quarta-feira, março 07, 2007

Redoma Reserva 2005

Muito haverá para dizer sobre este vinho... Mas pouco de novo haverá para contar.
Posso dizer que é o vinho branco mais pontuado do país... posso acrescentar que o João Paulo Martins o coloca ao nível dos melhores brancos do mundo... posso acrescentar que os consumidores andam sempre malucos para o comprar... posso acrescentar que tem um preço muito inferior aos grandes brancos mundiais...

Ora, para quem não anda distraído no mundo do vinho sabe que este vinho nasce de um sonho de Dirk Niepoort em fazer um grande branco borgonhês, com as castas tradicionais do Douro, aproveitando as vinhas de altitude. Todas as vinhas que dão uva para este sonho têm mais de 60 anos, e estão todas plantadas entre 400 e 800 metros de altitude.
Esta colheita de 2005 é a sétima desde que se produziu Redoma Reseva pela primeira vez em 1995.
As castas do lote são o Rabigato, Codega, Donzelinho, Viosinho e Arinto, que fermentam e estagiam em barricas novas e usadas de Carvalho Francês durante 8 meses.

Com 13%Vol o vinho tem uma brilhante cor amarelo-ouro.
No nariz impressiona-nos, com uma complexidade aromática ímpar, com pólen, fumo e as notas tostadas a ambientarem o aroma intenso de frutos citrinos e uns ligeiros toques de fruto exótico. Para complicar ainda mais este aroma cativante, o traço mineral envolve todo o copo. Tudo aqui está muito aprumado e arrumado, garantindo uma grande frescura, um limpidez aromática, e, não fosse palavra-chave nos vinhos Niepoort, elegância. A barrica bem integrada e de grande nível sente-se ao longo da prova, assim como algumas notas verdes, com hortelã-pimenta, jasmim e algumas folhas de chá.

Na boca, entra harmonioso e com carácter, acidez firme e crispante sem se sobressaír, com bom volume. Conseguindo perfumar toda a boca, nota-se uma vez mais a madeira integrada com o vinho, num tom fresco e amanteigado, mostra mais uma vez grande complexidade, permitindo um final mineral e especiado de luxo, longuíssimo e super equilibrado.

Este vinho é sem dúvida o corolário da expressão "Néctar dos Deuses".
Este é daqueles vinhos que deixa qualquer um de rastos.
Agora que estamos numa de enumerar as 7 maravilhas de tudo e mais alguma coisa, este é para mim umas das 7 maravilhas vinícolas.
Elegância e delicadeza invioláveis e um comprimento infinito.
Espectacular.

Nota 18,5
Preço 30 euros
Produção 10.000 garrafas


Parece que o sonho de Dirk está concretizado... Mas de certeza que não se fica por aqui, pois como disse Bernardo Soares no Livro do Desassossego:
"Viver não é necessário. Necessário é criar."

4 comentários:

  1. Belo post frexou!

    A referência nos brancos portugueses! Delicadeza, complexidade e sonho. Esperemos pelo 2006...
    Boas provas!

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  2. Ele já referiu ser um apaixonado pelos Borgonha, daí...

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  3. Sem dúvida O melhor vinho branco que algum dia provei.
    Com grande distância para o "segundo lugar", muitíssimo maior que aquelas diferenças pequenas entre 5 ou 10 tintos de topo que conheço.
    Simplesmente maravilhoso!

    http://omaquinista.blogspot.com

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