domingo, dezembro 30, 2007

Até 2008!









O Vinho da Casa deseja a todos os leitores um feliz 2008.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Azamor Petit Verdot 2004 e Select Vines 2004

Depois de provado o Azamor 2004, apresento agora os outros dois vinhos que completam a gama dos vinhos de Allison e Luiz Gomez de Vila Viçosa. O primeiro é um varietal de Petit Verdot, com 50% do vinho a estagiar em barricas de Carvalho Francês. É uma casta originário de França que a pouco e pouco vem entrando para os nosso vinhedos. O outro vinho é uma selecção das melhores uvas da colheita de 2004, com o lote de Syrah, Alicante Bouschet, Touriga Franca e Trincadeira a ter estágio de 30% em barricas de Carvalho Francês e Americano.

Azamor Petit Verdot 2004
Com 13,5%Vol e uma bonita cor carmim de boa concentração.
No nariz, o primeiro impacto é claramente distinto, com muita pimenta verde misturado com perfume floral. Com uma frescura nervosa, vão se soltando ao lado de uma tosta ligeira, aromas balsâmicos e algum couro. A fruta está cá presente e por vezes confunde-se com iogurte de frutos silvestres algo incomodativo, que acaba por enjoar um pouco.
Na boca, mostra-se fino e não muito encorpado, com uma frescura notável devido a uma acidez elevada. Chocolate preto, ligeiro vegetal e café trazem suavidade ao palato. Taninos bem redondos. O final acaba por pecar por pouca profundidade, com perfil fresco e mineral, apoiado um pouco ainda pelas notas tostadas da barrica. Um vinho que já se mostra bem redondo para ser bebido, mas que talvez apure ainda melhor em cave.
Nota 16

Azamor Selected Vines 2004
Com 14%Vol apresenta uma cor ruby mais carregada que o P.Verdot.
No nariz, o possível afastamento uma vez mais de terras Alentejanas é rapidamente desmentido. Aqui temos um aroma mais tórrido, austero e expressivo. Cheio de compotas de amoras, ameixas, alguns fumados, pimentão seco e muita especiaria trazem um nariz algo complexo. Alguns químicos e um fundo fresco mentilado mostram que a juventude ainda cá está.
Na boca, encorpado e com uma entrada acetinada, apesar de ter potência e estrutura, está tudo apoiado em alicerces elegantes. Os taninos finos dizem isso mesmo. A acidez é mediana mas chega para suportar, não deixando caír o vinho para grandes enjoos. Um vinho requintado e com alguma Nobreza na forma de se mostrar. Final longo e de boa intensidade, repleto de fruto vermelho, com alguma doçura que o torna bem apetecível. Talvez pareça que se aguente melhor em cave do que o Petit Verdot, devido à sua austeridade, mas provavelmente bebê-lo já é a melhor opção. É que dá muito prazer! Belo vinho.
Nota 17

terça-feira, dezembro 18, 2007

Luz e Sombra

Pedro Abrunhosa, aquando do lançamento do seu novo álbum, lançou dois vinhos em parceria com Dirk Niepoort. Luz é o nome do álbum, Luz é o nome do vinho branco, e como onde há luz também há Sombra, Sombra é o nome do tinto... No entanto, Luz e Sombra são marcas que não puderam ser registadas, portanto os dois vinhos ficaram com o nome original de Rótulo. De realçar os excelentes rótulos, inspirados na capa do álbum do cantor Portuense, mas em vez da pena, aparecem duas lâmpadas, e porque hoje em dia é preciso consciencializar o consumidor, a lampada não é incandescente, é uma lâmpada economizadora! Há quem pense em tudo...

Luz 2006
Sobre o Luz, foram seleccionadas algumas barricas dos lotes de 2006 que estavam destinadas ao Redoma e ao Redoma Reserva. Ambos os vinhos, são feitos exactamente da mesma forma, embora Luís Seabra e Dirk já saibam quais são as vinhas que têm potencial para Redoma Reserva... As que estavam na dúvida, parece que foram para o Luz. É portanto um vinho com tiques de Redoma Reserva e com alma de Redoma.
No nariz nota-se um corte aromático de boa classe, com notas de fruto branco, flores e bolacha. Com a madeira a dar algum suporte, com uma tosta presente. O perfil é fresco e com fundo mineral, não muito exuberante, mas sério e elegante. A madeira está um pouco presente, mas não perturba.
Na boca, tem uma entrada bem genuína, com bom corpo e untuoso. Bastante mais equilibrado o binómio vinho/madeira, com fruto maduro em boa dose, amendoado e alguns citrinos refrescantes. É um branco com bastante largura de boca, perfumado, harmonioso e cheio de classe. Fresco e profundo, impera o equlíbrio. O final de boca, mineral e citrino, com alguma mineralidade, é longo e persistente. Está pronto para ser bebido, no meu entender com mais garra que o Redoma 2006 branco, e mais prontinho que o Redoma Reserva 2006, que quando o provei ainda estava a precisar de se compôr.
Nota 17

Sombra 2005
O Sombra foi feito um pouco ao estilo do ícone Charme. Esse facto nota-se logo na cor, pouco concentrado, brilhante e que rapidamente nos faz apontar atenções para um vinho mais delicado.
No nariz, a subtileza dos aromas acorda-nos logo, nada de bombas de fruta, de exuberâncias extremas... Antes fruto vermelho delicado, notas de café, erva seca, chocolate e um ligeiro aroma a couro. Bem delineado pela madeira, ao estilo Charme. Envolvente e complexo, dá de vez em quando umas lufadas de frescura, com mineralidade e ligeiro vegetal.
Na boca, suave e requintado, com toque da barrica de grande nível, fruto discreto, a frescura está presente com uma boa acidez. Corpo ligeiro com taninos sedosos. Nota-se que lhe falta a classe das vinhas velhas do Charme, pois a profundidade apesar de ser grande, não é assombrosa. Final complexo e delicado, apoiado em boas notas tostadas e especiarias.
Um vinho a mostrar que o Douro não caminha todo na mesma direcção.
Nota 17,5

Em suma, o álbum do Pedro Abrunhosa foi brindado com dois belos vinhos, embora eu tenha uma ligeira preferência no Sombra.

terça-feira, dezembro 11, 2007

DFJ Alvarinho&Chardonnay 2006

Voltando à empresa DFJ, desta vez provando um vinho branco da Estremadura. É um lote não muito típico, talvez único no país, misturando 50% de Alvarinho e 50% de Chardonnay.

Com 13%Vol apresenta uma cor amarelo esverdeado, brilhante e de boa intensidade.
No nariz, mostra-se no início muito fechado e pouco falador. Fresco e citrino, com algumas notas de raspas de lima e ananás e com um lado vegetal interessante. Com alguma oxigenação no copo, o Chardonnay parece querer-se mostrar com alguns aromas de mel, especiarias muito ligeiras e chocolate branco.

Na boca, muito incisivo e com bom corpo. Atraente nas notas frutadas e com alguma untuosidade. Ganha claramente com o tempo de prova, mostrando-se cada vez mais generoso e perfumado. Acidez mediana, mas sem prejudicar, pois o toque ligeiramente doce dá-lhe piada e é sustentado pelo bom equilíbrio do conjunto. Final com algum vegetal, harmonioso e com alguma classe. Um lote muito curioso e que resulta num bom vinho, capaz de surpreender e dar prazer. Se for decantado, o sucesso é garantido! Excelente preço para a qualidade.

Nota 16
Preço 5,40 euros

terça-feira, dezembro 04, 2007

Cortes de Cima

As Cortes de Cima, sempre apostaram em fazer vinhos monovarietais de qualidade. O ícone máximo será o mais que conhecido Incógnito, feito com 100% de Syrah. Dentro de um patamar bem mais acessível, 10/15 euros podemos encontrar bons exemplares de varietais deste produtor.
Provei o Aragonês 2003, o Trincadeira 2004 e o Syrah 2004.

Cortes de Cima Aragonês 2003
100% Aragonês e com estágio de 9 meses em Carvalho Americano (75%) e Francês (25%).
No nariz, com um impacto muito alegre, de perfil floral e bem maduro, mostra boas notas de flor de laranjeira, cereja, ameixa, alcatrão e um toque envernizado. Boas notas secundárias, com torrefação, leite creme e muita especiaria lembrando cravinho. Está bem fino no aroma, e denota classe.
Na boca, suave e amaciado na entrada, carregado de fruto maduro. De bom porte, mas até com alguma elegência no palato, não tão pesado como se esperava, graças a uma acidez até algo espigada. A madeira ainda está cá para dar prazer, com fumados e uma aragem torrada que volta a aquecer o vinho. Taninos já bem redondos e sem vértices. Final de boa intensidade, com fruto vermelho e especiado, mas com um ligeiro toque alcoólico. O estilo Cortes de Cima está cá e dá prazer. O vinho é que parece que não terá grande margem para evolução. Para mim, está no momento para ser bebido.
Nota 16
Produção 10.900 garrafas


Cortes de Cima Syrah 2004
Exclusivamente com Syrah, estagia 7 meses em barrica Americanas e Francesas.
No nariz, com um estilo bem austero e a precisar de atenção, mostra-se muito requintado com boas notas da madeira, chocolate preto, alcatrão e muito fruto preto. Com um aroma a fugir claramente para um Syrah bem maduro, extraído, complexo e com boa componente balsâmica. As especiarias voltam a marcar pontos, num tom envolvente e com classe. Um aroma distinto e digno de um grande vinho.
Na boca, guloso e extremamente atractivo, volta a mostrar boa dose de fruto, amoras e ameixa preta madura. Couro, chocolate preto e especiarias explodem no palato. Acidez equilibrada a trazer harmonia ao conjunto, sem deixar caír o vinho para doçuras extremas. Os taninos são finos e de grande nível, dão músculo ao vinho. Prazenteiro e apetitoso, bebe-se com muita alegria, sempre com a fruta e a especiarias lado a lado. Final surpreendente, longo e profundo, ligeiramente seco, com pimenta da Jamaica e notas tostadas a imperar. Um belo Syrah, expressivo e perfumado e com o álcool bem controlado apesar de ser elevado( 14,5%Vol.). Se este Syrah está assim, o que esperar do Incógnito desta colheita!
Nota 17
Produção 51.450 garrafas

