terça-feira, novembro 06, 2007

Douro Boys - Os Quinta de Vale Dona Maria Tintos de 2005

Tarde e a más horas venho colocar a ultima levada de tintos provados na MasterClass do dia 5 de Setembro no Aquapura. Sem querer mostrar-me preguiçoso ao não querer apresentar a Quinta onde Cristiano Van Zeller e Sandra Tavares da Silva fazem os seus vinhos, sugiro que leiam este belo registo do próprio Cristiano, no seu site. Se tiverem paciência para o lerem, verão que vale a pena pois é uma bela apresentação.

Casa de Casal de Loivos 2005
Este rótulo, recordando a espectacular casa do Séc.XVIII que está instalada no cimo do Pinhão. Feito em lagares de granito, com estágio em barricas novas de carvalho francês durante 18 meses ( 50% novas). Mostra um aroma bem maduro, carregado de fruto vermelho, alguma esteva, com a madeira integrada com boas notas de tabaco e alguma baunilha. Na boca está bem volumoso, com alguns taninos secos e alguma aspreza no final de boca. Embora no nariz se preveja um estilo madurão, a acidez elevada traz alguma frescura no final de boca. São 3800 garrafas.
Nota 16

Quinta Vale Dona Maria 2005
Ícone do produtor, este vinho é fermentado os lotes separados em lagares, passando depois para barricas novas (70%) e usadas de várias casas de Carvalho Francês. Com um aroma austero e muito profundo, carregado de personalidade, nota-se muita fruta preta refinada e alguma dose mineral. Excelente madeira, tom especiado e aroma a café fresco trazem ao conjunto um nariz muito complexo e fresco. Na boca está muito fino, com taninos luxuosos, estruturado q.b. conseguindo ter uma elasticidade enorme, pois a elegância é ponto assente, apesar do bom volume de boca. Acidez elevada mas não exagerada, num final longo e mineral. Para quem já esteve no Douro sabe que não é fácil fazer 20.000 garrafas desta qualidade.
Nota 17,5

CV-Curriculum Vitae 2005
Topo de gama, feito com todos os cuidados e criteriosa selecção, este vinho provém de vinhas velhas ( 80 anos), viradas de Norte a Oeste. Estagiado em 100% de barricas novas, e com 15%Vol mostra um aroma elegante, muito fino, cheio de terroir, ainda mais persuasivo que o anterior, mas também um pouco mais fechado, a pedir mais atenção. Chocolate, tabaco fresco, fruto preto e algum floral dão-nos ideia de uma complexidade em ascenção. A madeira está bem vincada e dá uma ideia de requinte. Na boca, mostra um estilo bem estruturado, cheio de vigor, com taninos elegantes. Acidez uma vez mais fantástica, tostado, com um final longuíssimo e muito profundo nas notas especiadas. Grande vinho, cheio de expressão do Douro.
Nota 18

Van Zellers 2004
Este vinho é uma nova marca, a um preço mais acessível ( 15 euros). Feito com vinhas novas ( 7 a 20 anos, com estágio em barricas de carvalho francês de 2º ano. Bem mais quente no aroma, com notas tostadas, café, erva seca e alguma componente vegetal a mostrar um estilo completamente diferente do produtor, e do ano de colheita claro. Um pouco marcado pela madeira e pelas notas tostadas, quer no aroma, quer no palato. A fruta está presente, com um comportamento na boca polido, já arranjadinho para se beber, com bom volume de boca. Taninos calmos, acidez bem colocada, dá-nos um final mediano, fumado e com notas de terra bem marcadas. Um vinho a conhecer, mas que não prima pela diferença. 5750 garrafas.
Nota 15,5

8 comentários:

  1. Paulo espero que nao leves a mal este pequeno reparo...O Casal de Loivos, se nao me engano, nao e o entrada de gama deste produtor. E um vinho de uma vinha propria...Espero, novamente, que nao leves a mal mas provei as edicoes anteriores e nao concordo com as tuas pontuacoes relativas ao Casal de Loivos e Vale D. Maria. Nao acho que o Vale D. Maria seja um vinho assim tao melhor que o Casal de Loivos. Tenho-o achado ate mais obvio, mais facil e...mais caro. Se no Casal de Loivos o 16 me parece acertado ja o 17,5 do Vale D. Maria acho-o demasiado.
    Sei no entanto que e a tua avaliacao e respeito-a. Espero que nao leves a mal este pequeno comentario que vem na sequencia de topicos anteriores, noutros espacos de vinho, sobre as pontuacoes elevadas que se tem dado a certos vinhos nacionais. Eu as vezes faco a comparacao com as notas na faculdade - um 16 e sinonimo de um muito bom exame...e 17,5 contam-se pelas maos e e, ou era, dado so na presenca de excelencia.

    Abracos
    Pedro Guimaraes

    p.s.-falta de acentos deve-se ao teclado "estrangeiro"

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  2. claro que não levo a mal. Respeito sempre a tua opinião.

    Quanto ao Casal de Loivos já altereia informação, e agradeço o reparo. Quanto às notas, acho que o Casal de Loivos é um vinho agradável, de boa qualidade, mas um pouco caro para o preço.

    No entanto, prefiro e noto muito mais qualidade no Vale Dona Maria. Mas isto é a minha parca experiência a falar. Mas sempre que provei estes vinhos em conjunto achei o Casal mais extraído, mais enjoativo... Daí a diferença de 1,5 valores. Não só por esse facto, mas esse é um dos fulcrais.

    Falando agora nas notas, na minha escala, um vinho BOM vai até 16,5. Um muito bom vinho começa na nota 17. A partir de 17 temos aquele vinho que nos dá prazer e que o queremos abrir só no fim de semana na companhia de quem o merece.
    Já tinha dado conta das notas elevadas que por vezes damos, mas para já tenho a fasquia nos 17. Se é que entendes o que quero dizer com fasquia.

