"O Poeira é um vinho feito a partir de vinhas muito velhas, com castas diferentes e uvas e qualidade variável. Assim, a primeira grande preocupação é a escolha das uvas cacho a cacho e mesmo bago a bago para que tudo vá para o lagar em óptimas condições.
Numa quinta com exposição a Norte, onde se consegue um amadurecimento das uvas muito mais lento, preservando melhor os aromas, os sabores e a acidez."
É isto que Jorge Moreira nos diz sobre o Poeira no seu site. E é este o "segredo" que fez com que o vinho desde a sua primeira edição apaixonasse tudo e todos, esgotando rapidamente e claro, com uma qualidade inolvidável.
Em 2004, um ano muito equilibrado no Douro, o Poeira 2004 vem com 14,5%Vol e com um estágio de cerca de 16 meses em barricas novas de Carvalho Francês. As castas são as tradicionais do Douro misturadas nas vinhas velhas com mais de 60 anos, e vinha nova com Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Barroca
No nariz, o vinho mostra-se misterioso, fechado, soltando apenas uns aromas florais e alguma frescura. Com a decantação prévia, começa a mostrar nos aromas uma digna elegância e de grande complexidade, com um mineralidade incrível, vegetação duriense, com aromas de rosmaninho, urze, violetas, frutos pretos de baga e alguns frutos vermelhos, toque químico, tudo envolvido numa barrica de grande nível e muito bem integrada, com alguma especiaria e cera de móvel.
Na boca tudo é harmonia, o vinho entra fresco com uma delicadeza subtil, afinadíssimo e aprumado. Todas as suas valências estão em cada sítio como que alinhadas. Impressionante a forma como o vinho se comporta, com taninos finíssimos e de grande classe, acidez elevada, frescura ímpar, profundidade espectacular. Apesar de ter uma grande estrutura e concentração, a sua excelente acidez e frescura trazem um vinho fino e elegante com notas de frutos vermelhos, grafite e muitas especiarias. O final é rico, complexo, longo e outra vez fresco.
Frescura e aprumo são duas palavras que assentam na perfeição. É também assombrante a forma como o vinho evolui no copo...algo estilo pilhas duracell ( e dura e dura e dura). Digno dos grandes vinhos, este vinho durou cerca de 4 horas no meu copo e a cada meia hora estava melhor, conseguindo com o tempo mostrar um nariz mais exuberante, com algum chocolate amargo, embora a frescura nunca se tenha perdido. Acreditem ou não mas guardei um pouco na garrafa e no dia a seguir estava dislumbrante ainda.
Grande vinho e que merece toda a atenção que possamos ter ao apreciá-lo. Não sou a Dona Maya, mas de certeza que este vinho daqui a uns anos será uma obra de arte. Para já ficamos à espera que ele perca a timidez e que ganhe ainda mais complexidade( mais ainda?).
Poeira é coisa que este vinho não tem.
Nota 18
Produção 49 barricas
Preço 25 euros
Numa quinta com exposição a Norte, onde se consegue um amadurecimento das uvas muito mais lento, preservando melhor os aromas, os sabores e a acidez."
É isto que Jorge Moreira nos diz sobre o Poeira no seu site. E é este o "segredo" que fez com que o vinho desde a sua primeira edição apaixonasse tudo e todos, esgotando rapidamente e claro, com uma qualidade inolvidável.
Em 2004, um ano muito equilibrado no Douro, o Poeira 2004 vem com 14,5%Vol e com um estágio de cerca de 16 meses em barricas novas de Carvalho Francês. As castas são as tradicionais do Douro misturadas nas vinhas velhas com mais de 60 anos, e vinha nova com Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Barroca
No nariz, o vinho mostra-se misterioso, fechado, soltando apenas uns aromas florais e alguma frescura. Com a decantação prévia, começa a mostrar nos aromas uma digna elegância e de grande complexidade, com um mineralidade incrível, vegetação duriense, com aromas de rosmaninho, urze, violetas, frutos pretos de baga e alguns frutos vermelhos, toque químico, tudo envolvido numa barrica de grande nível e muito bem integrada, com alguma especiaria e cera de móvel.
Na boca tudo é harmonia, o vinho entra fresco com uma delicadeza subtil, afinadíssimo e aprumado. Todas as suas valências estão em cada sítio como que alinhadas. Impressionante a forma como o vinho se comporta, com taninos finíssimos e de grande classe, acidez elevada, frescura ímpar, profundidade espectacular. Apesar de ter uma grande estrutura e concentração, a sua excelente acidez e frescura trazem um vinho fino e elegante com notas de frutos vermelhos, grafite e muitas especiarias. O final é rico, complexo, longo e outra vez fresco.
Frescura e aprumo são duas palavras que assentam na perfeição. É também assombrante a forma como o vinho evolui no copo...algo estilo pilhas duracell ( e dura e dura e dura). Digno dos grandes vinhos, este vinho durou cerca de 4 horas no meu copo e a cada meia hora estava melhor, conseguindo com o tempo mostrar um nariz mais exuberante, com algum chocolate amargo, embora a frescura nunca se tenha perdido. Acreditem ou não mas guardei um pouco na garrafa e no dia a seguir estava dislumbrante ainda.
Grande vinho e que merece toda a atenção que possamos ter ao apreciá-lo. Não sou a Dona Maya, mas de certeza que este vinho daqui a uns anos será uma obra de arte. Para já ficamos à espera que ele perca a timidez e que ganhe ainda mais complexidade( mais ainda?).
Poeira é coisa que este vinho não tem.
Nota 18
Produção 49 barricas
Preço 25 euros
Concordo plenamente este vinho é do melhor que se faz no nosso panorama vínico tendo apesar de tudo uma boa relação qualidade/preço, está no auge da sua curta existência .
ResponderEliminarFernando Santos-Lamego
Obrigado pelo seu comentário, mas não percebi a última parte:
ResponderEliminar"está no auge da sua curta existência ."
um abraço
Gostei muito deste vinho, surpreendeu.me de facto nunca o tinha provado, aliás este enólogo já me tinha surpreendido muito com o Sirga 2004 que provei em casa de um amigo meu.
ResponderEliminarPara mim, Jorge Moreira é o melhor enólogo português!
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