terça-feira, dezembro 18, 2007

Luz e Sombra

Pedro Abrunhosa, aquando do lançamento do seu novo álbum, lançou dois vinhos em parceria com Dirk Niepoort. Luz é o nome do álbum, Luz é o nome do vinho branco, e como onde há luz também há Sombra, Sombra é o nome do tinto... No entanto, Luz e Sombra são marcas que não puderam ser registadas, portanto os dois vinhos ficaram com o nome original de Rótulo. De realçar os excelentes rótulos, inspirados na capa do álbum do cantor Portuense, mas em vez da pena, aparecem duas lâmpadas, e porque hoje em dia é preciso consciencializar o consumidor, a lampada não é incandescente, é uma lâmpada economizadora! Há quem pense em tudo...

Luz 2006
Sobre o Luz, foram seleccionadas algumas barricas dos lotes de 2006 que estavam destinadas ao Redoma e ao Redoma Reserva. Ambos os vinhos, são feitos exactamente da mesma forma, embora Luís Seabra e Dirk já saibam quais são as vinhas que têm potencial para Redoma Reserva... As que estavam na dúvida, parece que foram para o Luz. É portanto um vinho com tiques de Redoma Reserva e com alma de Redoma.
No nariz nota-se um corte aromático de boa classe, com notas de fruto branco, flores e bolacha. Com a madeira a dar algum suporte, com uma tosta presente. O perfil é fresco e com fundo mineral, não muito exuberante, mas sério e elegante. A madeira está um pouco presente, mas não perturba.
Na boca, tem uma entrada bem genuína, com bom corpo e untuoso. Bastante mais equilibrado o binómio vinho/madeira, com fruto maduro em boa dose, amendoado e alguns citrinos refrescantes. É um branco com bastante largura de boca, perfumado, harmonioso e cheio de classe. Fresco e profundo, impera o equlíbrio. O final de boca, mineral e citrino, com alguma mineralidade, é longo e persistente. Está pronto para ser bebido, no meu entender com mais garra que o Redoma 2006 branco, e mais prontinho que o Redoma Reserva 2006, que quando o provei ainda estava a precisar de se compôr.
Nota 17

Sombra 2005
O Sombra foi feito um pouco ao estilo do ícone Charme. Esse facto nota-se logo na cor, pouco concentrado, brilhante e que rapidamente nos faz apontar atenções para um vinho mais delicado.
No nariz, a subtileza dos aromas acorda-nos logo, nada de bombas de fruta, de exuberâncias extremas... Antes fruto vermelho delicado, notas de café, erva seca, chocolate e um ligeiro aroma a couro. Bem delineado pela madeira, ao estilo Charme. Envolvente e complexo, dá de vez em quando umas lufadas de frescura, com mineralidade e ligeiro vegetal.
Na boca, suave e requintado, com toque da barrica de grande nível, fruto discreto, a frescura está presente com uma boa acidez. Corpo ligeiro com taninos sedosos. Nota-se que lhe falta a classe das vinhas velhas do Charme, pois a profundidade apesar de ser grande, não é assombrosa. Final complexo e delicado, apoiado em boas notas tostadas e especiarias.
Um vinho a mostrar que o Douro não caminha todo na mesma direcção.
Nota 17,5

Em suma, o álbum do Pedro Abrunhosa foi brindado com dois belos vinhos, embora eu tenha uma ligeira preferência no Sombra.

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