O Vinho da Casa, aproveitou uma jornada de Liga dos Campeões, onde quase toda a gente se fixou nas televisões, e onde 50.000 Portistas se deslocaram até ao Dragão para ver o Porto-Arsenal, para ir até à Rua de Sousa Aroso, jantar no Degusto.
É um espaço com um design especial, muito moderno, com mesas bem simples, sem os guardanapos a fazerem de couve-repolho por cima do prato, tudo prático e arejado, mas em que o cuidado de apresentação é irrepreensível, pois reparei por exemplo que para "pôr" a mesa , os empregados de mesa sentam-se na mesma para colocar a toalha perfeitamente simétrica e ficam a fazer contas trignométricas para colocar tudo no sítio.
Antes de iniciar a refeição, entre duas palavras com o simpático José Espírito Santo, tomei como aperitivo um Grandjó Late Harvest 2002, muito aromático, nariz doce e melado, com notas de laranja cristalizado, pêssego, figos, na boca com uma boa acidez, com frutos secos a trazer um lado diferente e um final doce.
Já à mesa, como couvert, uma manteiga aromatizada, azeite para molhar um pouco de pão e umas azeitonas pretas aromatizadas com alho habituaram o estômago para o início de uma refeição incrível.
Como saberão, actualmente o Chefe é o Vitor Claro, que tem para nos oferecer um menú de degustação simplesmente tentador, com um custo de 45 euros. Apesar de quase me ter persuadido, acabei por pedir à carta, pois também já tinha tido oportunidade de experimentar algumas das brincadeiras do Chefe em Outubro.
Como entrada veio então para a mesa um Carpaccio de Mexilhão, fresquíssimo, com o mexilhão bem escondido com o tomate triturado por baixo duma salada de vários verdes, bastante hidratados. Por cima umas raspas de queijo davam-lhe um toque divinal.
Veio também de entrada um dos pratos que me deixou completamente derretido.
Coscorões de alheira com vinagre balsâmico. Este prato é só, genial, por duas razões:
1º O doce dos coscorões liga mesmo bem com as especiarias/vinagre da alheira.
2º O crocante dos coscorões e a gordura da alheira faz uma ligação incrivel.
Já de prato principal, a minha opção foi Polvo com gnocchi , presunto e pimento de padron.
Há muito tempo que não comia um polvo tão tenro e tão bem confeccionado, com o amargo do pimento a ligar muito bem com o sabor do molusco. Aqui um pequeno reparo, se é que tenho direito ao mesmo. Os Gnocchi estavam ligeiramente secos, e com uma consistência demasiadamente grossa, um pouco ao estilo "plasticina" que acabava por cansar um pouco o prato. Talvez tivessem farinha ou fermento a mais, pois ao que soube pelo próprio chefe, ainda está em fase de experimentação e os Gnocchi são feitos na hora.
A Joana, optou pelo Lombo de bacalhau cozido em caldo verde, que apesar de "tradicional", pelo que me transmitiu, estava excelente e capaz de mandar abaixo muitos bacalhaus nas mesas de Natal. Ou esteve muito tempo em leite (piada ;) ) , ou cada lombo daqueles deve custar uma pipa de massa, pois a suavidade das lascas que se delicadamente iam caindo do lombo era inigualável.
Porque este é um blog de crítica de vinhos, falo-vos agora do vinho que acompanhou a refeição, por sugestão do José Espírito Santo.
Foi um vinho branco da Alsácia, o PAUL BLANCK SOMMERBERG Grand Cru Riesling de 2001. Que grande sugestão, mal o vinho foi servido no copo, toda a mesa ficou perfumada, um nariz incrível, super delicado. A 10ºC mostra-se muito mineral, com notas florais, algum vegetal seco, madeira muito bem integrada com ligeiro fumado e alguns frutos secos. Mas que um pouco mais quente, a 14ºC, e pelo lado positivo, rapidamente se aproximava perigosamente duma Colheita Tardia ou qualquer coisa do género. Começava a ganhar aromas a mel, a casca de laranja. Muito bom. Achei um vinho multifacetado e charmoso acima de tudo. Tanto se bebe no estilo mineral, como na variante mais "pesada".
Serviço de vinhos de primeiro nível, nunca tinha visto o vinho ser tão bem tratado em Portugal. Que felicidade que é poder disfrutar um vinho fora de casa em condições ideais e em Copos Riedel. Aqui não há que ter medo em pedir um vinho a um preço elevado, pois há condições para o apreciar.
Nas sobremesas, sugeri à minha namorada que experimentasse os Peixinhos da horta com tomate, pois eu já conhecia e que é mais uma daquelas ideias geniais que deixa qualquer pessoa estupefacta com a simplicidade do prato, mas que não lembra a ninguém confeccioná-lo.
Eu optei por um clássico mas com muito boa apresentação, um Queijo da Serra com compota de pevides acompanhado por um LBV de 2000 da Niepoort, que foi servido um pouco quente demais, a cerca de 19/20ºC.