Cortes de Cima Trincadeira 2004
Apenas com Trincadeira, estagia 9 meses em barricas de carvalho Francês.
No nariz, intenso e ainda algo fechado, solta muitas notas vegetais quentes, erva seca, casca de árvore. Com o tempo no copo, nota-se uma vez mais um perfil austero e com complexidade, a mostrar fruto vermelho maduro aos poucos. Tostados da madeira, fumo e ervas aromáticas embelezam o aroma, quase lembrando alecrim.
Na boca, não tão fechado como no nariz, mostra uma entrada sedosa, com taninos finos. Acidez média com uma boa dose do doçura no palato, cheio de chocolate, vegetal e fruto vermelho maduro, cerejas e framboesas. A suavidade no palato já vem sendo característico nesta casa, apesar da boa estrutura que sempre apresenta. Final longo e persistente as notas tostadas. Não há grandes pontas espigadas, apenas harmonia e classe, o que faz com que sejam vinhos com identidade, mas muito bebíveis e sempre capazes de dar prazer. Este é um vinho que ainda melhorará em garrafa, quer para o aroma se compor, quer para as notas vegetais acalmarem um pouco.
Nota 16,5
Produção 17.697 garrafas


3 varietais de bom nível, com o Aragonês a precisar de ser bebido, o Syrah no meio termo, pois já dá muito prazer e com o Trincadeira a pedir tempo! Muito bem!

quinta-feira, novembro 29, 2007

Alvarinhos 2006

Depois da prova que fiz o ano passado com os Alvarinhos de 2005, este ano voltei a repetir o mesmo, com Alvarinhos de 2006, todos em prova cega. Já se sabia que 2006 não tem sido um ano de excelentes vinhos, e que 2005 foi um ano muito especial para os Alvarinhos com excelentes pontuações. Este ano provei alguns vinhos que não tinha provado no ano passado. Vou colocar por ordem de pontuação, sendo que dois tiveram a mesma nota.

Quinta da Pigarra 2006
No nariz, carregado de fruto citrino e de boa dose vegetal. Fresco e elegante no aroma, aparece a dar alguma complexidade ligeiras notas de especiarias assim como um toque de fruto maduro. Está bem no nariz a mostrar um bom equilíbrio entre as notas frescas e jovens com um lado mais quente e amadurecido. Na boca, está mais tímido, com uma boa acidez, mas com a fruta meio escondida, num final seco, persistente, com vegetal e alguma mineralidade a marcar. Bem no nariz mas um pouco sizudo na boca. Talvez o Alvarinho mais típico dos que estiveram em prova.
Nota 15,5

Aveleda Follies 2006
No nariz, mostra logo um primeiro tom atraente, com muito fruto tropical. Boas as notas vegetais, frescas e bem integradas. Aroma fino e bem desenhado, torneado por um fundo citrino lembrando toranja. Na boca, mostra-se largo e com bom volume. As notas citrinas estão bem presentes. Perfumado e com alguma gordura, de acidez elevada faz-nos ter noção de um vinho de bom porte, mas bastante fresco. Final intenso, vincadadamente mineral. Belo Alvarinho!
Nota 16

Rolan 2006
No nariz é claramente o mais exuberante e diferente dos outros exemplares. Notas de casca de laranja, flores, folha de limoeiro, algum exotismo e uma curiosa lembrança de rebuçado. Está um aroma bem intenso e bastante arrumado. Na boca, mostra-se de bom corpo, com algum estrutura capaz de aguentar o inverno, acidez elevada. As notas de laranja voltam a imperar, assim como alguma especiaria. Final com alguma profundidade, saboroso e bastante persistente. Apesar de não ser de Melgaço/Monção ( é de Valença) merece todo o respeito e ainda bem que por ali há Alvarinho plantado! Uma surpresa!
Nota 16

Reguengo de Melgaço 2006
No nariz, este Alvarinho mostra-se também bastante típico, com algum floral, intenso nas notas minerais e citrinas. Tem um aroma mais sério e menos exuberante que os outros, talvez a precisar ainda de tempo para abrir. Na boca, mostra-se nervoso, com a acidez alta e cheio de fruto tropical, a mineralidade volta a trazer uma frescura intensa ao vinho. Enérgico na boca, pede-nos ou para evoluír em garrafa, ou para ser servido com umas entradas especiadas ou mesmo com alguns fritos. Final de bom nível, fino, longo e perfumado. O exemplar mais capaz de evoluír em garrafa.
Nota 16,5

terça-feira, novembro 27, 2007

Grand'Arte Alicante Bouschet 2005

Depois de apresentar a DFJ e o seu DFJ Merlot&Touriga Franca 2002, provo agora um monocasta de Alicante Bouschet, também da Estremadura. Esta casta, bastante bem trabalhada no Alentejo, dá origem a vinhos muito estruturados, cheios de cor e com muita identidade. Este Grand'Arte, é fermentado em inox, com estágio de 6 meses em barricas Carvalho Americano, Francês e Português.

Com 13,5%Vol tem uma cor rubi escuro profundo.
No nariz a primeira sensação é a de um vinho que parece que foi retirado no momento de uma barrica, não pelo exagero da madeira mas pelo impacto aromático jovem e muito crú. Cheio de notas mentoladas, químicos e muito fruto preto. A madeira está integrada e dá alguma graça ao conjunto, com uma tosta presente de bom nível que apoia as notas saltitantes e viçosas do lado frutado. Tinta da China e alguns fumados perfilam por este aroma nervoso e apelativo.

Na boca, bem mais calmo, com uma entrada harmoniosa, taninos bem maduros e muita, muita fruta preta. Acidez bem colocada traz alguma frescura. Torrados e achocolatados enchem-nos o palato com profundidade. Está um vinho bastante presente na boca, nada duro, com um perfil bem extraído, mas sem enjoar. Estilo after-eight e bastante extraído, parece fazer as delícias dos adeptos dos vinhos chamados de novo mundo. Apesar de todo o nervo que apresenta no nariz, na boca está muito bem. Final elegante e mentolado e com apontamentos da madeira. O final é surpreendente, fino e com classe. O Alicante Boushcet mostra-se muito bem, conseguindo ter um perfil próprio e bastante convincente. Belo vinho a um excelente preço! Certamente irá evoluír bem em garrafa.

Nota 16,5
Preço 7,90 Euros

terça-feira, novembro 20, 2007

JM 2006

Continuando na CVD Vinhos do Douro, tive oportunidade de provar o JM 2006, versão branco, depois do lançamento do JM Grande Escolha 2003 tinto. É um branco fermentado em inox, mas com estágio de 6 meses em barricas de carvalho. As castas são a Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho.

Com 13%Vol. apresenta uma tonalidade amarela, jovem e de média concentração.
No nariz, com uma entrada citrina e floral, bem harmoniosa com subtis notas tostadas. Um aroma equilibrado e apesar das notas da barrica, mostra-se fresco e primaveril, com algumas notas mais verdes, relva cortada, rebuçado de limão e um tom tropical. A madeira deu algum aconchego ao aroma, tornando-o bem harmonioso e com alguma complexidade.

Na boca, mostra-se com bom corpo, notando-se o trabalho da madeira a dar alguma untuosidade. A acidez é alta nunca deixando o vinho caír em doçuras ou em exageros da madeira. Parece no entanto faltar aqui alguma largura de boca, mais uma nota por escrever na pauta, pois o estilo está ligeiramente monocórdico. Suave e frutado, o final de boca peca um pouco, pois esperava-se mais alguma persistência e intensidade aromática. Apenas algumas notas citrinas e uns toques tostados. Uma boa estreia nos vinhos com estágio em madeira, e se se melhorar alguns aspectos, poderemos ter aqui mais um vinho com madeira do Douro de grande gabarito.

Nota 16
Preço 11 euros

Fagote 2006

Voltando aos vinhos de José Miguel Almeida (CVD Vinhos do Douro) provei o branco Fagote da colheita de 2006. É um vinho vinificado em inox, com as castas Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho.

Com 13%Vol apresenta um cor amarela esverdeada e brilhante.
No nariz, fresco e com entrada floral, flores brancas da primavera, muito alegre e perfumado. Fruta em boa quantidade, maça verde, com citrinos e alguma fruta tropical. Um aroma bem trabalhado, baseado na frescura, graças ao perfil mineral que tempera o conjunto.

Na boca, de corpo mediano, aposta num perfil redondo e fresco, com muitas notas minerais e uma acidez bem elevada. Esta boa acidez dá uma boa intensidade no palato, onde a fruta e um lado vegetal aparecem lado a lado. Final de boa duração, com frescura citrina. Um vinho bem mais equilibrado na boca que o seu antecessor, mais fresco e sobretudo mais alegre. À mesa, para umas entradas ou para pratos de peixe simples, é o ideal. Como melhorou, a nota sobe um pouco.

Nota 16
Preço 7 euros

terça-feira, novembro 13, 2007

Campolargo 2005

Este vinho, do produtor Bairradino com maior área de exploração da região, cerca de 170Ha, sofreu alterações desde a sua primeira colheita. Já foi um varietal de Pinot Noir, passou em 2001 para um vinho de lote, sendo nesta colheita de 2005 um vinho com 90% de Pinot Noir e 10% de Baga. Lógicamente, vinificados em separado, pois a casta borgonhesa é muito precoce e foi vindimada em finais de Agosto, enquanto que a Baga só no ínicio de Outubro/ finais de setembro é que atinge o seu estado ideal. Estagiou depois, o lote em barricas de carvalho francês até Fevereiro de 2007.

Com 14,5%Vol e uma cor granada de média/baixa concentração.
No nariz, exuberante e aliciante, mostra muitas notas de fruto vermelho, groselhas e morangos e um lado vegetal nervoso. Impressiona pela jovialidade, com a madeira bem presente e bem tostada, com notas de café, tabaco, cana de açucar tudo num nível elegante e fresco. Este aroma mostra já alguma complexidade, desenvolvendo no copo aromas subtis, podendo mesmo ficar o tempo que quisermos a tentar descobrir mais uma lembrança. Apesar desta exuberância, o vinho está fino e elegante no aroma, muito equilibrado e sem cansar.