    Temos pessoal que tem a fasquia um pouco mais abaixo, como é o caso do Pingus, certamente que um 16 para ele equivale a um 17 meu... talvez não sei...


    Abraço Pedro e que dês a tua opinião mais vezes.

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  3. Compreendo e aceito a tua escala e avaliacao, de facto o Vale D. Maria enquadra-se naquele tipo de vinho que descreves-te. E mais uma questao de escalas que outra coisa. No entanto ficasse com pouca margem de manobra para "outros" vinhos...
    Faco votos que continues o teu bom trabalho com este espaco e, sempre acompanhado de boas pingas...

    Abracos
    pedro Guimaraes

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  4. Meus caros,

    O facto das notas serem, por vezes, muito altas nos wine-blogs, também pode ser justificada com o facto dos vinhos provados serem bons... i.é, os bloggers, enquanto apaixonados por vinho, têm a tendência (e a oportunidade) de provar e beber muito bons vinhos e, por isso também, muitas notas são altas.

    Prova disso mesmo é o facto de numa prova como a "MasterClass" dos Douro Boys ser muito difíl atribuir notas baixas, uma vez que os vinhos são bons que se farta.

    Abraços,

    N.

    PS: contudo, a questão da pouca margem de manobra é interessante. Eu, por vezes, sofro com isso...

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  5. Caro Nuno

    Compreendo o teu ponto de vista e nao quero parecer anti-nacional (muitas vezes parece que o portugues e o primeiro contra Portugal)- nada disso aqui. Eu gosto bastante dos nossos vinhos, do caracter unico que tem, da diversidade de terroirs e da constante melhoria que vem tendo ao longo dos anos. No entanto parece-me que alguns vinhos sao excessivamente pontuados e consequentemente excessivamente caros para os vinhos que sao.
    Como apaixonado do vinho ha ja muitos anos tenho provado bastante do que se faz ca dentro e como vivo no estrangeiro, de momento, tenho tambem provado muito do que se faz la fora, nomeadamente a Franca (da qual sou um apreciador dos seus vinhos). Se ja temos vinhos que equivalem em qualidade aos vinhos de topo que se fazem em Franca ou Italia, ainda temos muitos vinhos que vivem da exaltacao da critica, do consumidor influenciavel pelo preco alto ou mesmo do comercio enganador.
    A meu ver os blogs tem tido um papel importante contra esta tendencia. Como enofilo espero que continuem...

    Abracos
    Pedro Guimaraes

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  6. Caro Pedro,

    Em França existem dos melhores vinhos do mundo mas a um preço geralmente muito superior aos portugueses. A colheita de 2005 em Bordéus é paradigmática...

    Concordo consigo, talvez exista uma inflação nas nossas notas... mas é curioso que os críticos estrangeiros são os primeiros a atribuir notas muito altas a tintos portugueses (e um ou outro branco), os quais entram nas listas do 100 melhores do mundo (as mesmas listas onde, no ano passado, não havia nenhum vinho espanhol).

    Quer isto dizer: alguns vinhos portugueses - como sucede em todo o Mundo - andam, de facto, sobrevalorizados - tens toda a razão! Mas outros são mesmo bons e não espanta, por isso, que recebam 96 ou 94 pontos nas revistas internacionais da especialidade. Estas (revistas) podem andar erradas durante algum tempo, mas não sempre...

    Um fortíssimo abraço,

    Nuno

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  7. Bordeus 2005 chega a ser pornografica, muito por culpa da imprensa profissional (RP/WS/WE). Mas tambem e um bom exemplo do que eu estava a dizer - ha uma quantidade de vinhos "medios" a um preco louco porque o rotulo diz Bordeus, diz Gran Cru, diz 2005...
    Por isso digo que e importante haver alguma contencao/seriedade nas notas (especialmente na critica "profissional") que sao dadas aos vinhos de forma a nao se criarem "primas-donas".
    Mas tambem acho que muitos vinhos portugueses merecem essas pontuacoes elevadas. Vou dar aqui um exemplo, espero que nao me levem a mal: Vale Meao 2004. Muito Bom? Sim. 97pontos? acho que nao...
    Penso que deveu-se tambem ao factor novidade que nos deviamos aproveitar ao maximo para chamar a atencao dos nossos vinhos e ganhar posicao como um pais produtor de vinho diferenciado e com qualidade.
    Voltando ao Vale Meao, parece que a colheita de 2005 (segundo alguma critica e produtores) ainda e melhor, fruto talvez do clima, mas tambem do saber acumulado e do dominio do produtor sobre a vinha e tecnica adequada. Neste caso o mesmo vinho em 2005 iria aos 98/99 - perfeicao!!! Eu por mim acho que daqui a 20 anos estes novos produtores irao fazer ainda melhores vinhos fruto do tempo...Talvez seja melhor alargarmos a escala para 150.

    Abraco

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  8. Um vinho X tem numa determinada colheita 18 valores e é considerado o melhore de sempre da mesma marca. No ano seguinte sai novo vinho e é novamente considerado o melhor de sempre... curiosamente a nota não altera...

    Sou completamente de acordo com a opinião do Pedro quando diz que o excesso de 18 a vinhos de Portugal que por aí moram em revistas, guias etc
    Eu também me assusto com esses números e quando provo este ou aquele exemplar penso, mas afinal se este merece esta nota o outro onde fica... pois é o deslumbramento e euforia por vezes sentido quando se apanha algo de melhor é tal que não temos isso em conta.Não vamos esquecer, sempre que provamos um bom vinho, temos sempre um melhor à espera.

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