segunda-feira, junho 16, 2008

Herdade da Malhadinha


Estive num destes fim-de-semanas de Primavera, infelizmente bastante chuvoso, na Herdade da Malhadinha Nova. Este é um dos produtores do Alentejo que sigo com bastante atenção e já quase há dois anos que tencionava pisar o terroir da Malhadinha. Definir a Herdade da Malhadinha numa única palavra é muito difícil. Arrisco o termo Novo-Mundo. Para quem vê o Travel Channel, ou para quem já visitou produtores na Austrália, Estados Unidos facilmente perceberá porquê.


Passsei 2 dias sempre com o sol dentro de mim, ainda que São Pedro teimasse em não dar espaço a um único raio de sol. A família Soares irradia felicidade e alegria. Ainda hoje me recordo de ver o Pequeno João a pedir ao pai para conduzir a empilhadora, com um sorriso de criança estampado na cara.

O Country House, moderno e novíssimo espaço de alojamento turístico rapidamente conquistou a imprensa, facto que é merecido. (Foi chave de Ouro na mais recente dição do BoaCamaBoaMesa do Expresso). A casa é um mix de ruralidade e vanguarda. Todos os quartos são mobilados com peças antigas, com roupeiros toscamente pintados de cores básicas. O chão é de tijoleira clássica, mas aquecida. A cama é nada mais nada menos igual às camas do grupo Sheraton, tamanho XXL e ultraconfortáveis. O pequeno almoço, imperial e cheio de pormenores deliciosos.

Aqui, é possível fazer todo e qualquer tipo de actividade, o céu é o limite. Como é normal cada desejo tem o seu preço, desde a simples prova de vinhos ao excêntrico passeio de balão. Voltando uma vez mais ao jeito tosco e delicioso da Herdade, ao ver uma Renault 4L ao fundo, perguntei se podiamos dar uma voltinha nela para voltar aos tempos em que a minha mãe me levava à estação de comboio naquele fantástico bólide. A resposta da Rita foi qualquer coisa assim:
"Claro que sim! Ainda há uns tempos, tivémos aqui um grupo de pessoas citadinas, que pensavam que vinham para aqui sem sujar os sapatos, eu meti-as na 4L e eles adoraram!"


Quanto ao restaurante da Herdade, liderado pelo jovem Chef Artur Carneiro que trabalhou 4 anos com Aime Barroyer no Valle Flor. A cozinha tem duas vertentes. Tradicional alentejana, com cuidado na apresentação e primor na escolha da matéria prima, funcionando melhor para o almoço. Para o jantar, e com a luz a meio gás, é inevitável a viagem ao mundo mágico de qualquer Chef, ou como está em voga se dizer, ao mundo da Cozinha Gourmet. Comi ao jantar, porque a palavra é mesmo essa, a melhor carne de vaca da minha vida. Tenra e com um sabor único. Estou disposto a encontrar uma melhor. A marca do Novilho é Malhadinha, 100% Alentejana que pasta nas encostas da Herdade. Os preços dos vinhos no restaurante são iguais aos PVP's. É possível beber um Malhadinha 2006 tinto por 29 euros. Foi-me dito, e as garrafas já estavam a chegar, que a carta vai ter nomes de peso como Chateau Margaux, Cheval Blanc, Mouton Rothschild...


A adega, moderna e arejada tem um processo de vinificação por gravidade, onde as uvas são descarregadas na parte de cima, sendo depois desengaçadas, fermentadas todas em grande cubas de inox, indo depois, dependendo do que se queira fazer para barricas. Provei os lotes de tinto de 2007, todos vinificados em separado. (à boa maneira Novo-Mundo) Ficaram-me na memória a nobreza e distinta força do Alicante Bouschet, caixinha de surpresas do Syrah, muito complexo e com o aroma a mudar a cada volta que o vinho dava no copo. Lembro ainda um excelente Aragonez, com garra, muito fino e notas muito curiosas de banana.

A Malhadinha merece uma visita atenta e se possível na presença de toda a família. Com eles, o fim de semana é certamente energético e bem capaz de carregar baterias para muitas semanas de lixo urbano. A eles, agradeço o facto de ainda ter bastante combustível para enfrentar a vida dura da cidade. Foi um fim de semana fantástico.

PS - Em breve publico as notas de prova dos novos vinhos da Malhadinha

1 comentário:

  1. Estive lá no fim de semana de 21 e 22 de Junho, e adorei. Vou voltar no começo de Outubro, que está mais fresco.

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