Na boca, nota-se ainda a falta de maior ligação entre as partes, com a acidez ligeiramente espigada (típica do Pinot e da Baga jovens), com o álcool presente, trazendo um lado mais doce e quente. De corpo ligeiro mas bastante atraente, textura sedosa onde os taninos estão finos. A madeira está bem vincada, em conflito com a fruta fresca. O final é de bom comprimento, longo e saboroso, com notas de chocolate de leite e frutos secos. É um vinho muito interessante, largo, com o Pinot claramente a marcar pontos ( também são 90%), embora se note que precisa de tempo em cave para consertar o conjunto. Certamente valerá a pena esperar, principalmente porque não são muitos exemplares disponíveis... É um dos melhores exemplares de Pinot Noir do país, sem qualquer margem para dúvida.

Nota 17
Produção 3.600 garrafas

Quinta de Cidrô Chardonnay Reserva 2002

De um ano mau no Douro, apeteceu-me no outro dia, sentir o pulso a este branco, que quando bebido em novo, dá a sensação de ter potencial de guarda. A Quinta de Cidrô, perto de S.tem as vinhas de Chardonnay plantadas desde 1993, pertencentes à Real Companhia Velha. Por ser de uma casta não autorizada, no rótulo vem a informação de Vinho Regional de Trás-os-Montes, em vez de DOC Douro. 100% Chardonnay, é fermentado e estagiado em barricas de carvalho francês e americano durante 6 meses.

Com 13,5%Vol apresenta já uma bonita coloração amarelo escuro, com reflexos dourados.
No nariz, com uma boa componente de fruta madura, pêssego e manga, mostra-se ainda bem vivo, com alguma exuberância e frescura. A madeira já não tem as habituais notas de baunilha, mas nota-se que fez um bom trabalho e deu complexidade ao aroma. Forte componente vegetal, lembrando um dia chuvoso de outono, casca de árvore, mel e fumo.

Na boca, de corpo arredondado, gordo e com bom volume. Está num ponto extremamente apetecível, com a acidez equilibrada, nada caído, com boa dose de fruto exótico, especiaria e mel, com uma textura típica de um branco com algum idade. O final de boca é de bom comprimento, com notas de fruto maduro e algum exotismo. Um branco bem capaz de aguentar um prato de carne, ou um peixe assado no forno sem qualquer problema! Ainda está cá para as curvas. É preciso é ter sorte na garrafa.

Nota 16
Preço 8 euros

terça-feira, novembro 06, 2007

Douro Boys - Os Quinta de Vale Dona Maria Tintos de 2005

Tarde e a más horas venho colocar a ultima levada de tintos provados na MasterClass do dia 5 de Setembro no Aquapura. Sem querer mostrar-me preguiçoso ao não querer apresentar a Quinta onde Cristiano Van Zeller e Sandra Tavares da Silva fazem os seus vinhos, sugiro que leiam este belo registo do próprio Cristiano, no seu site. Se tiverem paciência para o lerem, verão que vale a pena pois é uma bela apresentação.

Casa de Casal de Loivos 2005
Este rótulo, recordando a espectacular casa do Séc.XVIII que está instalada no cimo do Pinhão. Feito em lagares de granito, com estágio em barricas novas de carvalho francês durante 18 meses ( 50% novas). Mostra um aroma bem maduro, carregado de fruto vermelho, alguma esteva, com a madeira integrada com boas notas de tabaco e alguma baunilha. Na boca está bem volumoso, com alguns taninos secos e alguma aspreza no final de boca. Embora no nariz se preveja um estilo madurão, a acidez elevada traz alguma frescura no final de boca. São 3800 garrafas.
Nota 16

Quinta Vale Dona Maria 2005
Ícone do produtor, este vinho é fermentado os lotes separados em lagares, passando depois para barricas novas (70%) e usadas de várias casas de Carvalho Francês. Com um aroma austero e muito profundo, carregado de personalidade, nota-se muita fruta preta refinada e alguma dose mineral. Excelente madeira, tom especiado e aroma a café fresco trazem ao conjunto um nariz muito complexo e fresco. Na boca está muito fino, com taninos luxuosos, estruturado q.b. conseguindo ter uma elasticidade enorme, pois a elegância é ponto assente, apesar do bom volume de boca. Acidez elevada mas não exagerada, num final longo e mineral. Para quem já esteve no Douro sabe que não é fácil fazer 20.000 garrafas desta qualidade.
Nota 17,5

CV-Curriculum Vitae 2005
Topo de gama, feito com todos os cuidados e criteriosa selecção, este vinho provém de vinhas velhas ( 80 anos), viradas de Norte a Oeste. Estagiado em 100% de barricas novas, e com 15%Vol mostra um aroma elegante, muito fino, cheio de terroir, ainda mais persuasivo que o anterior, mas também um pouco mais fechado, a pedir mais atenção. Chocolate, tabaco fresco, fruto preto e algum floral dão-nos ideia de uma complexidade em ascenção. A madeira está bem vincada e dá uma ideia de requinte. Na boca, mostra um estilo bem estruturado, cheio de vigor, com taninos elegantes. Acidez uma vez mais fantástica, tostado, com um final longuíssimo e muito profundo nas notas especiadas. Grande vinho, cheio de expressão do Douro.
Nota 18

Van Zellers 2004
Este vinho é uma nova marca, a um preço mais acessível ( 15 euros). Feito com vinhas novas ( 7 a 20 anos, com estágio em barricas de carvalho francês de 2º ano. Bem mais quente no aroma, com notas tostadas, café, erva seca e alguma componente vegetal a mostrar um estilo completamente diferente do produtor, e do ano de colheita claro. Um pouco marcado pela madeira e pelas notas tostadas, quer no aroma, quer no palato. A fruta está presente, com um comportamento na boca polido, já arranjadinho para se beber, com bom volume de boca. Taninos calmos, acidez bem colocada, dá-nos um final mediano, fumado e com notas de terra bem marcadas. Um vinho a conhecer, mas que não prima pela diferença. 5750 garrafas.
Nota 15,5

DFJ Merlot & Touriga Franca 2002

A DFJ Vinhos é uma companhia de vinhos 100% portuguesa, fundada em 1998, e orientada para a exportação, maioritariamentepara o Reino Unido, Alemanha, USA, Canadá e paises nórdicos. Em 2005 (apenas 6 anos após ter sido fundada) a DFJ recebeu em Portugal da “Revista de Vinhos” o prémio da “Empresa de vinhos do ano”. A DFJ controla directamente a produção de mais de 400 ha de vinhas em Portugal, em quintas, maioritariamente nas regiões vitivinícolas da Estremadura, Ribatejo, Douro e Alentejo. Esta empresa é encabeçada pelo enólogo José Neiva. O portfólio da empresa é bastante extenso, sendo talvez dos produtores nacionais com mais referências disponíveis!
Este Touriga Franca&Merlot, oriundo da Estremadura, é feito com partes iguais de cada casta, estagiando depois 5 meses em barricas de Carvalho Americano, Francês e Português.

Com 13%Vol mostra uma cor granada de média concentração com ligeiro rebordo evoluído.
No nariz, mostra um aroma já bem evoluído, com algumas notas de carne, geleias e algumas notas terrosas. O lote é curioso e mostra-se com alguma complexidade, com boa componente vegetal típica do Merlot, com muito fruto vermelho e alguma menta.

Na boca, uma entrada suave e macia, com os taninos bem arredondados. Com a acidez ligeiramente espigada, o vinho parece já ter tido uma melhor fase, pois está tudo muito redondo e nota-se um ligeiro desequilíbrio no conjunto. Especiarias e fruto vermelho dão um bom perufme na boca. O final é algo curto, com notas de geleia e algumas lembranças tostadas da madeira. Um vinho com um lote bem feito e que parece ter potencial, mas este ano de 2002, não muito famoso, parece já ter dado as últimas. Beba-se já! A rolha também não estava com vontade de aguentar muito mais tempo.

Nota 15,5
Preço 5,9 euros

Odisseia 2005

Já não é a primeira vez que publico no Vinho da Casa esta marca. Publiquei um excelente e poderoso Touriga Nacional 2004 e um Little Odisseia 2005. Este é um vinho intermédio, um tinto da colheita de 2005 com Tinta Roriz e Touriga Franca do vale do Távora, Douro. Vinificados em lagares de granito, e fermentados em inox, apenas 10% do lote estagia em barricas de carvalho Francês.

Com 13%Vol e uma cor rubi jovem de boa concentração.
No nariz, austero, bastante jovem e com algum nervo, mostra claramente um bom perfil mineral. O fruto está presente, cerejas, amoras, mirtilios, aliado a um tom herbáceo. A madeira está discreta mas integrada, assim como um certo aroma químico mostram um aroma equilibrado, ainda que muito jovem.

Na boca, de corpo médio/alto, o vinho volta a mostrar a sua raça, com alguma dureza taninosa até. Acidez alta, uma vez mais nota-se neste produtor o estilo de fazer vinhos mais durões e capazes de evoluír em garrafa, sem nunca optar por marcar muito a madeira. Chocolate e fumo dão algum aspecto mais alegre. Fruto denso e perfil balsâmico proporcionam um bom final, frio, vincado e ligeiramente seco. É um vinho virado para a mesa, com o álcool muito bem comedido, a precisar de pratos tradicionais e que o tempo arrefeça mais um pouco. Em frente à lareira este vinho certamente agradará.

Nota 16
Preço 7 euros
Produção 9.700

Chaminé 2006

Este tinto, oriundo das Cortes de Cima, prestigiado produtor Alentejano, foi dos vinhos que eu bebia com alguma frequência quando me estava a iniciar nesta paixão. Aliás, lembro-me mesmo de ter bebido um Chaminé 2001 em Ponte de Lima com a minha irmã e cunhado e de ter ficado deliciado. Os tempos passam, o paladar afina-se, o nariz apruma-se mas o vinho continua igual, a ser feito com paixão, com esforço com muita dedicação. Anos diferentes, a filosofia do Chaminé é a mesma. Um vinho de entrada de gama, feito para agradar no dia-a-dia. Com base em Aragonês e Syrah, o vinho é desengaçado por completo e totalmente vinificado em inox.

Com 14%Vol mostra um cor granada de média concentração.
No nariz, alegre e com vontade de alegrar, mostra muita cereja e muita compota. Boa dose vegetal, lembrando vegetação primaveril. Alguma especiaria desenvolve no copo dando um toque mais exótico. O aroma é muito limpo e arejado sem grandes rodeios, mas também não foge muito da linha.

