segunda-feira, dezembro 14, 2009

Quinta das Marias Brancos 2008

Volte-face. Excelentes nas anteriores colheitas, esquisitos agora.
Provei este dois vinhos há já uns meses, mas só agora venho aqui publicar as notas de prova. Provavelmente agora estarão bem melhores, contudo aqui fica o registo:

O primeiro, Encruzado 2008, feito em inox mostrou no nariz muito nervo, nervoso demais até. Com algum excesso de aromas vegetais, muito fechado e frio. Notei inclusivé, algum toque de sulfuroso que prejudicou a prova. Muita pedra e aromas citrinos. Na boca, estridente, com uma acidez muito boa. Boa estrutura, bem mais afinado no palato que no nariz. Final duro, mineral e com algumas flores brancas. Longe de ser um vinho harmonioso. Provavelmente, hoje, estará bem melhor.
Nota 15

O segundo, Encruzado Barricas 2008, mostra no nariz uma facilidade e uma abertura muito maior, com a gulodice da madeira a dar envolvência e sedução. Notas de fruto branco maduro, laranja, flores e um vegetal fresco muito apelativo. Com a temperatura e a oxidação a aumentarem, as boas notas fumadas tornam-se pesadas e o fruto cristaliza e pesa muito. Na boca, a cremosidade e a oferta de fruta é um pouco excessiva uma vez mais, muito vincado e muito expressivo. Nota-se um excelente aprumo na concepção deste branco, mas desta vez, na minha opinião, carregou-se um pouco demais na madeira e na maturação. Ainda assim bebe-se com algum prazer com pratos de carne. Se me permitem a analogia, diria que parece um Viognier. Como diz o JPM, é para apreciadores do estilo.
Nota 15,5


7 comentários:

  1. A região do Dão anda cada vez pior. É das regiões portuguesas, onde os produtores mais erram nos vinhos, parece que gostam de inventar sempre um bocadinho todos os anos, ou é na data das vindimas ou na adega. Os vinhos Quinta das Marias não são excepção. Nos brancos, até não está mal, mas podia tar muito melhor, comparando com colheitas de 2005, 2006, estes estão inferiores. Eu digo isto, não apenas da boca para fora, provo todos os vinhos, todos os anos, e noto esta decandencia. Nos tintos, o assunto é outro, estao cada vez mais compotados, muito alcoolicos. No rosé, não vou tecer explicações...o alcool mata.

    Um abraço Paulo Silva e Boas provas :)

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  2. Não partilho totalmente da tua opinião. A região do Dão está a passar por uma boa fase. Erros há em todo o lado, mas no Dão ultimamente tem saído coisas muito sérias. Roques, Vegia, Pellada, Falorca, Carvalhais... etc.

    Os tintos 2007 que já provei das Marias não estão decadentes, estão bons, mas acho-os um pouco excessivos demais. Quer no alcool quer na dose de fruta.

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  3. .......onde os produtores mais erram nos vinhos, parece que gostam de inventar sempre um bocadinho todos os anos.....

    Não estou nada de acordo com “anónimo” quando ele diz que estamos a errar porque estamos a experimentar. Um produtor que pretende fazer bons vinhos deve experimentar ! O meu primeiro Encruzado de 2006 foi fruta de um experimento como quase todos os vinhos que produzi desde 1999. Naturalmente corremos riscos de errar mas se queremos melhorar e satisfazer o mercado temos de correr este risco. Os resultados nem sempre agradam a todos os enófilos ou ao consumidor em geral. O caso do meu Encruzado Barricas 2008 é típico. Uns acham o vinho excelente e gostam muito, outros – como o Paulo Silva – não gostaram da evolução. Aceito humildemente qualquer critica e até estou muito contente em ver opiniões diferentes, assim tenho a certeza que os meus vinhos não são “mainstream” a agradar a todos.
    Abraço Peter Eckert Quinta das Marias

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  4. Caro Peter,

    não posso estar mais de acordo consigo.

    Se reparar, a frase que auto-cito a seguir explica quase tudo o que comentou há pouco:

    "Nota-se um excelente aprumo na concepção deste branco, mas desta vez, na minha opinião, carregou-se um pouco demais na madeira e na maturação. "

    Ou seja, noto cuidado e sentido de "ser" na produção deste branco.

    Quando digo "mas desta vez", o experimentalismo está mais que chapado nas minhas palavras! Desta vez foi assim, na próxima será diferente, para melhor desejamos todos nós! Aprecio muito os experimentalistas... e se tudo saísse perfeito, qual era a piada??

    um abraço para si Peter e para o anónimo revoltado com o Dão.

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  5. Caro Paulo Silva,

    Concordo plenamente quando diz que sou um revoltado com o Dão e tenho razões para isso... Para mim, ainda não é uma região de sonho, as mentalidades têm que mudar... Mas quando digo mudar, não é mudar para uma perspectiva futuristas e altruista. Para mim, inovar nos vinhos não quer dizer necessariamente fazer vinhos com expressoes internacionais, futuristas, novo mundo até. Nao, nada disso.

    O dão é uma região de tradições. Detesto encontrar em brancos novos do Dão, aquele cheiro intenso a erva, muita frescura, muita leveza de conjunto. NÃO! Um branco do Dão, evidencia a fruta que tem, a madureza que tem, a cor que tem.... Muito ainda teria para falar...

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  6. É desta interacção que o mundo dos vinhos precisa no nosso país.
    Paulo, continua! Este blog tem qualidade e precisa de mais atenção e trabalho para vingar. Esmera-te e verás!

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