Lá para o fim da noite, e já o Porto estava na próxima fase da Champions, chegou alguém ao restaurante em que eu disse, " eu conheço aquela cara de algum lado", pois... Era o Chefe Augusto Gemelli que vinha também jantar.
É um sítio a repetir sem dúvida, que merece todo o cêntimo ali gasto. Agora preciso é tornar a encher a carteira para lá voltar. Mas que vale a pena vale, prefiro jantar aqui de longe a longe, do que gastar 20 euros mal gastos num outro qualquer restaurante em que sou obrigado a beber cerveja ou então vinho em condições deploráveis por vezes.
Foi uma grande noite, e uma das melhores refeições a que já tive direito.
Adorei mesmo. A companhia também era boa, a música de fundo ideal, e todo o serviço brilhante.
Os meus parabéns por este excelente espaço.
Nota 21 :)
É um espaço com um design especial, muito moderno, com mesas bem simples, sem os guardanapos a fazerem de couve-repolho por cima do prato, tudo prático e arejado, mas em que o cuidado de apresentação é irrepreensível, pois reparei por exemplo que para "pôr" a mesa , os empregados de mesa sentam-se na mesma para colocar a toalha perfeitamente simétrica e ficam a fazer contas trignométricas para colocar tudo no sítio.
Antes de iniciar a refeição, entre duas palavras com o simpático José Espírito Santo, tomei como aperitivo um Grandjó Late Harvest 2002, muito aromático, nariz doce e melado, com notas de laranja cristalizado, pêssego, figos, na boca com uma boa acidez, com frutos secos a trazer um lado diferente e um final doce.
Já à mesa, como couvert, uma manteiga aromatizada, azeite para molhar um pouco de pão e umas azeitonas pretas aromatizadas com alho habituaram o estômago para o início de uma refeição incrível.
Como saberão, actualmente o Chefe é o Vitor Claro, que tem para nos oferecer um menú de degustação simplesmente tentador, com um custo de 45 euros. Apesar de quase me ter persuadido, acabei por pedir à carta, pois também já tinha tido oportunidade de experimentar algumas das brincadeiras do Chefe em Outubro.
Como entrada veio então para a mesa um Carpaccio de Mexilhão, fresquíssimo, com o mexilhão bem escondido com o tomate triturado por baixo duma salada de vários verdes, bastante hidratados. Por cima umas raspas de queijo davam-lhe um toque divinal.
Veio também de entrada um dos pratos que me deixou completamente derretido.
Coscorões de alheira com vinagre balsâmico. Este prato é só, genial, por duas razões:
1º O doce dos coscorões liga mesmo bem com as especiarias/vinagre da alheira.
2º O crocante dos coscorões e a gordura da alheira faz uma ligação incrivel.
Já de prato principal, a minha opção foi Polvo com gnocchi , presunto e pimento de padron.
Há muito tempo que não comia um polvo tão tenro e tão bem confeccionado, com o amargo do pimento a ligar muito bem com o sabor do molusco. Aqui um pequeno reparo, se é que tenho direito ao mesmo. Os Gnocchi estavam ligeiramente secos, e com uma consistência demasiadamente grossa, um pouco ao estilo "plasticina" que acabava por cansar um pouco o prato. Talvez tivessem farinha ou fermento a mais, pois ao que soube pelo próprio chefe, ainda está em fase de experimentação e os Gnocchi são feitos na hora.
A Joana, optou pelo Lombo de bacalhau cozido em caldo verde, que apesar de "tradicional", pelo que me transmitiu, estava excelente e capaz de mandar abaixo muitos bacalhaus nas mesas de Natal. Ou esteve muito tempo em leite (piada ;) ) , ou cada lombo daqueles deve custar uma pipa de massa, pois a suavidade das lascas que se delicadamente iam caindo do lombo era inigualável.
Porque este é um blog de crítica de vinhos, falo-vos agora do vinho que acompanhou a refeição, por sugestão do José Espírito Santo.
Foi um vinho branco da Alsácia, o PAUL BLANCK SOMMERBERG Grand Cru Riesling de 2001. Que grande sugestão, mal o vinho foi servido no copo, toda a mesa ficou perfumada, um nariz incrível, super delicado. A 10ºC mostra-se muito mineral, com notas florais, algum vegetal seco, madeira muito bem integrada com ligeiro fumado e alguns frutos secos. Mas que um pouco mais quente, a 14ºC, e pelo lado positivo, rapidamente se aproximava perigosamente duma Colheita Tardia ou qualquer coisa do género. Começava a ganhar aromas a mel, a casca de laranja. Muito bom. Achei um vinho multifacetado e charmoso acima de tudo. Tanto se bebe no estilo mineral, como na variante mais "pesada".
Serviço de vinhos de primeiro nível, nunca tinha visto o vinho ser tão bem tratado em Portugal. Que felicidade que é poder disfrutar um vinho fora de casa em condições ideais e em Copos Riedel. Aqui não há que ter medo em pedir um vinho a um preço elevado, pois há condições para o apreciar.