Na boca, directo e ligeiro, a dose de fruta compotada e a componente vegetal voltam a mostrar-se. A acidez mediana não deixa o vinho caír, apesar da doçura estar presente. Final especiado e frutado de média duração. Um vinho que cumpre com aquilo para que foi definido, que se portará muito bem ao lado de pastas e pizzas com os amigos, mas sempre ligeiramente refrescado ( 14/15ºC). Mas não se pense que é um vinho assim tão básico. Dentro da sua gama, apresenta qualidade colheita após colheita e dá muito prazer a quem o bebe.

Nota 15
Preço 6 euros
Produção 900.000 garrafas

segunda-feira, novembro 05, 2007

Azamor 2004

O primeiro contacto que tive com este vinho, da colheita de 2003, foi na sua terra natal. Na altura, quando fui visitar o Copo de 3, provámos entre outros um vinho de Vila Viçosa, bastante fresco e com alguma complexidade no aroma, com ares de um lote um pouco diferente do habitual... Pois bem, agora tive a possibilidade de ir a jogo com este 2004. Este Azamor, é feito essencialmente com Syrah, Merlot, Alicante Bouschet e Touriga Nacional com parte do lote (30%) a estagiar em barricas de Carvalho Francês e Americano durante 7 meses.

Com 13,5%Vol. e uma cor granada de boa concentração.
No nariz, o aroma está maduro e composto, com o fruto vermelho a marcar o primeiro impacto. Um lado mais quente aparece, com alguns toques de borracha/alcatrão e terra. Apesar de estar mais Alentejano que o 2003, está com um perfil muito próprio. Aparece também um lado vegetal, (menta) a dar alguma frescura. A madeira surge bem integrada, dando alguma harmonia.

Na boca está bem estruturado, com taninos já bem macios. Boa acidez, fruto fresco, sempre num tom fresco e sem pesar. Acidez média/alta a dar alguma elegância na boca. O bom volume de boca aliado à suavidade no palato, dá a ideia de o vinho estar num bom momento para ser bebido. Redondo e subtil nas notas da madeira perfeitamente ligadas ao vinho. O final é longo e persistente com notas torradas e de compotas.
Um vinho que dá prazer, a mostrar que não precisa de mais tempo de garrafa, pois está pronto para ser bebido.

Nota 16
Preço 8 Euros
Produção 70.000 garrafas

segunda-feira, outubro 29, 2007

Quinta das Marias Branco 2005

Este produtor, já aqui abordado quando provei dois belos Tourigas Nacionais, ganhou recentemente um prémio honroso. Falo-vos do prémio de produtor revelação do ano no guia Vinhos de Portugal 2008. Este branco de 2005 é um vinho de lote, no entanto em 2006 o produtor optou por apenas produzir Encruzado. Tem então quatro casta típicas do Dão, Encruzado, Malvasia Fina, Bical e Cerceal que tiveram fermentação parcial em barricas novas de Carvalho Francês durante 5 meses. Provei-o no ínicio deste ano, mas achei que estava ainda muito jovem e que um tempinho de garrafa lhe era saudável. Provado agora, deparei-me com o seguinte:

13%Vol e uma cor amarelo de boa concentração, com ligeiros reflexos dourados.
No nariz, muito afinado e de bom impacto aromático inicial com fortes notas de fruto tropical e flores da primavera. Intenso nas notas minerais e citrinas, folha de laranjeira, a madeira está discreta mas dá-lhe um tom nobre e sério. Um aroma muito cativante, onde não se perdeu frescura, mas ganhou-se complexidade e até já alguns toques melados.

Na boca, largo e estruturado, tem alguma untuosidade que nos dá vontade de percorrer o vinho pela boca e ficar a deliciar-nos com a elegância e frescura que ele nos transmite, associado a um belo perfume aromático. Perfeito na acidez, alta e muito bem colocada. As notas minerais e algum fruto maduro proporcionam um final de média duração, com ligeira doçura e algumas notas de baunilha. Muito interessante na prova, com um aroma cativante, e com bom comportamento na boca, ficando apenas o final de boca a pecar um pouco por defeito, embora tenha alguma complexidade, precisava de mais persistência e profundidade. O tempo fez-lhe bem e certamente não estará a beira do precipício, antes pelo contrário. Belo branco do Dão. Impecável à mesa com um arroz de perca. Ah e o preço dele? É dado... É pena é serem poucas garrafas...

Nota 16,5
Preço 5 euros
Produção 3300 garrafas

quarta-feira, outubro 24, 2007

Dona Berta Reserva 2004

Não só pelo Rabigato se ficam os vinhos Dona Berta. Em matéria de tintos o produtor apresenta um Reserva 2004 e um Vinhas Velhas 2005, este último com poucas garrafas ( cerca de 2.000). Este tinto é feito com as castas tradicionais do Douro. Parte da fermentação e o estágio dá-se em barricas de carvalho francês americano.

Com 13%Vol mostra uma tonalidade rubi de mediana concentração.
No nariz, contido na exuberância, mas expressivo e profundo. Notas de fruto vermelho, chocolate preto e erva seca, tudo muito suportado por uma mineralidade bem característica daquela região fria. Ligeiras mas boas notas de couro trazem ao vinho um lado mais rústico. A madeira, presente e bem integrada dá ao vinho uma certa sensação tostada.

Na boca, o vinho entra de forma educada e com suavidade, taninos sedosos e nada desfraldados. Acidez bem colocada, estrutura mediana, num vinho que prima pela elegância e capacidade de dar prazer do que pela exuberância pastosa e frutada na boca. O final é de bom nível, fresco e com apontamentos de tabaco e alguma especiaria. Está um vinho bem interessante, certinho e direitinho, virado para a mesa e pronto a beber. Um aplauso para o pouco álcool, quer no branco quer no tinto.

Nota 16

Dona Berta Reserva Rabigato 2006

Hernâni Verdelho, tem na Quinta do Carrenho (Douro Superior), bem perto da pacata aldeia de Freixo de Numão, as suas vinhas. No vinho branco, o produtor tem um varietal de Rabigato, provavelmente o único no país. É um Reserva Branco 2006, proveniente de vinhas velhas ( mais de 150 anos) e vinha mais nova, trabalhado sempre em inox, com battonage durante 3 meses.


Com 13%Vol e uma brilhante cor amarelo claro.
No nariz, mostra nervo e frescura bem vincada, com um aroma marcadamente mineral. Muita folha de limoeiro, malmequeres e sensação de relva fresca continuam a marcar passo no lado fresco do vinho. Com a abertura no copo, desenvolvem-se alguns aromas a manga e algumas fruta de caroço. Um aroma muito fino e delicado, ainda algo fechado, provavelmente irá desenvolver um belo aroma com o tempo em garrafa.

Na boca, encorpado e com alguma untuosidade, o vinho mostra um perfil sério e com um conjunto muito interessante, com uma acidez crispante, onde as notas citrinas e boas notas vegetias imperam. Fresco e refrescante com. O final é assertivo, longo e com boas notas minerais. Fez-me pensar, várias vezes, que estava a provar um Encruzado do Dão, ainda na fase fechada. É um vinho com grande potencial, perfeito para a mesa, mas que precisa de ganhar coragem para se mostrar. Com o tempo vai lá certamente... Pode perfeitamente ser provado desde os 10ºC até aos 14º, pois a excelente acidez suporta o vinho, e a uma temperatura mais alta o aroma e o comportamento na boca melhoram bastante.

Nota 17

segunda-feira, outubro 15, 2007

Douro Boys - Os Vale Meão Tintos de 2005

Bem lá no Alto Douro, perto de Foz Côa fica a Quinta do Vale Meão. Esta Quinta foi adquirida por Dona Antónia Adelaide Ferreira ( A Ferreirinha) no final do século XIX. Actualmente é a família Olazábal, ainda descendente de Dona Antónia, que é a proprietária. O projecto iniciou-se em 1999, e actualmente são produzidos 3 vinhos, o Meandro, o Quinta do Vale Meão, e o Quinta do Vale Meão Vintage.
Em prova estiveram presentes o Meandro 2005 e o Quinta do Vale Meão 2005

Meandro 2005

Feito com 5 castas, onde predomina a Tinta Roriz, seguido da Touriga Franca e Touriga Nacional, todas vinificadas em separado. Pisado a pé em lagares de granito durante 4 horas, passando para o inox onde se deu fermentação. Estagia depois em barricas de 2º e 3º ano até ao engarrafamento em Julho de 2007.
Com um aroma bem expressivo e carregado, mostra muito fruto preto aliado a um perfume de vegetação intenso. Cheio de nervo no nariz, algum mineral com a barrica bem integrada, garantindo notas de tabaco em sintonia com chocolate preto. Nariz fresco sempre num perfil um pouco extraído. Está bem na boca, austero e encorpado, com uma grande dose de fruta e alguma frescura, boa acidez embora tenha algum peso devido à concentração. Taninos secos e ligeiramente agressivos ainda. Final frutado e com alguma persistência. Para a mesa e para dar prazer a um preço convidativo. É preciso é esperar por ele. Um pouco mais fresco que o 2004, mas ainda assim com um perfil bem maduro.
Nota 16,5

Quinta do Vale Meão 2005
Com apenas 3 castas, Touriga Franca, Tinta Roriz e com forte predominância da Touriga Nacional (65%), o vinho é também pisado a pé e vinificado casta a casta. O estágio é feito em madeira francesa nova e de segundo ano. Engarrafado também em Julho de 2007.
Com a Touriga Nacional em evidência, com toques muito elegantes de alfazema e violetas. Fez-me logo pensar num Touriga do Álvaro de Castro tal é a exuberância controlada, isto é, com classe. Um aroma muito apelativo, com boa dose de pimenta verde, bastante complexo, muita mineralidade, com a madeira plenamente ligada com fumados, alguma baunilha ligeira e uma tosta muito fina. Na boca está com uma entrada educada, cheio de estrutura, mas com o tanino fino. Enérgico e com uma profundidade enorme. Acidez fantástica, com muito cacau e notas de tabaco conjugadas com um bálsamo refrescante. Final longo e de grande qualidade. Um vinho fantástico, o melhor Vale Meão ( entre 99,01 e 04) que provei. Um grande, grande vinho... Mais uma flecha que me acertou.
Nota 18,5

domingo, outubro 14, 2007

Monte Seis Reis Syrah 2004

Depois de apresentado o Tinta Caida, volto ao Monte Seis Reis para falar sobre o varietal de Syrah. Este monocasta de 2004 é a segunda colheita a vir para o mercado. Fermentado em inox, o vinho estagia durante 12 meses em barricas de carvalho francês.

