha Diva). Os preços são um pouco puxadotes para o restaurante, mas também não são nenhum crime. Boas entradas, pãozinho cozido na hora (provavelmente pré-cozido e congelado). Alheira com grelos de fazer inveja a muita gente de Mirandela. Provavelmente a melhor alheira que alguma vez comi foi aqui. O Bacalhau com natas é genial. Pior é o tratamento nas carnes, principalmente no magret de pato. Queimado por fora e bastante passado por dentro, porque foi ao forno. Embora tenha pedido mal passado, veio excessivamente passado. Carta de vinhos muito completa, mas puxadita nos preços. É preciso saber escolher e perder algum tempo a ler a lista. Quinta da Dôna 2003 a um preço "normal" foi a minha escolha. Um bom restaurante, com um atendimento personalizado e muito educado pelo proprietário, Sr.Victor.