Nas sobremesas, sugeri à minha namorada que experimentasse os Peixinhos da horta com tomate, pois eu já conhecia e que é mais uma daquelas ideias geniais que deixa qualquer pessoa estupefacta com a simplicidade do prato, mas que não lembra a ninguém confeccioná-lo.
Eu optei por um clássico mas com muito boa apresentação, um Queijo da Serra com compota de pevides acompanhado por um LBV de 2000 da Niepoort, que foi servido um pouco quente demais, a cerca de 19/20ºC.
Lá para o fim da noite, e já o Porto estava na próxima fase da Champions, chegou alguém ao restaurante em que eu disse, " eu conheço aquela cara de algum lado", pois... Era o Chefe Augusto Gemelli que vinha também jantar.
É um sítio a repetir sem dúvida, que merece todo o cêntimo ali gasto. Agora preciso é tornar a encher a carteira para lá voltar. Mas que vale a pena vale, prefiro jantar aqui de longe a longe, do que gastar 20 euros mal gastos num outro qualquer restaurante em que sou obrigado a beber cerveja ou então vinho em condições deploráveis por vezes.
Foi uma grande noite, e uma das melhores refeições a que já tive direito.
Adorei mesmo. A companhia também era boa, a música de fundo ideal, e todo o serviço brilhante.
Os meus parabéns por este excelente espaço.
Nota 21 :)
Paulo,
ResponderEliminarFui ao Degusto pouco depois de abrir... e, apesar da monumental garrafeira, não fiquei muito satisfeito.
Faz uns meses que penso em lá voltar (já tentei e estava fechado). Como falaste bem dele, vou lá voltar no final de Dezembro.
Abraços,
N.
O Chefe agora é outro.
ResponderEliminarPenso que o Vitor Claro é um dos grandes chefes portugueses, pelo menos é o que leio por ai e por ali.
E esta nova versão do Degusto abriu só em Outubro, ao que sei a decoração está também diferente.
O menú de degustação é impressionante e vale a pena. Ah e a garrafeira continua monumental como tu disseste!
Tem 40 vinhos a copo.
Quando cá vieres avisa, abraço
para que se saiba mais um pouco:
ResponderEliminarO Vitor Claro era propietário do Pica no Chão no Bairro alto e foi chefe do Xtoril.
Depois de se ter formado nas escolas de hotelaria do Estoril e da Pontinha, Vítor Claro estagiou e trabalhou em restaurantes como o três estrelas Michelin Racó de Can Fabes, do chefe catalão Santi Santamaria, no Savoy de Londres, no algarvio Villa Joya ou na Fortaleza do Guincho.
Convenci-te a vir cá?
Eu na minha ignorancia de nao-critico gastronomico, gostaria de saber que experiencia tem o meu caro com gnocchi para decidir da menor qualidade dos que tragou. Gnocchi feitos na hora? Entao para que serve o fermento? Se bem que eu nao conheco nenhum italiano que use fermento no fabrico de gnocchi (suponho que os que tragou foram de batata, isto aplica-se a todos os que conheco.)
ResponderEliminarAssinado,
Gnocco :)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEu de crítico gastronómico não tenho nada!
ResponderEliminarOs Gnocchi eram de batata, e eu não disse que eram de menor qualidade, apenas disse:
" Os Gnocchi estavam ligeiramente secos, e com uma consistência demasiadamente grossa, um pouco ao estilo "plasticina" que acabava por cansar um pouco o prato."
Quanto ao fermento, foi o próprio Chefe Vitor Claro que me transmitiu.
Um abraço
Paulo Silva
Paulo,
ResponderEliminarA ser assim - novo chef - vai valer uma nova investida minha.
N.
Caro Paulo
ResponderEliminarNa realidade deve ter havido um mal entendido pois os gnocchi não têm fermento.
São de batata e farinha sim e são feitos aqui no restaurante.
Concordo que não são gnocchi perfeitos e em particular são muito grandes.Como diz o outro... o chef é que sabe!
Caro Paulo
ResponderEliminarDeve ter havido algum mal entendido pois os gnocchi não têm fermento e são de facto feitos aqui no restaurante.
Concordo que os gnochhi não são perfeitos e na minha opinião são muito grandes.Como diz o outro, ... o chef é que sabe!
Olá Paulo,
ResponderEliminarObrigado pelo esclarecimento, tinha ficado com uma ideia errada, peço desculpa por ter metido palavras na boca do Chef!
Um abraço.
Por vezes também adiro a essa estratégia de beber cerveja nos restaurantes duvidosos, ou quando não há concenso nas escolhas dos vinhos. Assim não se zangam as comadres, nem se descobrem as verdades...
ResponderEliminarAbráço.
Ola Paulo,
ResponderEliminarAinda bem que pudeste desfrutar de esse grande restaurante que é o Degusto. Também ja tive oportunidade de o visitar e apreciei mto, tanto o espaço como a comida. Na altura se não me falha a memoria bebi um vinho chileno de grande qualidade. É realmente dos melhores restaurantes do grande Porto 5*
Um grande abraço
João Gama