Com 14,5%Vol o vinho mostra no copo uma coloração granada de boa concentração, com ligeiro rebordo violeta.
No nariz, expressivo q.b., tal como o Tinta Caiada, com alguma exuberância e marcado por uma sensação de baunilha e algodão doce. Este primeiro conjunto de aromas está ligado a um forte aroma de borracha, fruto muito maduro, ameixa e cereja. Com alguma complexidade, sempre num estilo new world e pesadote, aparecem também algumas notas de casca d'árvore e alguns torrados. A fruta está em grande quantidade, e sempre num estilo madurão e muito concentrado.

Na boca, com alguma suavidade, o vinho apesar de corpulento, tem já os taninos educados. Com baixa acidez e falta de profundidade, cheio de extracção, carrega-nos a boca de fruto maduro bem ligado com notas do estágio, especiarias, tabaco e alguma baunilha. Apesar de proporcionar um final persistente, as notas de compotas e o toque doce acabam por pesar um pouco. Não é nem de perto um Syrah fresco e alegre, é um Syrah feito para ser bebido fresco, pois o álcool é elevado e a acidez é baixa. Talvez com alguma gastronomia alentejana a coisa mude de figura. Os 15 euros terão que ser bem pensados, mas acreidto que haja consumidores que gostem deste estilo "docinho". Eu não sou muito fã.

Nota 15,5
Preço 15 euros
Produção 14.000 garrafas

segunda-feira, outubro 08, 2007

Monte Seis Reis Tinta Caida 2004

Já o ano passado tinha provado os vinhos de entrada de gama deste produtor alentejano. Na altura provei o tinto Bolonhês 2003 e os Boa Memória branco 2004 e tinto 2003. O Monte Seis Reis, (que tem um espectacular site online em www.seisreis.com) tem, durante o ano várias exposições na sua adega, mostrando que o vinho além de um "produto alimentar" tem também uma forte vertente cultural. Este varietal de Tinta Caiada fermenta em lagares com pisa a pé, passando para barricas de carvalho francês onde estagia 9 meses.

Com 13,5%Vol, este tinto apresenta uma cor violácea de boa concentração.
No nariz, o primeiro impacto dá-nos a noção de muita extracção, com muitos aromas intensos. Forte expressão floral, lembrando perfume feminino, vegetal, alguns aromas mais quentes, com carvão, marmelada e um fundo animal de bom nível. A fruta está cá e mostra-se bem madura, no estilo compotado aliada a uma boa dose de especiarias. Um nariz muito exuberante, com alguma complexidade, mas também vaidoso que acaba por pecar num tom enjoativo. Madeira perfeitamente integrada nesta mescla de aromas.

Na boca, bom volume de boca, o vinho mostra-se denso, apostando novamente em mostrar tudo ao mesmo tempo. Goma, vegetal e muitas compotas tornam a pesar um pouco. Descobre-se uma ligeira doçura. Taninos elegantes e estruturados, a boa acidez permite que tenhamos um final persistente, mas com muita especiaria doce e uma grande dose de baunilha. Um vinho que não prima pela elegância e sobriedade, dá uma boa prova, com muitos descritores, no entanto acaba por nos cansar um pouco à mesa. Dar-lhe tempo em cave pode ser uma boa opção.

Nota 16
Preço 14 euros
Produção 7.000 garrafas

domingo, setembro 30, 2007

Douro Boys - Os Quinta do Crasto Tintos de 2005

As primeiras referências conhecidas referindo a Quinta do Crasto datam de 1615, tendo sido posteriormente incluída na primeira Feitoria juntamente com as Quintas mais importantes do Douro. Um Marco Pombalino datado de 1758 pode ser visto na Quinta.

O Douro Boy Miguel Roquette ofereceu-nos talvez o momento mais hilariante e cómico do dia quando pediu desculpa ao Hotel por ter urinado na cascata de água que havia na casa-de-banho dos homens ( pelos vistos na das senhoras também havia...). Eu, tal como muita gente presente, não me contive e "parti-me"a rir, virando-me depois para o Luís Antunes da Revista dos Vinhos dizendo-lhe, "Nós fizémos o mesmo!!" Lembro-me que na altura até aplaudimos o facto de ser um urinol bastante limpo!

Bem, falemos de vinhos, e que vinhos!

Quinta do Crasto Reserva ( old vines) 2005
Este vinho, muito apreciado por todos os enófilos, é feito de vinhas com mais de 60 anos, onde se contam cerca de 30 castas misturadas. Estagiou em barricas de carvalho americano e francês durante 20 meses até ao engarrafamento em Abril de 2007. Com um aroma inicialmente mineral, cheio de fruto preto, denso e floral. Austero e até algo tímido no aroma, longe de se querer mostrar logo à primeira, nota-se um vinho complexo com a madeira bem integrada no aroma, com especiarias e algum fumado. Na boca, generoso e com vivacidade, os taninos são finos mas ainda com algumas arestas por limar. Forte dose de fruto fresco e notas de baunilha, o final é longo e perfumado. São 85.000 garrafas a bom preço, cerca de 15 euros lá fora!
Nota 17


Quinta do Crasto Touriga Nacional 2005
Apenas engarrafado nos anos em que se atinge um alto nível de qualidade, este vinho é feito com 100% de uvas da casta Touriga Nacional. Estas vinhas de Touriga têm apenas 20 anos. Pisado a pé e fermentado em lagares, o vinho estagia depois em barricas de carvalho francês durante 18 meses. Com um nariz muito apelativo e exuberante, embora não enjoativo, pois a Touriga mostra-se densa e bem madura. Perfumado de violetas, fruto preto refinado, amoras q.b. algum químico. A madeira mostra-se bem integrada, com um lado tostado e uns toques especiados. Explosivo no aroma, muito complexo e cheio de profundidade. Na boca é volumoso, sedutor e mastigável. Chocolate preto e notas de tabaco juntam-se ao conjunto complexo. Taninos finos e excelente acidez, num final longo, cheio de intensidade e claramente crescente. Uma das melhores Tourigas que provei. Excelente mesmo! 7.000 garrafas produzidas.
Nota 18

Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2005
Quem espera sempre alcança. Pela primeira vez tive oportunidade de me encontrar com este ícone da Quinta do Crasto ( agora falta-me a Vinha da Ponte). A Vinha Maria Teresa com cerca de 90 anos é uma das mais antigas da Quinta do Crasto.
Cheio de expressão, nota-se aqui talvez o terroir, com aromas de terra húmida, fumo, café fresco, fruto fresco, bálsamo e um perfil floral expressivo. Nariz ultra-complexo e a pedir tempo para se desembrulhar no copo. Fruta aqui, floral ali, toque mentolado acolá, tudo está aqui arrumado e a pedir a atenção do provador, tudo muito apoiado pelas excelentes notas tostadas da barrica. Com grande estrutura na boca, taninos ainda algo duros e com boa acidez, o vinho tem um comportamento fantástico na boca, conseguindo ser incisivo e cheio de carácter. Com muita fruta em compota e uma brisa floral fresca, oferece-nos um final lôngevo, sedoso e compridíssimo com boas notas de tabaco e fumo. A elegância e a classe aparecem no fim como que a dizer que assim que os taninos se arrumarem, terá um comportamento no palato de grande nível e muito fino. Um vinho a beber nos próximos anos e a precisar de muito tempo de cave para atingir o seu auge, certamente. Para primeira experiência, convenceu-me e de que maneira.
Nota 18,5

Este produtor apresentou 3 belíssimos vinhos, onde os dois últimos foram umas autênticas flechas ao coração. Um Touriga diferente de todos os outros, e nada enjoativo na exuberância e um Maria Teresa belo, com charme e classe suficiente para despertar qualquer enófilo.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Quinta do Cerrado Encruzado 2006

Este branco feito exclusivamente de Encruzado da Quinta do Cerrado, ao contrário do outro monocasta deste produtor, apenas passa em inox.

Com 13%vol. e um cor amarelo citrino de leve concentração.
No nariz é menos expressivo que o Malvasia Fina como se esperava, no entanto é mais profundo e apresenta umas notas minerais intensas, flores brancas, com algum vegetal fresco que lhe dá um nervo interessante. Citrino e bastante fresco, precisa talvez de um pouco mais de tempo para se mostrar, tal como os bons encruzados.

Na boca, com alguma estrutura, acidez bastante alta, fresco e novamente mineral. Com uma boa dose de fruta de caroço, ameixa branca e temperado com notas citrinas. O final é incisivo, com alguma complexidade, muito equlibrado e sobretudo fresco. Um vinho mais frio que o Malvasia, mas também com mais elegância e com maior potencial de guarda certamente.

Nota 16
Preço 5 euros

Quinta do Cerrado Malvasia Fina 2006

A Quinta do Cerrado, que pertence à União Comercial da Beira, apresenta em 2007 dois brancos monovarietais de castas bem conhecidas e que têm dados bons resultados no Dão, Malvasia Fina e Encruzado. Este Malvasia Fina 100%, foi em parte fermentado em Carvalho Nacional, onde estagia depois durante dois meses.

Com 13%vol apresenta uma cor amarelo citrino de média concentração.
No nariz dá-nos a noção de um aroma já bem integrado, com harmonia e muita expressão. Esta exuberância mostra notas de maçã golden, alguns frutos exóticos, ervas aromáticas e uma envolvência ligeiramente abaunilhada da tosta da barrica. Está bastante alegre e cativa-nos para o provar.

Na boca, com alguma untuosidade, fresco e com bom corpo e uma vez mais forte presença aromática. Não se torna minimamente enjoativo graças a uma acidez bem colocada. Notas de fruto citrino e exótico, o final é prolongado e algo adocicado apostando na fruta branca e alguma especiaria. Um vinho a conhecer, monocasta nada cansativo, onde a ligeira doçura que apresenta convida a ser bebido à mesa com comida oriental. Muito bem para o preço.

