segunda-feira, maio 07, 2007

2ª Prova Cega - Touriga Nacional 2003 e 2004

Como prometido, voltei a repetir o estilo de prova cega. Desta vez optei por vinhos iguais, mas de anos diferentes. Em prova esteve então o Quinta das Marias Reserva Touriga Nacional 2003 e 2004. Para evitar alguma precoce descoberta, muito embora eu não seja perito em avaliar a tonalidade dos vinhos, não comparei os vinhos na coloração.
A Quinta das Marias foi adquirida em 1991 por Peter Viktor Eckert, de origem helvética. Em Oliveira do Conde, perto de Carregal do Sal, a Quinta das Marias conta com oito hectares de vinha, situada entre as margens dos rios Dão e Mondego, no meio de colinas granito.
Os vinhos têm ambos 100% de Touriga Nacional, com estágio em Carvalho Francês (Allier) e Americano durante 12 meses, sendo que um terço das barricas são novas e o resto de segundo ano.

Quinta das Marias Reserva Touriga Nacional 2003
13,5%Vol.
Nariz bastante fechado, mas austero e com classe. Vai soltando por vezes um outro aroma, sempre apoiado numa elegância balsâmica, com perfil mineral. Aromas esses que lembram fruto preto, chocolate preto, esteva e alguma erva seca, com a madeira perfeitamente integrada e de bom nível, com baunilha e tabaco.

Na boca, o perfil elegante continua cá, com uma grande harmonia de conjunto, embora encorpado e com taninos bem presentes, a frescura e a mineralidade trazem classe e complexidade, pleno de notas especiadas e de chocolate negro, sem grandes doçuras. Acidez alta, com uma estrutura bem alicercada e ainda em fase de construção, pois os taninos estão cá e a arredondar. Final longo, elegante, ligeiramente seco, especiado e abaunilhado.
Uns tempos mais em cave não lhe farão nada mal, ainda que já esteja muito afinado, mas com já quatro anos e ainda com taninos desta nobreza, temos aqui um belo vinho.
Nota 16,5
Preço 13 euros
Produção 2300 garrafas

Quinta das Marias Reserva Touriga Nacional 2004
13,5%Vol.
No nariz o perfil austero e sóbrio impera, muito fino, barrica de grande qualidade a soltar um aroma envolvente e elegante. Ligeiro toque químico, fruto preto, amoras, menta, violeta, chocolate negro, fumo e grafite enchem o nariz com uma boa complexidade. Muito equilibrado e com a madeira perfeitamente integrada no vinho, embora mais presente que o 2003, mas também o aroma é mais exuberante.

Na boca, o estilo poderoso e concentrado, estruturado mas uma vez mais bem suportado por uma boa acidez, num perfil sedoso e suave, com os taninos finos sem marcar a prova. A fruta parece estar ainda em segundo plano, com a tosta da barrica a envolver todo o palato, num toque fumado e mineral. Final longo, mais comprido e complexo que o 2003, com erva seca e baunilha. Um verdadeiro relógio suíço feito por um suíço.
Curiosamente está mais pronto para beber que o 2003, pois os taninos são mais sedosos aqui, nota-se claramente uma evolução de uma colheita para a outra, onde a exuberância e a finesse aumentaram.
Nota 17,5
Preço 15 euros
Produção 1340 garrafas

Ambos os vinhos têm quantidades reduzidas, embora o preço não fuga muito à qualidade, aliás, estão aqui dois belos vinhos, numa excelente relação qualidade-preço, capazes de ombrear com muitos outros, e que podem proporcionar grandes momentos de prazer, principalmente para quem aprecia vinhos elegantes e finos.

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