segunda-feira, dezembro 04, 2006

Muxagat 2003

Este vinho, oriundo de terras bem lá no Alto Douro, onde o Côa encontra o Douro, é feito pelo neto do grande senhor Fernando Nicolau de Almeida, o pai do Barca Velha.

Mateus Nicolau de Almeida fez então este Muxagat tinto 2003 com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta roriz e Tinta Cão, em lagares de pedra e com um estágio em Carvalho Francês, novo e usado.

Com 13%vol. mostra uma boa cor de média concentração.

Elegante no nariz, com ligeiro químico e alguma menta, com um perfil muito floral, lembrando violetas, muita fruta vermelha de boa qualidade, cerejas, amoras, alguma compota, sempre com as notas de barrica muito bem integradas no vinho, com ligeiros frutos secos e algum chocolate preto e um tom abaunilhado que perfuma o conjunto.
Mostra ainda com um fundo fresco muito interessante que lhe traz um estilo muito próprio e longe dos sobremaduros "Douros" de 2003. Com 13% naquele ano deve ter sido dos poucos casos.

Na boca é isso mesmo que se encontra, frescura, estilo clássico, taninos afinados, de bom corpo, equilibrado, com a ligação madeira/fruta muito bem conseguida, com cerejas, fundo balsâmico e com boa acidez, permitindo um bom final com notas de baunilha.

Está aqui um vinho diferente do actual Novo Douro, longe de excessos de maturação, com pouca graduação, num estilo próprio, sóbrio e acima de tudo equilibrado. Não fala demais, mas também não diz asneiras.

Nota 16,5
Preço 12 euros

6 comentários:

  1. É curioso que se diga que um vinho com 13% de álcool tem pouca graduação. Há 10 anos eram raros os vinhos com 13 graus, e esses eram muito alcoólicos, que só existiam praticamente no Alentejo. Agora entrou-se num exagero tal que já "parece" que 13 graus é pouco...

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  2. Já agora, uma informação adicional: Muxagat deve-se ao nome da localidade, perto de Foz Côa, chamada Muxagata, que é onde fica o gabinete de onde partem as visitas ao parque arqueológico do Côa. E também é ali o ponto de encontro para as visitas à fantástica Quinta da Ervamiora, da Ramos Pinto, situada bem na zona do parque e berço do Duas Quintas ou dum Porto 10 anos.

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  3. É bem verdade Kronikietas...

    Hoje em dia o normal em Portugal parece já ser os 14/14,5%... mesmo até nos brancos já se encontram autenticas bombas alcoólicas.

    Para mim quanto menos melhor, pois podemos disfrutar de mais vinho e não ficamos tão "tocados", mas no meu entender também, o que é preciso é que o vinho seja equilibrado e se só com 15% se consiga, então assim seja, bebe-se menos.

    Há é que beber do bom!

    Qualquer dia os Rieslings de Mosela são considerados bebidas sem álcool! Ainda os metem à venda ao lado da Cheers.Hehehe.

    Um abraço Kroniketas

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  4. Já o director da Revista de vinhos o tinha referido: com as graduações actuais, está-se a prejudicar o próprio consumo do vinho, pois com 14/15 graus bebe-se forçosamente menos do que com 12, porque ficamos alcoolizados mais depressa. Assim há que reduzir o consumo...

    Um abraço

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  5. Devo dizer que não concordo de todo com o comentário feito relativo ao teor alcoólico. O facto de o vinho ter mais álcool leva a um consumo mais responsável e não num consumo que estava a degenerar para o "não intressa se é bom, intressa é que seja muito". Por mais apelativo que isto seja do ponto de vista de quem vende e faz vinho creio ser muito mais interessante vinhos com maior teor alcoólico, isto sem falar no factor "moda". É verdade, está na moda fazer vinhos com teores alcoólicos mais elevados. Relativamente ao Muxagat devo dizer provei e não impressionou, provei de novo e continuou sem impressionar. Devo manifestar o meu desacordo com a nota dada.

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  6. Estive ontem na Essência do Vinho, e entre outros vinhos, provei o Muxagat Tinto. Tinha alguma curiosidade em fazê-lo, já que tinha lido algumas críticas bastante agradáveis sobre o vinho em causa. Devo dizer que como mero apreciador, em especial de vinhos do Douro, me pareceu um vinho muito correcto, com um final muito elegante, apesar do teor alcoólico de que falam. Tem a complexidade dos vinhos desta região, e dentro da minha experiência, parece-me efectivamente um bom vinho, daqueles que vale a pena beber, e para além disso também me parece que o enólogo, com toda a história do nome que tem, e a experiância que daí pode retirar, é sem dúvida uma excelente aposta no presente e especialmente no futuro.

    Mendes

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