Nota 16,5
Preço 5 euros

segunda-feira, setembro 24, 2007

Douro Boys - Os Niepoort Tintos de 2005

Dirk Niepoort apresentou os seus vinhos tintos de 2005, explicando que, na opinião dele e dos que trabalham com ele, desde 2004 que se têm feito "coisas" que estão dentro daquilo que para eles é a definição de vinho de grande qualidade, frescos, com boa acidez, bom potencial de envelhecimento e, sobretudo, que sejam melhores à mesa que nas mesa de prova. É bem sabido que 2004 foi um ano espectacular para os tintos da Niepoort, mas Dirk insiste em dizer que 2005 é melhor, e que o objectivo é sempre fazer algo melhor. Em prova este o Vertente, Redoma, Batuta e Charme.

Vertente 2005
As uvas são provenientes da Quinta de Nápoles, vinha com cerca de 20 anos no vale do Tedo e de vinhas velhas próximas do Pinhão. O vinho fermentou em lagares de inox e estagiou durante 15 meses em barricas de carvalho francês. O lote é essencialmente com as castas Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela e Touriga Nacional. Apresenta-se já com um nariz bem apelativo, com muito fruto vermelho, cereja, violetas, especiaria e uma boa componente balsâmica. Na boca é fresco, ligeiramente mentolado, com os tanino bem domados e equilibrado. Final com carácter, mineral e com toques tostados. Um bom vinho para quem se quer aventurar ( um pouco mais de 10 euros) no universo Niepoort.
Nota 17

Redoma 2005
O Redoma é como o Douro, com grande carácter e personalidade. O 2004 foi um vinho que me encheu as medidas e que é difícil de o esquecer. Já o disse e provei ultimamente outra vez e fiquei deliciado. Este 2005 fermenta 50% em lagares e 50% em inox, indo depois para as barricas durante 18 meses. As vinhas que dão origem ao Redoma têm mais de 60 anos e são quase todas viradas a norte, para as uvas conseguirem ter maturações mais prolongadas e equilibradas. Cheio de expressão no aroma, intenso e complexo. Terra, ameixa, forte mineralidade, ervas aromáticas ( esteva, urze) e alguma marmelada, finamente casado com a madeira, tabaco, com alguma tosta e ligeiros fumados mostram um aroma muito complexo. Na boca, cheio de fruta e boa estrutura, com taninos presentes mas sem marcar demasiado a boca, o final é longo, fresco e com toques do estágio na madeira. É um prazer enorme ter este vinho no copo, embora ainda precise de um pouco mais de tempo em cave para se libertar.
Nota 17,5

Batuta 2005
A base deste vinho é a vinha do Carril, com mais de 70 anos, situada numa encosta virada a norte e outras vinhas velhas com cerca de 100 anos, próximo da Quinta de Nápoles. Fermentou em cubas onde teve uma maceração prolongada que durou até aos 60 dias. Estagia depois durante 20 meses em barricas. Com um aroma muito elegante e fino, com notas de barrica de elevada qualidade, parece que vem vestido de fraque, com fruto preto requintado, fumo, grafite, pimenta da jamaica... Bastante profundo e complexo e que impressiona qualquer nariz mais atento. Na boca, de enorme estrutura e com uma acidez alta, faz com que o vinho passe na boca por todos os lados deixando a sensação de seda, taninos finos e uma vez mais com a madeira a deixar o seu contributo num final longo, mineral, intenso e de grande nível. Um grande vinho em qualquer altura e em qualquer lugar! Como me confidenciou Dirk uma vez num tom de brincadeira, Batuta até com ostras vai bem...
Nota 18

Charme 2005
Um vinho feito de uma forma peculiar, onde os cachos que vêm dos cestos vão, depois de seleccionados, inteiros para dentro dos lagares de pedra de Vale Mendiz. Vai mesmo todo o engaço lá para dentro, bago, pele, graínha, ramada da videira... Tudo! O lote do Charme são vinhas muito velhas de Vale Mendiz, com idades entre os 70 e mais de 100 anos. Depois de fermentado nos lagares, adormece nas barricas durante 16 meses. Mal entra no copo, tem-se a noção que o vinho é diferente de todos os vinhos do Douro, pois a cor e a concentração do vinho é muito pouca. Assim que se mete o nariz no copo, sente-se uma lufada fresca e aromas muito intensos, chá verde, café, folhas de tabaco, muita especiaria, ervas secas... Tudo a um nível de elevada qualidade. Cereja, amoras e alguma maçã vermelha perfazem o conjunto aromático. Na boca mostra-se um vinho muito delicado, com taninos muito elegantes, fresco, a apontar nas boas notas tostadas, num final único, longo e muito perfumado. Um vinho espectacular, expressivo e que nos deixa um enorme sorriso na boca e a vontade de ter umas quantas caixas em casa, para ver como esta obra de arte evolui com o tempo. Fantástico.
Nota 19


Em suma, um produtor de excelência, com vinhos únicos mas também com preços por vezes inacessíveis ao consumidor Português. Para os Americanos e para o resto dos Europeus é bem mais fácil e até agradecem... Beber vinhos de classe mundial por menos de 80 euros às vezes não é fácil, e com estes e outros produtores Portugueses parece ser viável.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Apegadas Quinta Velha 2005

Este produtor que se apresentou no mercado em 2004 com dois tintos, um colheita e um reserva, achou que em 2005 não tinha qualidade suficiente para um novo reserva, optando portanto por reunir esforços num único vinho. Muitas vezes, quando não saiem reservas, o colheita acaba por saír beneficiado e o consumidor só tem a ganhar com isso. O lote provém da combinação de uvas escolhidas de diferentes parcelas da Qta. Velha (Douro), situada entre a Régua e o Pinhão, onde predominam as castas Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca e Touriga Nacional. Estagiou parcialmente em barricas de carvalho francês, húngaro e americano durante 12 meses.

Com 13%Vol o vinho apresenta um bela cor rubi de boa concentração.
No nariz, com um primeiro impacto floral, alfazema e violetas a perfumarem o copo. Um nariz apelativo e fresco, com amoras, menta e um fundo balsâmico interessante. A madeira, discreta, mostra-se bem integrada, num aroma muito equilibrado onde o baixo álcool permite que o vinho suba a temperatura e desenvolva alguns aromas mais maduros, torrados e alguma baunilha.

Na boca, aposta na boa dose de fruta, aliada a uma frescura balsâmica. Não muito encorpado, com a acidez mediana e os taninos bem integrados, nota-se um vinho já redondo e prazenteiro, a beber com facilidade. Final com algum comprimento apostando nas notas de rebuçado de frutos e ligeiramente abaunilhado.
Está um vinho muito equilibrado, de boa qualidade e onde se nota que o produtor teve mais cuidado com o álcool apresentado. O 2004 apresentava algum desequilíbrio neste aspecto, na minha opinião claro. Veja-se aqui a nota de prova do 2004.

Nota 16
Produção 5.800 garrafas
Preço 7,5 euros

terça-feira, setembro 18, 2007

Douro Boys - Os Vallado Tintos de 2005

Neste texto apenas vou colocar as minhas breves considerações sobre os tintos da Quinta do Vallado de 2005 provados no Douro Boys Master Class. Seguir-se-á a Niepoort, Quinta do Crasto, Quinta Vale Dona Maria e Quinta do Vale Meão nos próximos dias. Por ordem de prova:

Quinta do Vallado 2005
Loteado com as castas típicas da região apenas 15% do lote estagia em barricas de carvalho francês durante 12 meses, onde o resto obviamente fica no inox. 30% do lote provém de vinhas com mais de 70 anos, sendo o restante de vinhas novas com 8 a 12 anos. Com 13,5%VOL e claras notas de ameixa madura, toque de chocolate e algum floral. Na boca mostra um estilo bem alegre, com algum fruto maduro, fresco e de acidez mediana num final ligeiramente fumado e com lembranças minerais. Depois de alguns anos um pouco mais madurões no Vallado (2003 e 2004), parece que se encontrou outra vez um perfil bem mais interessante, talvez lembrando o belo tinto de 2001 que ainda há bem pouco tempo bebi. São 135.000 garrafas produzidas o que é impressionante (em Portugal) face à qualidade do vinho.
Nota 16

Quinta do Vallado Touriga Nacional 2005
100% Touriga de uma vinha plantada em 1994, com um estágio de 20 meses em carvalho francês. É o primeiro Touriga em extreme desta vinha. Com 14%Vol e um perfil que não esconde a casta, cheio de violetas, embora muito exuberante, o vinho acaba por se mostrar um pouco crú ainda, cheio de força, com a madeira bem vincada e um lado verde algo nervoso. Balsâmico e com notas químicas, o final é ligeiramente seco e amargo a mostrar claramente um tinto de respeito, mas a precisar de repouso. São 12.000 garrafas deste monocasta.
Nota 17

Quinta do Vallado Reserva 2005
Um vinho bem conhecido e sempre muito bem pontuado por todo o mundo, é feito com 70% de uva proveniente de castas misturados de vinha velha ( + de 80 anos). O estágio é feito em carvalho francês durante 17 meses. Menos marcado na madeira que o Touriga, pois também tem um aroma mais austero. Cheio de fruto preto, mirtilios, amoras, chocolate preto com um traço mineral que traz alguma frescura. Nariz bem maduro e complexo. Na boca, balsâmico e com fruto fresco, mostra-se encorpado e com taninos ligeiramente duros que mostram toda a bravura deste vinho. O final é longo, elegante e profundo, com suaves toques de tabaco. Belo tinto, com vigor e muita seriedade. A precisar também claramente de tempo em garrafa. 27.000 garrafas e 1.200 Magnums. Quantidade e qualidade uma vez mais...
Nota 17,5

Quinta do Vallado "No Name" 2005
Esta novidade apresentada pela Quinta do Vallado, ainda não tem nome definido. Trata-se de um vinho feito exclusivamente de umas vinhas muito velhas, com mais de 80 anos, com uma produçao de 500 gramas por videira... O vinho, fermentado em inox, estagia depois durante 20 meses em carvalho francês. Com 14,8%Vol, apresenta-se com vontade de impressionar, cheio de austeridade combinada com elegância. Fumo, fruto preto refinado, ligeira baunilha e uma boa dose de especiarias. Aroma muito complexo e que se desdobra no copo com muita elegância, onde o álcool apesar de elevado não se nota. Na boca, carnudo, hiper-concentrado, cheio de chocolate preto e fruto fresco, apoiado pela barrica muito bem integrada. Final muito longo, expressivo e acima de tudo crescente. Um vinho intenso, onde a acidez é ponto essencial para segurar todo o volume e potência do vinho. Grande tinto. As 2.000 garrafas produzidas serão alvo de cobiça!
Nota 18

Prometo ser breve nos próximos capítulos... Até já!

segunda-feira, setembro 10, 2007

Douro Boys - Prova Master Class


Os Douro Boys acabam de celebrar 5 anos. Juntaram-se em 2002 com o objectivo de pôr o Douro no mapa. E de facto esse objectivo está conseguido! Provavelmente é a região actualmente mais inebriante do país, aquela de onde saltam novidades como pipocas, e de onde topos de gama a preços elevados abruptam nas prateleiras das lojas... Mas quem são os Douro Boys? Pois bem, é um grupo de pessoas essencialmente bem-dispostas, com uma enorme capacidade de trabalho eficaz e sobretudo com uma visão única para o vinho. É deste grupo que saiem vinhos tão badalados como C.V., Batuta,Vale Meão, Charme, Vinha da Ponte, Vinha Maria Teresa, Vallado Reserva (o tal vinho do Mourinho). Temos então Cristiano van Zeller, Dirk Niepoort, Francisco Ferreira, Francisco Olazábal e Tomás Roquette, todos eles com quintas espalhadas pelo Douro.

