terça-feira, dezembro 04, 2007

Cortes de Cima

As Cortes de Cima, sempre apostaram em fazer vinhos monovarietais de qualidade. O ícone máximo será o mais que conhecido Incógnito, feito com 100% de Syrah. Dentro de um patamar bem mais acessível, 10/15 euros podemos encontrar bons exemplares de varietais deste produtor.
Provei o Aragonês 2003, o Trincadeira 2004 e o Syrah 2004.

Cortes de Cima Aragonês 2003
100% Aragonês e com estágio de 9 meses em Carvalho Americano (75%) e Francês (25%).
No nariz, com um impacto muito alegre, de perfil floral e bem maduro, mostra boas notas de flor de laranjeira, cereja, ameixa, alcatrão e um toque envernizado. Boas notas secundárias, com torrefação, leite creme e muita especiaria lembrando cravinho. Está bem fino no aroma, e denota classe.
Na boca, suave e amaciado na entrada, carregado de fruto maduro. De bom porte, mas até com alguma elegência no palato, não tão pesado como se esperava, graças a uma acidez até algo espigada. A madeira ainda está cá para dar prazer, com fumados e uma aragem torrada que volta a aquecer o vinho. Taninos já bem redondos e sem vértices. Final de boa intensidade, com fruto vermelho e especiado, mas com um ligeiro toque alcoólico. O estilo Cortes de Cima está cá e dá prazer. O vinho é que parece que não terá grande margem para evolução. Para mim, está no momento para ser bebido.
Nota 16
Produção 10.900 garrafas


Cortes de Cima Syrah 2004
Exclusivamente com Syrah, estagia 7 meses em barrica Americanas e Francesas.
No nariz, com um estilo bem austero e a precisar de atenção, mostra-se muito requintado com boas notas da madeira, chocolate preto, alcatrão e muito fruto preto. Com um aroma a fugir claramente para um Syrah bem maduro, extraído, complexo e com boa componente balsâmica. As especiarias voltam a marcar pontos, num tom envolvente e com classe. Um aroma distinto e digno de um grande vinho.
Na boca, guloso e extremamente atractivo, volta a mostrar boa dose de fruto, amoras e ameixa preta madura. Couro, chocolate preto e especiarias explodem no palato. Acidez equilibrada a trazer harmonia ao conjunto, sem deixar caír o vinho para doçuras extremas. Os taninos são finos e de grande nível, dão músculo ao vinho. Prazenteiro e apetitoso, bebe-se com muita alegria, sempre com a fruta e a especiarias lado a lado. Final surpreendente, longo e profundo, ligeiramente seco, com pimenta da Jamaica e notas tostadas a imperar. Um belo Syrah, expressivo e perfumado e com o álcool bem controlado apesar de ser elevado( 14,5%Vol.). Se este Syrah está assim, o que esperar do Incógnito desta colheita!
Nota 17
Produção 51.450 garrafas

Cortes de Cima Trincadeira 2004
Apenas com Trincadeira, estagia 9 meses em barricas de carvalho Francês.
No nariz, intenso e ainda algo fechado, solta muitas notas vegetais quentes, erva seca, casca de árvore. Com o tempo no copo, nota-se uma vez mais um perfil austero e com complexidade, a mostrar fruto vermelho maduro aos poucos. Tostados da madeira, fumo e ervas aromáticas embelezam o aroma, quase lembrando alecrim.
Na boca, não tão fechado como no nariz, mostra uma entrada sedosa, com taninos finos. Acidez média com uma boa dose do doçura no palato, cheio de chocolate, vegetal e fruto vermelho maduro, cerejas e framboesas. A suavidade no palato já vem sendo característico nesta casa, apesar da boa estrutura que sempre apresenta. Final longo e persistente as notas tostadas. Não há grandes pontas espigadas, apenas harmonia e classe, o que faz com que sejam vinhos com identidade, mas muito bebíveis e sempre capazes de dar prazer. Este é um vinho que ainda melhorará em garrafa, quer para o aroma se compor, quer para as notas vegetais acalmarem um pouco.
Nota 16,5
Produção 17.697 garrafas


3 varietais de bom nível, com o Aragonês a precisar de ser bebido, o Syrah no meio termo, pois já dá muito prazer e com o Trincadeira a pedir tempo! Muito bem!

3 comentários:

  1. Boa prova esta. Na realidade o que mais gosto é também o Syrah, mas o que mais me surpreendeu, por não estar à espera, foi mesmo o Trincadeira. Gosto dos vinhos deste produtor e acho-o um dos mais consistentes de todo o alentejo.

    Abraço,

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  2. Paulo, 1095 beijos de parabéns pelo teu blog. Mãe é mãe, mas com 3 anos de muito trabalho e elogios já tenho a liberdade de hoje sentir muito orgulho e "vaidade" de ti. Como estamos em democracia, que tu tanto prezas, partilhei com família e amigos este meu sentimento.
    Bem... todos nós cá em casa fomos pondo dia após dia umas gotinhas de tinto no teu coração, para ele hoje poder bater ao ritmo da inteligência,paixão e lealdade, aromas com os quais te tens erguido na vida.
    Agora fico à espera de sugestões sobre qual o vinho que nos irá perfurmar o nosso Natal.

    Beijinhos de nós.

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  3. Caro Paulo,
    Os vinhos de Cortes de Cima não enganam e são sempre uma excelente escolha.
    O meu 'click' com os vinhos deve-se em parte aos vinhos do João Portugal Ramos e aos vinhos de Cortes de Cima.
    Continuação de boas provas!
    Um abraço, Gus

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