No passado dia 5 de Setembro, fui convidado a estar presente numa prova Master Class onde foram apresentados os tintos de 2005, os brancos de 2006 e os Vintages de 2005. O local da prova foi o fantástico, luxuoso e novíssimo Aquapura Douro Valley. Um Hotel e Spa de grande categoria. Depois da prova houve um jantar magnífico criado pelo Chef Emmanuel Soares,que ja trabalhou numa serie de restaurantes com estrelas Michelin (com Gérard Vié, Alain Ducasse, etc.) antes de chegar no restaurante Alma Lusa no Aquapura Douro Valley. Posteriormente houve festa junto à piscina até a lua se cansar de nos iluminar. Estiveram presentes jornalistas portugueses e estrangeiros, onde destaco o grupo da Revista de Vinhos, Blue Wine e Público. Estiveram também presentes alguns produtores e muitos distribuidores e importadores. Toda a prova foi gerida pela Dorli Muhr da empresa Wine-Partners. A si, dou-lhe os meus sinceros parabéns por toda a excelente organização e pelo magnífico evento.



Por razões de logística apenas vou colocar para já os vinhos brancos provados, ficando os tintos e os Vintages para um próximo artigo. Afinal de contas foram provados 33 vinhos antes do jantar.
Destaco ainda um vinho que foi apresentado pelos Douro Boys, o Douro Boys Cuvée 2005, que apenas foi engarrafado em Magnum (712), onde o lote é feito com uma das melhores barricas de cada um. Serão leiloadas dia 30 de Novembro 500 magnuns... Mais tarde publicarei também a nota de prova respectiva.

Deixo também registada a proposta do Chef:
Viagem Inversa de Salmão com um encontro de camarão
Medalhões de Porco Bísaro com um toque vermelho de legumes e flan verde amarelo
Buffet de Sobremesas - Ópera, Frasier, Delícia de Pêra, Tarte de Limão, Queijos, etc...



Brancos (por ordem de prova)

Tiara 2006

Um branco só em inox, vinhas de 400 a 800 metros, com 40% de Códega e 60% de vinha velha ( 60 anos). Com uma clara componente de fruto tropical, cheio de intensidade e mineralidade. Citrino e fresco na boca, com boa acidez e com algum corpo. Final bastante aromático nas notas de lima.
Nota 16,5

Redoma 2006
Fermentado em madeira usada, e com estágio em madeira nova (50%) durante 8 meses, o aroma é neste momento marcado pela tosta e por um lado vegetal, com complexidade, um fundo fresco citrino e mineral. Final longo e harmonioso a lembrar frutos brancos. Belo vinho!
Nota 17

Redoma Reserva 2006
Feito da mesma forma que o "normal", onde apenas foram seleccionados as melhores parcelas. Menos exuberante que o anterior, mas muito mais mineral e incisivo no aroma. Foge um pouco ao perfil de 2005, mas na boca o vinho está muito bem. Cheio de vigor, acidez firme, com um final explosivo e de grande largura. Elegância e acidez natural parece ser a chave para este grandioso branco.
Nota 17,5

Quinta do Vallado 2006
Aroma simpático, algo vegetal lembrando relva fresca. Os aromas frescos imperam neste vinho, ananás, lima e ligeiro floral. Vinho correcto de acidez mediana, com um final com boas notas citrinas.
Nota 15,5

Quinta do Vallado Reserva 2006
Um pouco pesado no aroma, com um excesso de madeira. Intenso e cheio de notas citrinas, embora menos fresco que o Vallado. Com bom corpo, untuoso, mas que acaba por ter uma vez mais a madeira por integrar. Provado um pouco quente também. Por esse facto não atribuo nota.

VZ 2006
Uma brincadeira feita pela Sandra Tavares da Silva e pelo Christiano Van Zeller.
Aroma tostado e cheio de elegância, fortíssimo nas notas de lima, toranja e algum vegetal. Boca de acidez fantástica, quase crocante e intensamente perfumado. Final longo e picante. Um belo vinho, uma excelente novidade. Promete!
Nota 17

Deixo os meus agradecimentos pessoais aos Douro Boys, à Dorli Muhr e ao Aquapura Douro Valley pelo excelente dia e noite que me proporcionou. Foi um graaaaande evento.


PS - A 1ª foto foi retirada do CD que os Douro Boys ofereceram à imprensa. As outras duas são, obviamente tiradas por mim.

Quinta Seara D'Ordens Touriga Nacional 2004

Voltando aos vinhos da Seara D'Ordens (Douro), falo agora do extreme de Touriga Nacional. Este tinto é vinificado em lagares tradicionais com pisa a pé, onde fermenta, tendo um estágio posterior em inox e 6 meses em barricas de carvalho francês.

Com 14%Vol, escuro e um tom violáceo de boa concentração.
No nariz, o perfil da casta mostra-se logo apesar de não ser tão exuberante como outros exemplares, o que acaba por não enjoar tanto. Violetas, algum toque químico e mentolado, num estilo profundo e intensamente floral. A madeira está bem integrada e traz-lhe um toque moderno, com um ligeiro aroma caramelizado e abaunilhado. Nariz apelativo e fresco, cheio de carácter.

Na boca, com algum volume e bastante alegre, com chocolate e fruto de compota. A acidez é boa e os taninos estão presentes mas não altivos. Fresco e elegante no perfil floral, o final é médio/longo, ligeiramente seco, com algum fumo e notas de terra. O vinho está muito bem feito, com energia e com necessidade de mais um tempo de garrafa para ganhar ainda mais complexidade. Mas para quem quer o carácter exuberante da Touriga, talvez não opte por este vinho. No entanto quem quer um bom Touriga e que dê prazer, a este preço é uma muito boa opção. A produção é que é pequena...

Nota 17
Preço 12 euros
Produção 2000

Altas Quintas Crescendo 2005

Depois do atípico rosé provado pelo Vinho da Casa, chega agora a altura de provar o tinto deste inovador e já bastante reconhecido produtor. Este tinto de entrada de gama da marca Altas Quintas (Alentejo) é feito apenas com Aragonês e Trincadeira, cujo lote estagia durante 12 meses em barricas de carvalho francês e americano.

Tem 14%Vol e uma cor granada de boa concentração com reflexos violeta escuro.
No nariz, jovem e com algum nervo, mostra um lado quente e fumado. A madeira está bem presente e a garantir alguma complexidade aromática. Notas químicas (alcatrão), muito fruto preto maduro e um perfil ligeiramente vegetal aparecem com o evoluír no copo.

Na boca, bem estruturado e com um toque acetinado da madeira que este produtor já tem carimbado na minha memória gustativa. Taninos bem elegantes, com algum corpo e uma acidez média. Com profundidade, o vinho propõe um toque balsâmico, chocolate e um final com algum comprimento apostando nas notas tostadas e no fruto bem maduro.
Um vinho bem feito, talvez mais adequado ao preço que o Altas Quintas "normal", mas também talvez mais fácil de se beber. É um tinto que dá prazer à mesa, sempre com o perfil típico mas sem pesar. Paulo Laureano está a fazer mais um belo projecto. Para os mais curiosos, fiquem a saber que ainda falta aparecer no mercado um topo de gama da marca Altas Quintas. Será talvez um garrafeira 2004. A ver vamos.

Nota 16
Preço 8.50
Produção 60.000

terça-feira, setembro 04, 2007

Aneto Late Harvest 2005

Longe vão os tempos em que se dizia: a Touriga Nacional é Portuguesa, o Chardonnay é francês, o Semillon é Bordalês... Pois bem, o enólogo Francisco Montenegro, optou por alargar a gama Aneto, criando agora um Late Harvest, feito exclusivamente com Semillon apenas vindimado em Novembro. Com este tempo tardio de vindima, as uvas estavam botrytizadas, ou seja, atacadas pelo fungo Botrytis Cinerea. Após a vindima, optou-se por estagiar o vinho durante 18 meses em barricas novas de Carvalho Francês. O resultado mostrou-se em garrafas de 0,375l com um rótulo ao estilo Sauternes.

Com 12,5%Vol apresenta uma bela cor dourada com laivos alaranjados de média concentração.
No nariz, cheio de expressão e de vontade de impressionar, os primeiros aromas que se mostram fazem-nos lembrar uma tarde chuvosa de outono, com terra molhada e húmus. Os aromas típicos dos LH aparecem em grande evidência, com laranja cristalizada, leite creme queimado, fumo, baunilha e uma clara envolvência de baunilha. A madeira está ainda um pouco por cima do vinho, que apenas nos diz que precisa de um pouco mais de tempo para casar. Ainda assim temos um nariz complexo, exuberante e muito profundo nas notas aromáticas.

Na boca, talvez pensando um pouco no Grandjó ( até à data o único exemplar no Douro estilo Sauternes), dá a sensação de ser mais fresco, menos encorpado, mas sobretudo com uma acidez fantástica. Este Aneto é uma autêntica flecha ao coração para quem gosta de vinhos frescos. Algum fumo, muita fruta branca, onde o vinho nos oferece um final longo, sem pesar, com uma doçura bem presente que se vai evaporando e deixando um toque glicerinado e abaunilhado.

Um grande vinho, talvez não ao nível dos grandes LH, mas na minha opinião é o melhor Português que provei até hoje. Fresco, incisivo e muito muito longo na boca. A precisar ainda de integração madeira/vinho. Bem sabemos que naquela região quem manda é o Porto, mas com apenas 12,5%Vol este Aneto marca pontos.

Nota 17,5
Preço 15 euros

domingo, agosto 26, 2007

Little Odisseia 2005

Depois de provar o excelente Touriga Nacional deste produtor/enólogo francês instalado no Douro, tive oportunidade de provar os tintos de 2005.
A marca Odisseia alargou a sua gama, introduzindo dois novos rótulos, um Little Odisseia, talvez pensado para o consumo diário e despreocupado, e um Reserva, um vinho sério, feito com excelentes uvas e mais virado para um momento especial. Em 2005, não foi feito nenhum Touriga Nacional. Para já publico o Little Odisseia, ficando o Odisseia 2005 ( 16 valores) e o Reserva 2005 (17,5 valores) em stand-by.

Feito com castas misturadas do Douro, o estágio é apenas feito em inox e com uns excelentes 12,5%Vol apresenta uma jovem cor com tons violeta de média concentração.
No nariz, jovem e moderno, com muitos aromas químicos e com uma parte floral bem presente. Os aromas frescos e balsâmicos misturam-se com algum vegetal e frutos pretos num tom correcto, equilibrado e sem desapontar. Um nariz acima de tudo correcto, que apesar de não impressionar, também não deixa a desejar.

Na boca, o vinho continua a mostrar um lado fresco e mineral. Aparece também aqui uma boa componente vegetal, com taninos ligeiramente ásperos e que mostram que o vinho pode evoluír um pouco mais em garrafa, pois o alcoól é pouco e a acidez é elevada. Final de média intensidade tudo a apontar para o fruto preto e o chocolate.

Nota 15

segunda-feira, agosto 13, 2007

Cunha Martins 2006

A União Comercial da Beira, Lda foi fundada em 1942, sendo das empresas mais antigas da Região do Dão. Na década de 80 adquiriu a Quinta do Cerrado onde plantou 20 hectares de vinha e aí instalou uma Adega para vinificação das suas próprias uvas e das uvas que são adquiridas a viticultores da Região. Embora o nome União Comercial possa induzir que se trata de uma cooperativa, a empresa é familiar e está neste momento na sua 3ªgeração.

A Empresa produz azeite, vinhos de mesa, vinhos regionais e vinhos DOC Dão. Na classe dos DOC, são bastante conhecidos os Quinta do Cerrado, embora seja no supermercado onde se vê à venda a marca Cunha Martins a preços mais que convidativos. Este branco Cunha Martins é feito com as castas Bical, Rabo de Ovelha e Encruzado, com um ligeiro (final de fermentação) de um mês em Carvalho Nacional com battonâge.

Com 13%Vol tem uma bonita cor amarelo-citrino de leve concentração.
No nariz, apelativo e nada tímido mostra aromas de maçã Golden, relva e um toque tropical de manga a dar uma boa entrada. Nota-se ainda com o passar do tempo no copo um ligeiro aroma de manteiga que traz alguma complexidade.

Na boca, embora de estrutura ligeira, não é um vinho apenas citrino e refrescante, pois nota-se alguma profundidade aromática, onde a madeira está muito discreta, mas fez o seu papel. Tropical, maçã e ananás, ligeiramente doce embora com a acidez presente. O final é de bom nível, com frutos secos e uma pequena sensação tostada.
Um vinho claramente bem feito, excelente para o preço e que para quem tiver paciência que perca algum tempo com ele, apreciando-o, pois não é mais um branco de verão.

Nota 15
Preço 3 Euros

segunda-feira, julho 16, 2007

Niepoort Vintage 2005

Depois do sucesso que foram os magníficos Vintages de 2003, a Niepoort não lançou qualquer Vintage em 2004, talvez carregando baterias para voltar a encher-nos de alegria e satisfação com mais um grande Vintage. Segundo a Niepoort 2005 foi um ano atípico com dias muito quentes e dias muito húmidos durante a vindima. A produção foi alta mas com bagos bastante pequenos, favorecendo a concentração dos taninos e da cor.

Este Vintage de 2005 é feito com uvas da Vinha da Pisca, Vale do Pinhão e do Ferrão, com as castas, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão e Tinta Roriz, todas elas com mais de 60 anos. Este lote de 2005 já o tenho vindo a provar nesta e naquela ocasião e sempre me deixou com muita vontade que passassem os tais dois anos obrigatórios para se poder ver o vinho engarrafado. Dois anos já passados então, o lote foi engarrafado agora em Julho de 2007, e com isso chega a altura da prova dos nove.

Óbviamente com 20%Vol e uma cor retinta, absolutamente preto com algum reflexo violáceo.
No nariz, extremamente jovem e com uma enorme austeridade, as primeiras notas que surgem são alguns toques químicos ( tinta da china), algumas sugestões minerais muito frescas e uma farta camada de fruto preto, lembrando amoras pretas. Com o tempo no copo, o aroma começa a dar cambalhotas, parecendo que começam a despontar aromas disto e daquilo. Chocalate negro, esteva, terra menta...tudo aqui está perfeitamente harmonioso e com uma frescura ímpar. Não é daqueles vintages novos que cativam à primeira pelas sugestões de compotas muito maduras, mas sim pela enorme frescura e austeridade.

Na boca, estupidamente potente, com grande volume e capacidade de preencher tudo, torna-se mastigável e extremamente viciante. Apesar dos taninos estarem bem presentes, dá muito prazer a provar, pois são finos, com acidez elevada, não muito doce e onde o vinho e a aguardente se mostram perfeitamente integrados. Fruta preta e especiarias dão-nos um longuíssimo final, ligeiramente seco, forrado a cetim, crescente e apelativo. Quando se pensa que beber Vintages novos é como andar de Ferrari, com motores V8 com centenas de cavalos, pneus largos e um barulho estonteante... Aqui com este Vintage, temos o mesmo motor, cheio de vitalidade mas num verdadeiro Bentley. Tudo é fino e elegante, sem nunca enervar ou assutar o provador. Um grande Vintage, feito por uma casa que cada vez mais se afirma nos Vintages ( embora sejam um dos mestres dos Colheita's). Gostei muito do 2003, mas aqui talvez as proporções estejam ainda mais equilibradas, onde a mesma potência existe, mas está mais afinada e sobretudo mais fresco.

Nota 19
Produção 32.000 garrafas

PS - O Copode3 publicou também este Vintage, decidimos publicar ao mesmo tempo, pois tivémos a possibilidade de o beber juntos, e quando os vinhos são deste nível, as memórias devem ser partilhadas.

sexta-feira, julho 13, 2007

Relato do Vinum Callipole 2007

Dia 7 de Julho, houve um Blog que teve a enorme coragem e determinação de organizar um evento no Alentejo. Ao que sei, penso ser o único evento dedicado ao enófilo que vai passar a existir naquela que é a maior região do país. Pois bem, esse blog foi o Copo de 3, e o homem que dá a cara ao projecto é o bem conhecido Alentejano de nome João Pedro Carvalho.


Gostei muito do local. Os Claustros do Convento dos Capuchos de Vila Viçosa são muito bonitos, e ao que soube é o único seminário a funcionar da arquidiocese de Évora. O Vinum Callipole 2007, na perspectiva do organizador foi considerado o ano ZERO, pois foi um pouco uma experiência e com vista a saber se valerá a pena continuar ou não. A meu ver, foi já o ano UM e de certeza que veio para ficar. Para o ano, talvez seja preciso rever a publicidade e tentar fazer numa hora mais fresca pois esteve imenso calor até as 19horas e foi impossível provar tintos, pois a vontade era de beber água fresca. Como elementos positivos tenho que registar sem dúvida os seguintes, ambiente acolhedor, o espírito do organizador, a presença de produtores de referência e o espaço disponível, não houve uma única cotovelada!

Por iniciativa minha e do João Pedro, acabámos por realizar uma prova de vinhos brancos. Foi uma tentativa de Volta ao Mundo. Provámos vinhos de Portugal, Espanha, França, Itália, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Áustria Foram convidados enófilos amigos, distribuidores e alguns enólogos para a prova. Levei cá do Norte, com a cooperação da UVA, Niepoort e da Companhia de Vinhos do Douro alguns vinhos para a prova. Estiveram também variadíssimos queijos e pão da Confraria do Pão.

Os claros vencedores do painel constituído por cerca de 20 vinhos foram:
Tiara 2006
Redoma Reserva 2006
Gaja Rossj 2003
Cape Mentelle 2004
Amantis Branco 2006
Conceito 2006

9 da noite, altura de sentar à mesa. Muitíssimo bem composta, com enchidos regionais, um cação de coentrada muito harmonioso, e carne do alguidar com 3 migas à altura. Houve clima para os produtores e enófilos darem a prova este e aquele vinho e tempo foi algo que houve, mau era, estávamos no Alentejo. Os vinhos foram muitos e bons. Não tive vergonha nenhuma de ir buscar uma champanheira enorme de inox e enchê-la de gelo para que se conseguisse beber tintos a 16 graus.
Das muitas amostras e novos vinhos que provámos à mesa marcaram-me os seguintes:
Alves de Sousa Reserva Pessoal branco 2003, Chateauneauf duPape Domaine du Pegau2004 Cuvée Reservée, Batuta 2003 ( Double Magnum 3 litros), Quinta da GaivosaVinha de Lordelo 2005, Odisseia Reserva 2005, Syrah 2005 da Herdade das Servas. Para as sobremesas, sericaia e enxarcada, regadas com dois vinhos Niepoort, um fantástico Vintage 2005 e um Colheita 1991.

Por último, e estando num seminário, houve que agradecer ao Convento. Um leilão muito animado, pelo menos o sino fartou-se de tocar, onde se juntou alguma dinheiro para doar. Lembro-me de um lote valer uns 150 euros, e uma garrafa vazia de 3 litros ser vendida por 65 euros. Resta-me dizer que valeu bem a pena os 900 kilometros que fiz que para o ano lá estarei. Agradeço ao Alentejano pelo dia que nos proporcionou. Deixo também os agradecimentos à UVA, Niepoort, Tasca do Joel e CVD Vinhos do Douro pelos vinhos que forneceram.